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Passos N.157, Abril 2014

ACONTECE / CL NO MUNDO

UGANDA. Para não viver como prisioneiros da vida

por Paolo Perego

É a primeira vez que o jovem Ocaka está feliz por voltar para casa, em Kireka, uma favela de Kampala. Voltar para seu pai, alcoólatra. De quem, normalmente, só recebe insultos. “Sempre vivi assim: eu, o certo, e ele o errado. Porém, o problema é quem eu sou, o que eu desejo, mesmo diante dele. E quero aprender a olhá-lo a partir disso. E rever aquela correspondência que meu coração deseja e que faz com que eu fique com meus amigos”. É isso o que, aos 21 anos, membro do CLU da Uganda, ele leva dos três dias de Exercícios Espirituais que aconteceram de 7 a 9 de fevereiro, na capital.

Noventa e seis jovens, entre eles, amigos cotidianos de Ocaka e outros novos, vindos de Moçambique, Quênia, Ruanda, Etiópia e Nigéria, para escutar padre Ignacio Carbajosa, que viajou de Madri para pregar-lhes o Retiro que teve como tema “Como se faz para viver?”. Palestras, assembleias, almoços. E o testemunho de Aida, uma jovem espanhola, que contou sobre seu relacionamento com o namorado, de como a certo ponto se deram conta de que não poderiam bastar-se um ao outro, que o amor deles não realizava o desejo que tinham. E ele foi embora para não enfrentar aquela pergunta infinita que carregava. “O relacionamento com Jesus também é como uma história de amor”, diz Marvin, 17 anos, estudante da Luigi Giussani High School, de Kampala: “Nos leva a usar todo o coração, e se erramos, ele nos repreende”. E para evitá-lo, é necessário ir embora.

Três dias revolucionários, dizem os jovens. Arnold, Grace, Richard... Todos tocados pelas palavras de padre Ignacio, e pela maneira como as disse. “Antes, era como se eu não estivesse vivendo”, explica Janet, 19 anos, ugandense: “Como se eu tivesse esquecido daquilo que tinha encontrado e que me tinha tomado. E, no entanto, eu encontrei Cristo. E para entender quem ele é, como nos disse padre Ignacio, preciso descobrir quem sou eu, o que o meu coração deseja. É o método para viver”. Diz também que percebeu que precisa de uma companhia: “Sem alguém que me ajude a estar diante daquilo que desejo, sufoco. Vivo a vida aprisionada pela própria vida. A questão é olhar para alguém que ‘viveu’ mais do que eu. Isso é seguir. Não qualquer um. Sigo alguém que sabe quem eu sou”.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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