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Passos N.152, Outubro 2013

VIDA DE CL / Paraíba

"Nenhum dom de graça vos falta"

por Isabella Alberto

Campina Grande está se tornando cada vez mais conhecida como a cidade nordestina do “Maior São João do mundo”. Trata-se da festa tradicional de comemoração dos Santos Juninos: Santo Antônio, São Pedro e São João, nos respectivos dias 13, 24 e 29 de junho. Neste período do ano a cidade se enche de turistas e há um clima de festa pelas ruas. Os centros comerciais, supermercados e negócios em geral, fazem a decoração junina com as bandeirinhas coloridas e balões. Por onde se passa é possível ouvir a sanfona tocando e o burburinho do povo. Também as casas e ruas, grandes e pequenas, em todos os bairros, colocam ali seu enfeite como modo de participar da festa. Famílias e amigos se reúnem ao redor da fogueira, preparam comidas típicas e bebida quente, conversam, cantam, soltam fogos.
No meio desta agitação junina, alguns amigos de Comunhão e Libertação se organizaram para participar da exposição sobre os Santos Juninos que pela primeira vez ocupou um espaço no Parque do Povo, o centro de eventos erguido na cidade para receber a festa e, com entrada gratuita, recebe cerca de 2 milhões de visitantes.
Neste imenso Parque do Povo, com diversas atrações de shows, restaurantes, ilhas de dança, quadrilhas, jogos, etc, ao lado de uma imensa fogueira artificial encontra-se um coreto e uma praça no setor vila da mídia. Ali estão os stands das rádios. E também uma réplica da Catedral da cidade, dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Esta construção, que vem sendo realizada há mais de dez anos por uma parceria com o Projac da Rede Globo do Rio de Janeiro, ficava fechada. Nestes anos ela foi aberta algumas vezes apenas como uma pequena capela, como outras que se encontram nas pequenas “vilas” que formam o Parque. Mas para 2013, no interno da réplica foi montada uma exposição católica. “Esta ação faz parte da tentativa de um resgate das verdadeiras tradições culturais e religiosas da festa”, nos explica padre Raniery Alves dos Santos, responsável pelo projeto “Fé e Cultura no Maior São João do Mundo”. Esta foi uma iniciativa da Diocese de Campina Grande, juntamente com a prefeitura municipal, que permitiu que durante os trinta dias de festa fosse levada para o público uma novidade, nascida do desejo de promover um gesto público no Ano da Fé. Assim, com a ajuda de cerca de 20 grupos da Diocese, inclusive Comunhão e Libertação, foram realizadas diversas atividades. “As segundas-feiras foram reservadas para tocar os corações dos católicos e afins, com programações, músicas e momentos de oração Tivemos, inclusive, algumas apresentações de shows no palco principal do Parque do Povo. Foi a primeira vez dentro da programação, e o show de maior público deste ano foi o de uma segunda-feira com o padre Fabio de Melo. E não estavam presentes só católicos. Pudemos levar uma mensagem religiosa dentro de uma programação que era totalmente profana. Inclusive tendo mais público que a banda de Forró mais aguardada para este ano”, conta padre Raniery. “Foi uma experiência marcante que nos leva a desejar mais para o próximo ano. Tivemos apresentações de Teatro, com uma peça sobre Santo Antônio, e outra sobre os sertanejos, o sofrimento da seca”. Ao longo dos trinta dias, na praça diante da réplica da Catedral, relembrando uma cidade do interior, um coreto foi usado para apresentações de música, cordel, poesia, etc. Messias Firmino, o responsável da comunidade local de CL, está sempre envolvido nos encontros com a Diocese e logo se colocou à disposição para o trabalho: “O tema da fé e cultura está totalmente dentro do carisma de Dom Giussani e por isso fizemos questão de estar presentes e colaborar”.

À serviço da Igreja. O pequeno grupo do Movimento se organizou para responder ao que foi pedido, e nos turnos que tinham montaram uma mesinha com a revista Passos, buscando também aproveitar a ocasião para divulgar um pouco do carisma de CL para a multidão que ali passasse. O serviço era simples: ficar na entrada controlando a entrada da exposição e eventual orientação aos visitantes sobre a mostra composta de painéis com a explicação da experiência dos Santos, a devoção popular, e a palavra da Igreja sobre estes Santos. As filas foram tantas que nos últimos dias foi preciso estender o horário de abertura. Padre Raniery chamou a atenção para o trabalho de resgate da história da Catedral, com a cópia da pintura do antigo teto, que desapareceu na década de 1980 e muitos campineiros puderam conhecer apenas agora. “Campina Grande é uma cidade de raízes religiosas profundas, mas que foram se perdendo no tempo. Este Projeto busca retomar estas origens”, conta o padre. E dentro do Projeto destacou-se também a Cavalgada de São João, com a participação de grande quantidade de vaqueiros, relembrando a experiência de troca de mercadorias e comércio que deu origem à cidade. A saída foi em Lagoa Seca, com cavalgada, tendo até a participação do Bispo Dom Manoel Delson montado à cavalo. Foi na véspera de São João, domingo 23 de junho.
Para o trabalho na exposição todos vestiam a camiseta com o logo da Diocese e a chamada do Projeto. Messias e Edileuza, Marco e Erivânia, Joaquim, Lúcia, Sandra, Adriana... Nomes de um povo no qual cada um colaborou como podia. Seja doando algumas horas de tempo para a exposição, seja cuidando das crianças para que os pais pudessem se doar, seja dando uma carona, um telefonema, fazendo o convite a um amigo. E todos com um sorriso no rosto, alegres por pertencer a este povo que ajuda a ver, na vida, a pertinência da fé às exigências da vida. É por isso que Sandra e Lúcia se dedicam a acolher e cuidar dentro de casa de duas tias idosas. Com carinho e atenção impressionantes. Ou, Marcos, que começa a frequentar o Terço dos Homens e em pouco tempo surge a proposta de uma Escola de Comunidade com estes novos amigos.
É uma diversidade humana que é notada e que leva a ser presença onde se está. E nos fascina ao ver senhores de cabeça branca que começam a se fascinar com a experiência do Movimento, maravilhados pelos textos, curiosos. E é esta plenitude que faz brotar espontaneamente em Messias a expressão: “Campina Grande é muito bonita. Mas a melhor coisa que tem nesta cidade é CL”. E pensando em todas as iniciativas que esta pequena comunidade de CL faz – caritativa, venda da revista, Coleta de Alimentos, arrecadação do Fundo Comum – podemos entender o que afirmou São Paulo aos amigos da comunidade de Corinto: “Nenhum dom de graça vos falta”. Para seguir, e viver, basta a gratidão e o reconhecimento, como estes amigos nos testemunham.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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