Vai para os conteúdos

Passos N.151, Agosto 2013

SOCIEDADE / Coleta de Alimentos

Muito além dos quilos arrecadados

por Liziane Rodrigues

Encontro Nacional de preparação para a Coleta de Alimentos dá as razões pelas quais se repete o gesto no Brasil há oito anos. Coordenadores de todo o país encontram-se para preparar o evento a ser realizado em novembro em mais de quarenta cidades brasileiras

Contatar mercados, conseguir patrocinadores, convidar voluntários, divulgar a ação em rádios, jornais e televisão. A lista de preparativos para a Coleta de Alimentos é grande e envolve meses de planejamento, horas de reuniões, etc. Mas foi para muito mais que isso que responsáveis pelo gesto nas diferentes cidades do Brasil se reuniram em São Paulo. O primeiro Encontro Nacional da Coleta Alimentos (Enca) partiu de um ponto anterior aos preparativos: por que me envolvo, por que desejo fazer a Coleta de Alimentos e ainda convidar minha família e meus amigos?
Os relatos dos coordenadores dos Estados, logo no começo, permitiram algumas reflexões importantes: o convite para participar da Coleta é pessoal. “Alguém me convidou. Tem a companhia, mas ela não substitui o próprio empenho. O sim é pessoal”, reforçou o responsável nacional, Francesco Tremolada.
Outro ponto destacado foi a unidade do gesto em todo o país, expressa na forma de fazer. “A estrutura pedida, por mais simples que seja, é o eixo para a unidade. Se faço a coleta em São Paulo, no Rio, em Londrina, Manaus é a mesma coisa”, observou Francesco. E há ainda outra característica própria da Coleta de Alimentos: o testemunho público, que exige de quem o faz dar a si mesmo as razões pelas quais faz.
É um sacrifício, porque é trabalho extra, mas que gera uma ocasião educativa especialmente para os jovens que raramente encontram uma ocasião como essa de experimentar a gratuidade. “A Coleta me obriga a sair de mim. Quem nos encontra percebe algo diferente: carregamos mais do que nós mesmos. Tem a mesa, a toalha, o símbolo da formiguinha e alguns enxergam mais do que isso: testemunhamos o nosso pertencer e tudo ali remete a um significado. A Coleta é sinal”, destacou um dos coordenadores da Coleta, José Eduardo Sant’Anna.
Qual a diferença entre a Coleta de Alimentos e outras ações de arrecadação? Diminuímos ou crescemos como pessoas ao nos envolver? Entre as respostas a essas perguntas está justamente a consciência do significado, que não é somente arrecadar alimentos. “Se a Coleta nasce pelo êxito, nos dá ânsia – porque isso não depende de nós – e massacra o outro. É diferente se nasce do significado. A Coleta que nasce do significado é criativa, me deixa livre. Pode até arrecadar pouco, mas encontro as pessoas. Quem olha para o significado procura os amigos, não faz sozinho. Aprende com alguém e, quando faz, lembra daquela pessoa ao mesmo tempo em que acrescenta algo de seu”, reforçou Francesco.
Ter claro que a Coleta de Alimentos é um gesto de caridade, primeiramente consigo, porque o homem se realiza quando se doa, e que é preciso doar algo mais do que os quilos de alimentos que somem depois de consumidos, também faz o gesto ser diferente. “A maior caridade é comunicar aquilo que encontramos. Isso está expresso na unidade da forma como se faz em qualquer local. Se abordo sem o panfleto [instrumento com breve explicação sobre a Coleta, lista dos alimentos pedidos e o slogan Compartilhar as necessidades para compartilhar o sentido da vida], por exemplo, proponho só parte do gesto, só o que entendi que é válido. Quando entrego o panfleto, a pessoa que recebe se dá conta que ali tem algo a mais além de mim”, acrescentou o coordenador nacional.
Este encontro nacional de preparação ocorreu no começo de maio, em Vargem Grande Paulista (SP), e deve se repetir anualmente. A proposta é contribuir para que o convite a voluntários, assim como toda a ação referente ao gesto, incluindo o sim para participar, tenha sempre como ponto de partida a resposta pessoal à pergunta sobre por que se envolver. Como ajuda, a sugestão é que cada interessado, em particular, e os coordenadores, se proponham ler e entender juntos as chamadas “Dez linhas”, um trecho que resume o sentido do gesto.


As Dez linhas de 2013

“A crise atual não é apenas econômica, não é uma crise cultural. É uma crise do homem: o que está em crise é o homem” (Papa Francisco)

E nós, como podemos enfrentar esta crise? Como podemos dar um passo para uma mudança? Convidamos você para um gesto simples e concreto, onde compartilhar o tempo e fazer uma doação de um alimento para quem mais precisa nos faz reconhecer que a caridade corresponde ao nosso desejo de justiça, de bem e de verdade. Um gesto no qual aprendemos que dentro da realidade é possível ter um olhar de esperança.
Venha fazer a Coleta conosco!”





Participe

A Coleta de Alimentos de 2013 está marcada para dia 9 de novembro em aproximadamente 50 cidades. A ação ocorre desde 2006 no Brasil. É aberta à participação de qualquer pessoa, de forma voluntária. A ação ocorre uma vez por ano, normalmente em novembro, quando os voluntários se concentram em supermercados previamente contatados. As pessoas que chegam para as compras são convidadas a doar algum dos itens que constam na lista. As que desejam, entregam a doação ao saírem do mercado. Os alimentos são separados por tipo, em caixas que são pesadas e entregues a um banco de alimentos local.

Mais informações em www.cdo.org.br/coletadealimentos, onde você localiza as cidades participantes e os contatos dos respectivos responsáveis.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

Volta ao início da página