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Passos N.183, Agosto 2016

FÉRIAS | MACAPÁ

O abraço que te salva

por Claudia Figueiredo e Odilene Leite

Em Macapá, dois encontros de férias. Duas possibilidades de experimentar a ternura de Deus que nos oferece o seu abraço misericordioso

Assim que começamos a organizar as férias de julho, nos foi proposto fazer dois encontros, um para os Colegiais e outro para os Universitários, pois desta forma teríamos a possibilidade de convidar mais pessoas para participar. No início não tínhamos grandes pretensões, só queríamos proporcionar aos meninos a possibilidade de passar um final de semana juntos, brincando, cantando e tomando banho de rio.
Tudo aconteceu de uma forma inusitada, mas certamente desejada, a começar pelos temas que escolhemos, que embora diferentes, expressavam o mesmo desejo: um convite para, nos pequenos gestos, mergulhar e nos deixar abraçar pela presença misericordiosa de Deus.
Foi assim que aos poucos vimos se encher de sentido as palavras do Papa Francisco que escolhemos para colocar no panfleto das férias: “A única força capaz de conquistar o coração dos homens é a ternura de Deus. Aquilo que encanta e atrai, aquilo que abranda e vence, aquilo que abre e liberta das cadeias não é a força dos meios nem a dureza da lei, mas a fragilidade onipotente do amor divino, que é a força irresistível da sua doçura e a promessa irreversível da sua misericórdia”(Francisco, Discurso no encontro com os bispos do México, Cidade do México, México, 13 de fevereiro de 2016).
Uma das músicas que cantamos dizia: “E foi assim que a vida colocou ele pra mim/ali naquela terça-feira de setembro/por isso eu sei de cada luz, de cada cor de cor/pode me perguntar de cada coisa/que eu me lembro”. Assim, da escolha do lugar na beira do rio, passando pelos ensaios dos cantos e o empenho em organizar todos os momentos que iríamos propor no encontro, cada detalhe, foram para nos lembrar da Sua ternura que nos acompanha, do seu abraço que nos faz experimentar o seu amor, no rosto e nos testemunhos dos cerca de quarenta colegiais e cinquenta universitários que participaram deste momento. Foram dois finais de semana intensos e pareceu-nos que o Senhor fazia cumprir nas nossas férias o objetivo do Ano Jubilar que é “chegar a todos por meio dos Seus, ou seja, por meio da Igreja, a companhia daqueles que Ele escolhe e que O reconhecem”.
Tudo foi muito bonito, os cantos, as brincadeiras, a missa, o banho de rio, e à noite, antes de dormir foi maravilhoso ouvir os relatos dos universitários que tinham vindo pela primeira vez. Bárbara, por exemplo, nos disse: “Não conhecia ninguém, exceto o amigo que me convidou, mas me sinto como se estivesse em casa e como se já conhecesse a todos há muito tempo”. Cássio, o mais irrequieto de todos, disse: “Tinha outro compromisso, mas decidi vir ao encontro e estou muito feliz porque tudo aqui é muito diferente do que eu tinha imaginado” . E Isabelly disse: “Não gosto muito de mudança, o novo me assusta, mas agora acho que o novo também pode ser bom” .
Além dos novatos, muitos jovens quiseram relatar a experiência que fizeram naquele final de semana. Aqui transcrevemos os testemunhos de alguns universitários:

“Vir ao encontro foi algo que eu sabia que iria valer a pena. Mesmo com as críticas dos meus amigos que não entendiam como eu ia passar um final de semana no mato e ainda iria ficar sem celular. Mas para mim foi como sair da mesmice que eu sei que eles iriam viver, porque nas férias cada brincadeira, cada oração e cada momento é algo completamente novo. Não sou muito de me entrosar, mas com o passar do tempo fui fazendo novos amigos e fortalecendo mais um pouco o amor de Cristo que há dentro de mim” – Fernanda.

“Diante das circunstancias que estou vivendo (morte de um primo e um tio, e ainda um primo na UTI em estado grave), percebi que organizar as férias do CLU foi um chamado de Cristo para viver com mais intensidade essas circunstancias. Percebo como Deus cuida das coisas e como ele nos preferiu de uma maneira absurda. Ver os novos amigos darem seu testemunho foi como um "estalo de consciência". Eu me vi em muitos ali e volto dessas férias com ainda mais certeza dEle! Acontece exatamente como Pe. Carrón colocou na EdC: "Tudo estava dentro da normalidade, as provas, em casa, tudo andava bem... Mas não me bastava mais! Nem mesmo o fato de esperá-lo dia e noite me bastava” e como cantamos na musica da Marisa Monte: E a sede de ti prossegue...". Vinícius.

“O encontro para mim começou com a escolha das músicas, os ensaios intensos e o empenho dos meus amigos do CLU na organização. A surpresa foi a presença de muitos novatos e a satisfação deles com tudo, desde as brincadeiras, as Laudes e a missa. As frases “O abraço que te salva” e “Mergulhar na misericórdia” ficaram claras ao ouvir de alguns, principalmente daqueles a quem convidei, que se sentiram tão bem que desejam continuar no movimento. E brincar na lama, se sujar com os outros e no fim banhar no rio, foi como voltar a ser criança”. – Elton.

“Foi uma ótima experiência que pretendo repetir. A forma como a galera acolhe e se permite formar novas amizades é muito agradável, sem falar nos inúmeros momentos de diversão que curti bastante”. – Caio.

“Estes dias foram para mim uma ajuda a entender algumas circunstancias da minha vida e me fez perceber através daquilo que acontece o quanto Cristo me ama e me dá sinais desse amor, que nada é por acaso, muito menos a sede que tenho em prosseguir, mesmo com minhas fraquezas”. – Carla.

“Pra mim o momento mais bonito das férias foi quando rezamos o Angelus à noite. Naquele momento, depois de todo o dia feliz que tivemos, eu finalmente entendi o que significava as palavras E o Verbo se fez carne e habita entre nós. Através de cada um que esteve participando das brincadeiras, dos cantos e orações Ele dizia a mim Eu estou aqui”.Vanessa.

“Rezo todos os dias pra que essa paz de espírito continue comigo sempre, que todos consigam sentir o que eu sinto quando estou nos encontros, e que não deixe esfriar essa vontade do novo, essa vontade de querer estar mais na presença de Deus! Agradeço pelos amigos que me acompanham e também aos adultos que estão sempre por trás de tudo, para que tudo aconteça da maneira que sempre queremos voltar!” – Glenda.

Também no final de semana com os colegiais aconteceram fatos bonitos, a começar pelo empenho de alguns em convencer os pais a deixá-los ir, até a disponibilidade do pequeno grupo de universitários (Vinícius, Carina, Karolyn, Alan e Elton) que foram ajudar com os cantos e as brincadeiras, ou do padre Inácio que percorria 40 km de carro para estar conosco para celebrar a missa todos os dias. E como podemos verificar nos testemunhos acima citados, Deus está sempre pronto a nos oferecer a “sua misericórdia, seu amor, sua ternura, seu abraço, suas carícias” naquilo que acontece, por isso não podemos deixar de responder e esse abraço senão como nos ensina Dom Giussani: “Viver a própria vida ao sabor dos sinais de Deus” (“Eu te amei com amor eterno, tive piedade do teu nada”, supl. de Passos, julho 2016, p.23).

Estas foram as nossas férias, sinal de Deus, para que possamos continuar como cantamos na música que tanto nos marcou nestes dias “Novo dia/ sigo pensando em você/fico tão leve que não levo padecer/... É o bonde do dom que me leva/ ...A sede de ti prossegue...”. Assim, queremos prosseguir na vida, fazendo memória destes acontecimentos, dessa beleza que vimos, pois “é disto que precisamos: mergulhar nessa memória” para continuar experimentando o seu abraço no presente, pois o Senhor permanece sempre.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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