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Passos N.179, Abril 2016

EM FOCO

Somente a misericórdia é a verdadeira reação ao mal

por Julián Carrón

Somente a misericórdia é a verdadeira reação ao mal

Caro Diretor, uma vez mais, uma dor dilacerante bate à nossa porta, abalando tudo. Na Espanha, a fragilidade de um breve adormecimento acaba em tragédia. Na Bélgica, o vazio revela de novo a sua face violenta e implacável, a sua “cega violência”, como disse o Papa Francisco.

Como poderemos olhar para estes acontecimentos, como homens, sem sucumbir à desorientação ou à raiva? Apenas se não bloquearmos toda a urgência de um significado, de um porquê, que estes acontecimentos provocam em cada um de nós. Quanto mais lancinante é a dor, mais desmedida é a pergunta que sentimos em nós, ainda que só por um instante, antes de procurarmos uma escapatória na distração e no esquecimento por causa do sentimento de impotência que nos invade diante de uma pergunta como esta. Por detrás da fachada com que nós, homens sem laços, ostentamos segurança, impõe-se aos nossos olhos toda a profundidade da nossa necessidade, a necessidade de alguém que cuide das nossas feridas, que nos alivie da nossa aflição.

A liturgia da Semana Santa vem ajudar a nossa incapacidade de resolver o drama: “Olhai, Senhor, para a fragilidade da nossa natureza mortal e fortalecei a esperança dos vossos fiéis pelos méritos do vosso Filho Unigênito” (Oração das Laudes de Segunda-feira Santa na Liturgia das Horas segundo o Rito Romano). “É um choque para a vida, aquele com que Ele abala os nossos limites e a nossa fragilidade mortal: faz com que volte a ganhar vida através do sacrifício da dor e da Sua morte [do Teu Filho Unigênito]” (Dom Giussani). Assim, Cristo oferece-se como resposta à altura da pergunta desmedida de um porquê e, ao mesmo tempo, comunica-nos aquela energia sem a qual não podemos recompor-nos nem podemos enveredar pelo único caminho que derrota a violência. A mesma misericórdia de que precisamos nós é aquela de que têm necessidade também os outros.

Recentemente, Bento XVI recordava-nos a razão da insistência do Papa Francisco neste Ano da Misericórdia: “A misericórdia é a única verdadeira e última reação eficaz contra o poder do mal. Somente onde há misericórdia acaba a crueldade, acabam o mal e a violência”.

(Carta de Julián Carrón, Presidente da Fraternidade de Comunhão e Libertação, publicada no “Corriere della Sera”, 24 de março de 2016, p. 35)

 
 

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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