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Passos N.170, Junho 2015

DESTAQUE

Construir um Brasil neste Brasil

por Francisco Borba Ribeiro Neto

O Brasil vive neste momento a crise mais profunda e ampla do período pós-redemocratização. As manifestações contra o aumento das tarifas, em 2013, mostraram que havia uma crise social. O escândalo do “petrolão”, em 2014, mostrou a crise ética da vida pública. E o ajuste financeiro proposto pelo Governo, no início de 2015, evidenciou a crise econômica. Agora, as manifestações pró-impeachment e a difícil convivência entre Executivo e Legislativo apontam para o agravamento da crise política.

É verdade que as coisas podem não ser tão ruins quanto parecem à primeira vista. A crise demonstrou a força das instituições e da democracia brasileira. Apesar de sempre haver quem peça a volta do “Estado de exceção” e a intervenção militar, o País caminha dentro dos princípios da ordem democrática. O próprio fato dos casos de corrupção virem à tona revela o amadurecimento institucional e o aumento da transparência. São avanços que não são obras deste ou daquele Governo, deste ou daquele partido, mas resultados das lutas e dos esforços de todas as pessoas de boa vontade que, de um modo ou de outro, vem construindo o Brasil.

Apesar de tudo, sempre há os que procuram ignorar a crise, reduzindo- a a um momento ruim para a economia, causado por uma conjuntura externa desfavorável, ou a uma ilusão criada pela mídia a partir de alguns casos de corrupção que já estão sendo investigados. Acreditam que é melhor que tudo continue como está, talvez com pequenas correções aqui e ali. Trata-se de uma postura frequente entre políticos da situação e representantes do governo, mas não só deles. Outros acreditam em poder exorcizar a crise e superá-la encontrando culpados, pedindo castigos e mudanças radicais. Suas razões são justas em grande parte, mas seu extremismo parece ter pouca incidência real na situação. Entre a indignação e o protesto, se tornam reféns de poderes maiores, e seu ímpeto corre o risco de se perder na falta de alternativas e esperanças.

A maioria vive num momento de incerteza e desorientação. O que nós, que não somos nem políticos, nem poderosos, podemos fazer? Como e por que as coisas chegaram a este ponto? Corre-se o risco de viver num comodismo frustrado que não permite a construção do novo, a superação das adversidades, pois imobiliza numa luta individualista e cotidiana pela sobrevivência.

Mas há também aqueles que não se deixam abater pelas dificuldades, nem perdem a orientação diante dos obstáculos. Permanecem firmes, se dedicando – a partir de seus âmbitos de atuação – na luta pela construção de uma vida melhor para si, para os que amam e para todos os brasileiros. Não ignoram a crise, a importância de que os culpados assumam seus erros, a necessidade de que lideranças políticas entrem num acordo motivado pela construção do bem comum e não por interesses fisiológicos, mas não se deixam determinar por ela.

São pessoas assim que se reunirão no 4º Fórum Nacional da Companhia das Obras, que acontecerá no Rio de Janeiro, nos dias 20 e 21 de junho. Deste encontro, tomamos o tema que engloba os artigos que se seguem: “Construir o Brasil, neste Brasil”, pois esta é uma das grandes missões que a vida nos dá neste momento.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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