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Passos N.189, Março 2017

FLORIANÓPOLIS

Vive-se por algo

por Alda Casagranda Merlo

“A beleza desarmada” foi apresentada no sul do país. Diante de 47 pessoas, “um recorde para a nossa pequena comunidade”, no palco estavam Marco Montrasi, responsável nacional de CL, e Leila Pivatto, presidente da APAC na região

Em Florianópolis, há alguns meses começamos a pensar na apresentação do livro “A beleza desarmada” de Julián Carrón, que foi realizada na sexta-feira, dia 3 de fevereiro. Foi uma iniciativa do Pedro, um amigo que veio de Portugal faz 3 anos e parecia que já o conhecia (só que não!). Ele iniciou tomando providências de forma discreta, eu diria sorrateiramente. Escolheu um dos melhores auditórios da universidade (que eu nem imaginaria), encontrou vaga na agenda de Marco Montrasi (chamado Bracco), o responsável nacional de CL, e escolheu poucos amigos para ajudá-lo. Fez isso com um critério novo, que não era o meu. Soube pedir ajuda no que precisava e não tomar providência no que não lhe cabia. No final, coordenando os trabalhos, chegou a falar: “É preciso confiar”. Junto com ele nos preocupamos com os detalhes do evento, procurando fazer com que “a forma coincidisse com o conteúdo”. Queríamos fazer algo bonito, organizado, com clareza e, ao mesmo tempo, algo simples e objetivo. Queríamos que tivesse a nossa cara, a cara de CL. Na entrada do auditório deixamos em exposição a mostra “Da minha vida à vossa”, sobre a vida de Dom Giussani.
Em uma das reuniões de preparação, decidimos convidar dona Leila Pivatto, presidente da APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) de Santa Catarina, para compor a mesa junto com nosso responsável nacional. Fomos, então, visitá-la e ela nos falou como estava sendo a leitura do livro. Na apresentação falou lindamente da sua experiência. Encantou e todos e despertou a nossa curiosidade: “Mas como você fez?”, “O que é uma APAC?”. Surgiram muitas perguntas do público.
No encontro, Bracco falou após a dona Leila. Iniciou apresentando o contexto histórico, nos deu chaves de leitura, explicou sobre a mudança de época, e porque todos os setores da sociedade entram em crise, porque temos muitos conflitos em todos os âmbitos (cultural, econômico, de relacionamento entre as pessoas, na família, na escola, nos valores), e tudo está mudando. Falou da perda de vínculo com a origem e como nos tempos de hoje não se convence as pessoas com um discurso. Nós mesmos somos assim. Quem está de pé vive por algo. Estamos cheios de discursos, e com um bem afiado para responder a quem nos desafia, discutimos e não chegamos a lugar nenhum. É preciso esperar, é preciso acontecer, experimentar.
Naquela noite testemunhamos a beleza, a beleza sem defesas, a beleza que conquista, que leva a experimentar que “do amor ninguém foge”. Ouvi relatos de pessoas que disseram: “Eu fui respondido em várias perguntas que eu tinha”. O funcionário que nos ajudou com o auditório declarou ser de outra religião e falou como se identificou com o que acabava de ouvir: “Sou protestante, e eu vi muitas coisas nesse período, muitas coisas distintas, estudos bíblicos, mas, hoje, eu aprendi uma coisa diferente. Como o próprio nome do livro diz, ‘a beleza desarmada’, é chegar aqui desarmado mesmo, sem preconceitos, conceitos já concebidos, errôneos, que vêm já de muito tempo. E eu pude perceber aqui, na fala do Marco, como nós precisamos de fato desse encontro com o ‘eu’, e isso determina muitas coisas, e irá determinar também mais para frente”. Ele foi “movido com”, e, comovido, nos comoveu. É como estar nascendo uma amizade.
Esteve conosco também um velho amigo, que estava conosco 30 anos atrás, no início do Movimento aqui, e sua esposa disse: “Por que não ficamos sempre com eles? Teríamos evitado tantas coisas”, e depois continuou: “Onde vocês estão se encontrando?”. E a mãe da Jaqueline (uma jovem que veio com o amigo do amigo do amigo), após a apresentação levanta com a mão erguida, como quem diz “eu quero falar”, e nos conta sua história. É arquiteta e relata que numa ocasião, iniciando o trabalho numa empresa, foi levada a um presídio com uma equipe de engenheiros. Todos desistiram e somente ela aceitou trabalhar na obra dentro do presídio, e teve que conquistar e convencer pessoas da empresa para trabalharem lá dentro. Relata sua história identificada com o que acabava de ouvir, principalmente o que a movia a não desistir, a continuar, a não se assustar, a fazer o bem aos presos.
Foram muitas perguntas naquela noite, e 47 pessoas participaram , um recorde para nossa pequena comunidade. Ao final, ao encerrar a palestra, o convite para tomar um café e visitar a mostra, e quem quisesse poderia adquirir o livro. As pessoas continuaram conversando, em seguida pizzaria... Ainda estamos descobrindo o que pode nascer deste encontro.


CARTA
“Um divisor de águas para a minha vida”

Fui ao encontro por acaso, a convite de dois amigos italianos que estavam prestigiando o evento, e tive a oportunidade de levar meus pais comigo. O encontro foi simplesmente maravilhoso, a história de vida e dedicação da Leia me tocaram profundamente. A dedicação dela e a vontade de fazer acontecer mostravam que realmente quando queremos algo, basta arregaçar as mangas e ir em frente que conseguiremos conquistar o que almejamos. A fala do Marco, com a apresentação do livro “A beleza desarmada” me levou às lágrimas em vários momentos, porque me senti profundamente tocada pelos ensinamentos e lições que foram passados; e consegui trazer cada uma das lições para o meu dia a dia e atual momento de vida. Por várias vezes anotei o que o Marco falava, pois queria passar adiante aquelas mensagens tão importantes. Meus pais, assim como eu, saíram de lá tocados, estávamos com o coração gigante e com uma imensa vontade de realizar mudanças íntimas e também nos doar mais para o bem do próximo. Este evento foi com certeza um divisor de águas para a minha vida, pois se antes eu estava desmotivada com todas as notícias ruins do dia a dia e incerta em relação à validade das escolhas e ações que estava fazendo, hoje digo com clareza que sim, estou no caminho certo, em busca do conhecimento contínuo e necessário para trilhar o meu futuro dentro dos preceitos do amor, bondade e perseverança. Obrigada a todos os amigos do Movimento que acolheram a mim e a minha família. Com certeza foi uma das noites mais especiais da nossa vida.
Jaqueline


APROFUNDAMENTOS
> Leia o relato de Marcos, após o encontro

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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