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Passos N.149, Junho 2013

BRASIL - Jornada Mundial

Rumo à JMJ

por Isabella S. Alberto

De 23 a 28 de julho o Rio de Janeiro sediará a 27ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ) com o lema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19). Um momento missionário para toda a Igreja que está sendo esperado com muitas iniciativas

O Brasil será o primeiro país a receber a visita de Sua Santidade Papa Francisco. Estima-se que mais de um milhão de jovens se reunirão na última semana de julho para encontrá-lo e participar dos diversos gestos que envolvem a Jornada Mundial da Juventude.
Este evento nasceu com o Papa João Paulo II que, com sua vitalidade e entusiasmo, realizou grandes encontros com os jovens em Roma. O primeiro deles foi o Encontro Internacional da Juventude, por ocasião do Ano Santo da Redenção, que aconteceu na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 1984. Foi lá que o Papa entregou aos jovens a Cruz que se tornaria um dos principais símbolos da JMJ, conhecida como a Cruz da Jornada.
Sobre o encontro no Brasil, em outubro de 2012 o Papa Bento XVI escreveu aos jovens: “O ano de preparação para o encontro do Rio coincide com o Ano da Fé, no início do qual o Sínodo dos Bispos dedicou os seus trabalhos à ‘nova evangelização para a transmissão da fé cristã’. Por isso, me alegro que também vós, queridos jovens, sejais envolvidos neste impulso missionário de toda a Igreja: fazer conhecer Cristo é o dom mais precioso que podeis fazer aos outros”.
Impelidos pelo desejo de responder ao chamado do Papa, gratos pelo testemunho que ele é para a Igreja, os jovens de CL se organizam há meses para participar como peregrinos e voluntários deste grande gesto. Com a renúncia de Bento XVI veio a surpresa de Papa Francisco, e os grupos do Movimento têm se organizado com grande ardor para ir ao seu encontro. Muitas iniciativas têm sido feitas nas diversas comunidades buscando arrecadar dinheiro para a viagem e estadia. Grupos virão desde Macapá, Brasília, Salvador, Belo Horizonte, e muitas outras cidades. Contamos aqui apenas dois exemplos do que este encontro já está movendo no coração das pessoas, possibilitando desde já uma mudança e uma abertura.

“Tenho feito uma grande experiência junto com alguns alunos meus para tentar arrecadar dinheiro para a Jornada. Um dia acordei com uma ideia: ‘se a gente precisa de dinheiro, por que não pedir às pessoas? Mendigar literalmente e ir pedir na praça, na porta das igrejas’. Fui trabalhar pensando nessas coisas e chegando à escola encontrei dois dos quatro jovens que pretendem ir e comentei com eles: ‘pensei nessa maluquice’. E quando eu compartilhei isso, eles ficaram eufóricos: ‘claro, vamos fazer’. Propus também aos outros dois e nós começamos essa experiência de pedir, literalmente, na porta da Igreja da Piedade e de São Pedro. Nós fizemos isso durante nove dias, todas as terças e quintas-feiras, e foi uma experiência muito bonita. Primeiro porque pra mim a Jornada passou a ter valor naquele momento ali. Eu comecei a entender o significado da Jornada vendo como as pessoas se mobilizavam para doar livremente dinheiro para pessoas que elas não conheciam e que podiam até duvidar, pois fizemos uma caixinha improvisada escrito: ‘Desejamos participar, nos ajude’ e as pessoas iam lá e depositavam uma moeda. E nós fizemos muitos encontros. Na primeira vez que fomos os seguranças da Igreja disseram que não podíamos ficar ali, e nós conseguimos conquistá-los e depois no segundo dia eles diziam: ‘doem, são gente séria’. A certa altura começamos a contar as notas para saber quantas pessoas mais ou menos tinham doado, e muitas coisas bonitas aconteceram nestes nove dias. No final conseguimos mais do que imaginávamos e boa parte do dinheiro eram moedas de R$ 0,50 ou R$ 1,00 – literalmente esmola – e para mim foi uma provocação em muitos sentidos. Aquele gesto simples de pedir dinheiro na Piedade fez com que experimentássemos uma grande correspondência, porque tínhamos claro ali que era por algo grande. Isso me fez pensar que também na minha vida eu não quero coisas grandiosas, mas quero fatos pequenos que me mostrem claramente o rosto do Mistério. E que o encontro com todas aquelas pessoas pode ser uma contribuição para o mundo, uma oferta mesmo, um gesto missionário. Quando eu propus para os meninos que a gente começasse a batalhar para conseguir dinheiro para a Jornada eu falei para eles que talvez a gente não consiga arrecadar tudo o que é preciso para que eles participem, mas se no final deste período nós nos tornarmos mais amigos a experiência já vai ter valido. E, de fato, posso afirmar que essa experiência de amizade cresceu entre nós.”
Milena, Salvador (BA)

“Quando eu recebi o convite para participar da JMJ, eu fiquei feliz, empolgado e sorridente. Logo depois soube que a viagem seria elevada financeiramente, então fiquei triste, pois estava fora da minha realidade. Depois de vários incentivos da Milena para poder me mover, eu decidi participar. Eu me lembro, como se fosse hoje, a primeira vez que fomos pedir doação na porta das Igrejas: o dia estava perfeito, era uma terça-feira, do mês de março, partimos ali para o princípio da nossa Jornada. Eu andava com a caixinha nas mãos e logo recebemos a nossa primeira doação, de uma mulher que estava no ponto de ônibus. Eu me perguntava por que as pessoas dariam suas moedas para pessoas estranhas e bem vestidas numa praça movimentada. Foi aí que percebi que o amor que tanto cobramos ainda existe nesse mundo, e foi Deus que enviou outra mulher para fazer uma doação. Aquela mulher me questionou, pois quando pedi que ela doasse 10 ou 15 centavos, ela me chamou a atenção: ‘Por que pede tão pouco? Vou lhe dar R$ 20,00, serve?’ Eu sorri meio sem graça e respondi: ‘O quanto a senhora puder ajudar é bem aceito!’ Ela disse que eu parecia o filho dela. Antes de colocar o dinheiro na caixa, com as mãos fechadas ela fez uma oração, nos abençoando. Como o exemplo dessa doce mulher, existiram outros e outros momentos lindos. A cada doação eu ficava feliz e emocionado, não pela doação, mas sim pela felicidade visível em cada rosto encontrado. As pessoas davam com gosto, e isso era o que mais me impressionava. Aquela terça-feira foi o dia que mais me marcou, dentro todos os dias que arrecadei, pois é como se fosse o primeiro amor ou um amor à primeira vista, que a gente nunca esquece!”
Eduardo Haiala, Salvador (BA)

“Aqui em São Paulo, o desafio de levantarmos dinheiro para todos irmos à Jornada fez ‘pipocar’ várias iniciativas bem criativas. Primeiro, fizemos panquecas para vendermos no final da missa. E foi impressionante ver aquelas oitenta panquecas , que levamos horas recheando (fora todo o tempo que nossa amiga levou durante duas semanas para fazer as massas), literalmente “sumirem”, serem adquiridas pelos paroquianos em três minutos ao final da missa. E isso se repetiu em mais dois domingos. Aí foi a vez do pão de queijo, com polvilho e queijo verdadeiramente mineiros, que outra amiga gentilmente adquiriu e trouxe de sua cidade, ser cuidadosamente manuseado por um grupo de fraternidade (num primeiro momento) e por alguns colegiais (numa segunda vez) e, novamente, adquirido rapidamente por ávidos compradores. Depois, alguns paroquianos do padre Vando doaram-nos trabalhos manuais, artesanatos e obras de arte, o que nos levou a fazer uma rifa – na verdade, foi a segunda rifa, pois, à época das panquecas, nós já estávamos vendendo rifa da arquidiocese de São Paulo, feita especialmente para ajudar na Jornada. A última grande ideia foi uma noite italiana, acontecida ao final de maio.
Para mim, o mais bonito disto tudo é, em primeiro lugar, mover-me para ajudar a todos nessa aventura de irmos para a JMJ. Nenhuma ideia foi minha; fui topando o que iam sugerindo. Além disso, vem-me a todo momento uma profunda gratidão por todos que gastaram tempo, dinheiro, habilidades, disponibilidade, que a princípio não teriam nada a ver com esse fato, mas que, justamente porque percebem que somos um só corpo, aceitam ajudar jovens que muitos deles nem conhecem direito. Uma outra coisa que me provocou muito foi perceber como outros amigos, de outros estados e realidades (como os amigos de Salvador e o padre Aurélio de Paulínia, com quem conversei sobre esse assunto) estão também se movendo para arrecadar dinheiro, mas numa radicalidade tal que me fez até sentir vergonha de minha pouca e fraca iniciativa. Tem um passo de fé aí que eu sinto a urgência em ver crescer na minha vida. Graças ao Senhor eu tenho esses amigos!”
Mônica, São Paulo (SP)

 
 

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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