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Passos N.144, Dezembro 2012

CINEMA

Gonzaga de pai para filho: um reencontro

por Fabíola Martins Ramalho

O filme brasileiro Gonzaga de pai para filho, dirigido por Breno Silveira, retrata a história de Luís Gonzaga e a sua relação com o filho Gonzaguinha. Neste ano de comemoração do centenário do “Rei do baião”, o filme ultrapassa a mera biografia e conduz o espectador de forma envolvente, fascinante e emocionante.
O nosso conhecido Gonzagão teve uma infância pobre no sertão de Pernambuco e foi para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida e de sucesso. Na cidade maravilhosa, entre muitas lutas e sacrifícios, conseguiu iniciar a sua carreira musical que o tornou o Rei do baião.
No entanto, a conquista do reconhecimento nacional, a fama e ausência, por causa das longas turnês pelo Brasil, tornaram ainda mais latente ao longo do tempo as feridas existentes no relacionamento conflituoso entre ele e o seu filho Gonzaguinha. Com belas imagens do sertão, numa linha do tempo, o filme conta a trajetória de Gonzaga e Gonzaguinha a partir do diálogo dramático entre os dois.
Logo no começo da narrativa cinematográfica, Gonzaguinha se pergunta: “Quem é meu pai? Quem é Luís Gonzaga?”. Depois afirma: “Preciso descobrir quem ele é para descobrir quem eu sou”. É com essas perguntas que ele volta ao sertão pernambucano para encontrar o pai. Então durante uma longa conversa, na qual muitos trechos são registrados em um gravador, surgem as memórias, as experiências do passado e do presente, os sentimentos e mágoas, as explicações para os comportamentos e as atitudes tomadas em diversas circunstâncias da vida e, sobretudo, a busca pela descoberta de quem é o outro, o desejo de identificar-se com a sua história, de voltar às suas origens e reconciliar-se com ela.
Desse modo, essa conversa definitiva conduz os dois para um reencontro no qual se entende que a relação entre pai e filho vai além de um reconhecimento biológico. A verdadeira essência desse relacionamento é o reconhecimento do pai como companheiro de vida, como mestre que aponta onde se encontra a verdadeira dignidade da pessoa, apesar de todos os seus erros, e sem o qual não se pode entender o que é o respeito, o que é amar. E, portanto, não pode ser si mesmo com toda a liberdade. Mas, com o tempo que passou, o pai também reconhece as suas fragilidades e encontra no filho um recomeço para sua própria vida.
A partir desse reconhecimento nasce o perdão entre pai e filho e o começo de uma verdadeira amizade que levará os dois a cantarem juntos nos palcos do Brasil e a selarem definitivamente os laços que irão uni-los na vida e na arte.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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