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Passos N.188, Fevereiro 2017

BRASIL | COLETA DE ALIMENTOS

O que faz valer a pena?

por Liziane Rodrigues

Alguns meses atrás foi realizada a ação de arrecadação de alimentos em prol de instituições em todo o Brasil. Contando com quase 5 mil voluntários, esta ação gratuita permitiu, novamente, o despertar do bem em cada um que participou

O Dia Nacional da Coleta de Alimentos se iniciou no Brasil em 1999 e chegou à 11ª edição em 2016. Realizado em 5 de novembro, teve arrecadação menor do que a do ano anterior: 18 toneladas a menos, apesar de quatro cidades a mais participando. Que peso realmente tem este número? Por que a Coleta valeu a pena?
Num ano em que a crise econômica brasileira ficou mais evidente, a Revista Passos fez estas perguntas aos coordenadores do gesto nas 54 cidades brasileiras em que foi realizado em 2016. As respostas mostram que o empenho ao longo de um ano inteiro para que aconteça o Dia Nacional da Coleta de Alimentos é por algo bem maior do que a quantidade arrecadada.
Leia, abaixo, alguns depoimentos, e saiba por que a Coleta vale a pena.

AM - Manaus
“A Coleta é para mim antes de tudo um sair de mim para ir ao encontro de um outro. Pela primeira vez o supermercado arrecadou menos, mas ganhamos muito no encontro com pessoas que sem nos conhecer aderiram gratuitamente. Uma voluntária ficou quatro horas e não parou um instante. No final, agradeci e falei que ela foi incansável e ela me respondeu que estava feliz e que no próximo ano estaria novamente conosco. Entendi que mesmo com a crise pelo qual passa o país, a generosidade prevaleceu”
Maria Eliny Rocha

AP - Macapá e Santana
“A Coleta 2016 em Macapá e Santana foi muito positiva, de fato um gesto visivelmente de testemunho de diálogo com as pessoas. Diante da crise financeira, arrecadamos meia tonelada a menos, mas não desanimamos! Porque mesmo assim, tivemos a possibilidade de encontrar pessoas, viver a experiência da partilha, e gratos por sermos surpreendidos com o desejo de alguns voluntários que nos procuraram, após o evento, não só porque fez a Coleta, mas por tudo que aconteceu nesse dia. Tivemos a grata surpresa de, às vésperas, uma turma de assistência social de uma universidade particular nos procurar para serem voluntários. Um fato imprevisível como sinal da providencia de Deus, pois precisávamos de voluntários, e o mais bacana é que depois, no pós Coleta (nossa confraternização com os voluntários e parceiros), alguns deles nos procuraram para dar testemunho de como viveram a experiência do gesto da Coleta. De fato, estes foram sinais evidentes e concretos dessa experiência do diálogo e encontro, indo até o outro e acolhendo-o do jeito que é. Num supermercado em que todos os anos a arrecadação sempre foi de mais de 700 quilos, este ano arrecadou um pouco mais de 200. A coordenadora ficou muito triste e, conversando com alguns sobre como se sentia, ouviu de uma amiga que pensasse em quantas pessoas seriam alimentadas com os 200 quilos e como estariam felizes com esses alimentos e empenho dessas pessoas na Coleta”
Edilena Dantas Braga

SP - Ribeirão Preto
“A Coleta aconteceu na região de Ribeirão Preto pelo oitavo ano consecutivo. A mobilização e a arrecadação foram menores do que em outros anos, porém a beleza do gesto surpreendeu novamente. A presença de jovens e crianças foi marcada pela alegria e vontade de ajudar o próximo. Filhos dos amigos voluntários que participam conosco desde o primeiro ano, agora mais crescidos, continuam o gesto com sua família. Na cidade de Sertãozinho, a amiga Cris Langer mobilizou sozinha em torno de 20 jovens, adolescentes e universitários e finalizou o dia com a melhor arrecadação da região. O bom humor e simpatia do Grupo Amigos da Coleta RP já é reconhecido pelo público das lojas parceiras!”
Sueli Cortellini

SP - Sorocaba
“O que mais me impressiona na Coleta é o que acontece antes, ou seja, o anúncio incansável nas universidades, paróquias, escolas técnicas, grupos de escoteiros, entre tantos lugares, pelos membros da comunidade de Sorocaba, tendo como protagonista o coordenador Colombo. São encontros e mais encontros com rostos incríveis. E daí vem a pergunta: por que fazemos isso? Para arrecadar mais alimentos e bater o recorde dos anos anteriores? Se fosse só por esse motivo seria muito pouco, eu creio. Faço isso para a construção do Reino de Deus. Forte assim e nada menos que isso. E esse ano conseguimos realizar o desejo cultivado há anos: o encontro pós coleta com alguns voluntários convidados, porque seria impossível com os mais de 400 que compareceram nos cinco supermercados. Esse momento nos encheu de alegria com novos encontros e reflexões”
Sueli Cardia

RJ - Teresópolis
“Aqui, vivemos mais um a vez, a experiência do gesto da Coleta com a presença significativa dos voluntários que nos ajudaram nos anos anteriores, além dos que fizeram a experiência pela primeira vez e se sentiram tão tocados, se colocando à disposição para as próximas, declarando não poder perder a oportunidade de compartilhar as necessidades para compartilhar o sentido da vida. Mais do que a quantidade de alimentos arrecadados, o que cada um ganha como voluntário é imensurável. Como disse Lucchini (responsável por este evento na Itália), a Coleta é como um filho que nasce: nos preparamos para ela, mas nunca sabemos como vai ser, cada uma revela uma surpresa”
Schirley Costa

RJ – Rio de Janeiro
“Esse ano para mim a Coleta foi acompanhada por uma pergunta: ‘Diante de tudo aquilo que acontece no Rio, no Brasil e no mundo a Coleta é uma resposta? O que me diz esse gesto?’. Durante a preparação e também indo para o supermercado no dia 5/11, eram essas as perguntas que eu me fazia, desejosa de aprofundar o porquê desse gesto. A proposta é descobrir algo de mim, da minha humanidade e do coração do homem entendendo um pouco mais que fazer o bem é uma exigência fundamental. A acolhida pela responsável do supermercado foi logo a primeira coisa que me marcou, pelo desejo dela e a disponibilidade com a qual nos acolheu e ajudou na montagem da mesa. E depois começou a abordagem e em seguida as doações. Pessoas das quais não sabemos nada, são iguais na solidariedade. O supermercado era na periferia de Rio, deu para perceber que o momento econômico pesa mas, mesmo assim, quilo após quilo, as caixas fechavam. Enquanto abordava teve um momento que me surpreendi tentando escolher as pessoas, ‘adivinhando’ quem poderia doar mais, mas descobri que isso não me correspondia, pois não era por uma meta que eu estava aí, mas por mim, e porque qualquer um que chegasse pudesse ser convidado a fazer essa experiência. A alegria que ao longo do dia prevalece ao cansaço responde às minhas perguntas, porque é verdade que “fazer o bem faz bem” como disse um voluntário que fez a Coleta pela primeira vez”
Paola Gaggini

DF - Brasília
“A Coleta 2016 foi a das surpresas: sem possibilidade de divulgação nas mídias, foi necessário o empenho pessoal. Muitas pessoas doaram seus tempos livres de forma silenciosa, nos "bastidores", sem que ninguém visse. De alguém que doou a linha para costurar os coletes, às pessoas que costuraram e passaram cada colete usado depois pelos voluntários, até a marcante presença, de forma alegre, dos Vicentinos. Os pequenos mercados e a alegria dos coordenadores, uma dupla de coordenadores que ficou até que as portas do mercado se fechassem e estavam contentíssimos, agradeceram e pediram para ficar nesse lugar no próximo ano. Foi necessário aprender a paciência para esperar o tempo de cada pessoa e apostar na liberdade dela. Com isso, eu aprendi que a pessoa pode dá somente um segundo do próprio tempo, que eu recebo com gratidão, pois esse tempo tem a ver com o infinito. Mesmo diante de fatores que pareciam negativos, como a coincidência com a data do Enem, um ano de crise econômica, muitas pessoas ainda não haviam recebido o salário, fomos surpreendidos com uma grande quantidade de alimentos arrecadados. O trabalho dos coordenadores de mercado, acompanhando de perto os voluntários, em unidade com a Equipe da Coleta na cidade, foi fundamental esse ano”
Angela Rocha

RJ - Petrópolis
“A Coleta foi um gesto educativo que aprofundou o desejo de cada de um de fazer o bem num momento tão difícil que vivemos em nosso país. O sentido da vida de cada um de nós foi ampliado e levado a sério por cada voluntário. Em Petrópolis, neste ano, algumas coisas diferentes ocorreram. A adesão de três grupos de escoteiros, que prontamente responderam ao nosso convite, foi um dos momentos marcantes da Coleta. A dedicação, o empenho, a disciplina e o entusiasmo dos líderes e dos jovens escoteiros foram, para cada um de nós, exemplos que nos marcaram durante a abordagem nos supermercados. ‘Na abordagem das pessoas, é importante olhar no olho do outro’, disse uma das líderes dos escoteiros. Apesar da crise que nos atinge no presente, a Coleta de Alimentos superou os resultados da cidade no ano passado. Cresceu também o número de voluntários. A mulher que coletou alimentos junto aos seus vizinhos e os levou para o supermercado, e um rapaz que doou alimentos no valor das cervejas que ele toma costumeiramente aos sábados, demonstraram para nós que cada vez é mais verdadeiro o significado do mote da Coleta: compartilhar as necessidades é compartilhar o sentido da vida!”
José Roberto Cosmo


Rumo a 2017

O Dia Nacional da Coleta de Alimentos é um gesto anual, em que, alguns supermercados durante um mesmo dia, em todas as cidades participantes, acolhem voluntários. Eles fazem a abordagem de clientes nos mercados para pedir doações de alimentos e em seguido ocorre a entrega do que foi arrecadado aos bancos de alimentos ou instituições previamente contatados.
É uma ação de gratuidade, cujo lema é “Compartilhar as necessidades, para compartilhar o sentido da vida”.
Dados como quantidade de arrecadação, de voluntários, de cidades e supermercados participantes e os lugares em que o gesto ocorre estão disponíveis em www.coletadealimentos.com.br.
Registros, com imagens do Dia Nacional da Coleta de Alimentos podem ser vistos no Facebook: https://www.facebook.com/pg/coletadealimentos
Em 2017 o Dia Nacional da Coleta de Alimentos será em 11 de novembro. Reserve a data e participe!







 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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