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Passos N.196, Outubro 2017

FÓRUM CDO

Uma abertura ao diálogo

por Patrícia Molina

“Não uma época de mudanças, mas uma mudança de época”. A frase usada pelo Papa Francisco para definir o momento em que vivemos foi o tema do VI Fórum Nacional da Companhia das Obras (CdO) no Brasil. Mais do que propor respostas, o evento teve como premissa uma abertura ao diálogo em busca das perguntas corretas para lidar com os novos desafios e as oportunidades, partindo da pessoa

Como estar diante de um mundo em absoluta transformação, muitas vezes líquido? Como gerenciar os negócios, educar os filhos, adotar nas obras sociais os critérios adequados para responder às necessidades dos beneficiários? Perguntas como essas fundamentaram a escolha do tema do VI Fórum da Companhia das Obras e guiaram os encontros e as atividades realizadas no evento, que aconteceu nos dias 24 e 25 de junho, em São Paulo.
Profissionais, empresários, acadêmicos e representantes de entidades com e sem fins lucrativos, pessoas vindas de diferentes partes do País e da Itália aceitaram a provocação do real e viveram a aventura de compartilhar e aprender uns com os outros, partindo da própria experiência. Como disse Fabiano Molina, presidente da CdO Brasil, o objetivo maior não era concordar em tudo, construir um consenso, mas abrir a questão e estabelecer um diálogo que considerasse o valor e os anseios da pessoa.
Entre os palestrantes do Fórum estavam o filósofo e sociólogo Bernhard Scholz, presidente internacional da CdO; Monica Poletto, presidente da CdO Obras Sociais; Leandro Jesus, consultor e autor do livro “Exploradores de um Mundo em Transformação”; Andrea Bisker, Storymaker e Consultora; Vaney Fornazieri, diretor Administrativo da Agência de Comunicação Seepix D'Lippi; a professora Patrícia Junqueira Gradina, da USP, que conduziu um workshop sobre Design Thinking; Fernanda Campolina, gerente Administrativa das Obras Educativas Pe. Giussani; e Marcela Bertelli, antropóloga e produtora cultural, que mandou uma mensagem aos participantes do Fórum compartilhando a experiência de trabalhar com a Cultura em um mundo em transformação. O evento contou, ainda, com um encontro especial entre representantes do terceiro setor para discutir os desafios na gestão de obras sociais.

Do que se trata essa mudança
A primeira roda de diálogo do VI Fórum da CdO partiu da pergunta “O que é essa mudança de época?”, e contou com a participação de Bernhard Scholz, Andrea Bisker e Leandro Jesus.
Andrea Bisker abriu a conversa afirmando que devemos ter a coragem de olhar para nós mesmos, para as nossas verdades mais intrínsecas e perguntar se faz sentido que elas sigam conosco nesse novo mundo em transformação. E falou sobre conceitos que balizam as organizações e as relações sociais.
Do ponto de vista de como as empresas se organizam e como as pessoas produzem, no entender de Andrea, há três grandes modelos: a empresa tradicional, que é totalmente centralizada, com uma “fonte decisória” e um grande número de executores. Um segundo modelo, mais moderno, onde a empresa funciona como uma plataforma (como no Uber e no Airbnb), com a gestão mais descentralizada, na qual as decisões são tomadas por um grande líder e uma cúpula, auxiliados por um grupo menor de pessoas responsáveis pela gestão. Mais abaixo ficam pessoas que se conectam com a empresa e decidem a hora em que trabalham, fazendo parte do sistema sem serem funcionários tradicionais. O terceiro modelo seria a “blockchainização” do mundo. Através de uma plataforma tecnológica segura, as pessoas e organizações trocam informações permitindo relações píer to píer (par a par), sem intermediários. Como em uma cooperativa na qual há os presidentes e uma série de pessoas que trabalham e são donas dos seus próprios negócios e agendas. Essas pessoas não são ligadas formalmente às empresas, mas são conectadas entre si.
Sobre a passagem do ter para o ser, Andrea explicou que, com a Revolução Industrial, a produção em escala permitiu o acesso a muitas coisas, gerando um desejo muito grande de posse, um sentimento do “ter”. A partir de determinado momento da história começou a crescer a consciência de que os recursos do mundo são finitos. Nesse momento, ganhou força a percepção de que o ter talvez não fosse tão importante. Para Andrea, como alternativa à ansiedade vivida na sociedade de hoje, o ser humano busca uma conexão maior consigo mesmo, o que dá origem ao sentimento do “ser”.
“As pessoas começam a se perguntar o que realmente faz diferença na vida. E assim começam uma busca. Hoje todas as empresas falam sobre propósito (já se tornou um mantra do marketing). Nasce então um sentimento de ‘pertencer’. Isto tudo, junto com a economia partilhada, começa a gerar uma empatia e uma conexão muito maior entre as pessoas. Quando eu me conecto com o outro e entendo as dores e os sentimentos do outro, pode nascer o que eu chamo de economia do afeto. Hoje uma grande moeda é a ajuda. O Brasil é um país que tem essa potência no nível máximo, porque somos feitos de pessoas que têm uma empatia nata”, conclui.
Leandro Jesus iniciou sua participação na conversa dizendo que cada um de nós, seja no trabalho, na família ou nas demais relações sociais, está vivendo a transição entre o velho e o novo mundo. Para o autor do livro “Exploradores de um Mundo em Transformação”, tudo isto decorre das mudanças na tecnologia, sobretudo das mudanças nos padrões de comportamento que a tecnologia possibilita.
“Estamos migrando para um modelo no qual as pessoas estão cada vez mais conectadas e informadas, o que permite repensar todo tipo de indústria, empresa e setor da economia. Uma das consequências é que, deixando de enfatizar a posse, passamos a enfatizar o acesso e o compartilhamento: eu não preciso ter, preciso acessar e usufruir. Isso tem reflexos, por exemplo, na concepção de sigilo ou de propriedade intelectual, pois o mundo está cada vez mais transparente. Assim, há um movimento pelo qual saímos de uma sociedade egoísta e entramos numa sociedade mais coletiva: uma transição do ego para o eco (no sentido do todo)”, explicou.
Leandro apresentou três evidências do que seria o colapso da economia tradicional: do ponto de vista ambiental, a economia não se sustenta, consumimos 50% mais recursos do que o planeta é capaz de absorver. Do ponto de vista social, a desigualdade é crescente. No Brasil, por exemplo, as famílias que ganham acima de R$ 3.400,00 por mês (cerca de mil dólares) estão entre as 15% mais ricas do país. Segundo ele, a terceira evidência, é que, estatisticamente, a maioria das pessoas não se vê engajada com o que faz em seus trabalhos. Não faz mais sentido para elas planejar e se dedicar a uma carreira pensando em aproveitar da vida somente após a aposentadoria.
“Estamos num momento de transição, não acredito que será uma mudança abrupta, mas está acontecendo. Por algum tempo ainda viveremos a dualidade entre a velha economia e a nova. Estamos explorando um novo mundo, buscando novos significados. E exploração é algo que está atrelado ao risco: os exploradores do passado, por exemplo, se lançavam ao mar sem a certeza de que fossem chegar a algum lugar, mas sabiam que a vida não era ficar parado, acreditando numa estabilidade, e sim sair em busca do novo”, afirmou.
E nós como ficamos no meio de tudo isso? Como lidar com os paradoxos trazidos por essa transição? Como não assistir passivamente e simplesmente ser arrastados por essas transformações? Bernhard Scholz lembra que essas e outras mudanças têm um impacto existencial e não só sociológico. “Esta fase de transição traz consigo o fato de que estejamos em posições existencialmente paradoxais. Em nossas empresas entram novas tecnologias, e ao mesmo tempo lidamos diariamente com antigas fórmulas capitalistas. Nunca se comunicou tanto como hoje, devido aos instrumentos à disposição, mas as relações se enfraqueceram, há cada vez mais solidão. As pessoas se conectam, mas as relações reais nas quais se misturam e se comprometem uns com os outros, diminuem cada vez mais. As relações se tornam mais instáveis”.
Segundo Scholz, diante de cada nova possibilidade que esse novo contexto traz devemos nos perguntar para o que serve, o quanto é útil para a pessoa. Ele destaca que na situação atual, corremos dois riscos: o primeiro é defender o antigo porque temos medo e os modelos antigos nos dão a sensação de segurança. O segundo é ficarmos cegamente otimistas defendendo os novos modelos a qualquer custo, sem nos perguntarmos para o que eles servem.
“Essas mudanças não podem ser vividas passivamente. Não podemos simplesmente assistir às grandes mudanças. Nós somos sujeitos dessas mudanças, fazemos parte delas e temos de incidir e decidir em meio a elas. De outra forma, nos tornamos peças num tabuleiro onde os outros é que jogam a partida. É uma provocação diante da qual não podemos ficar na janela, temos que entrar na arena. Por isso estou muito contente com esse Fórum que nos deixa com perguntas inteligentes para enfrentar positivamente e com criatividade as mudanças, sem sermos subjugados por elas”, concluiu Scholz.

Entrar no mérito das coisas, partindo da pessoa
“Esta realidade volátil requer pessoas que queiram entrar no mérito nas coisas, queiram entender.” Essa afirmação de Monica Poletto exemplifica bem o tom dos diálogos e das atividades realizadas na tarde de sábado, seja no que se refere ao relacionamento com os beneficiários das obras sociais, ou no relacionamento com os clientes.
No encontro entre os responsáveis das obras sociais, alguns pontos se evidenciaram. O primeiro deles é o fato de que o beneficiário das obras sociais e o contexto no qual se encontra devem ser conhecidos. “É fundamental conhecer o contexto, não tanto porque devamos resolver todos os problemas das pessoas, como costuma ser a nossa tentação, mas porque sem o contexto não somos capazes sequer de enfrentar o problema particular do qual a nossa obra se ocupa”, ressaltou Monica.
O segundo aspecto diz respeito à liberdade. “Nós sempre lidamos com pessoas que são livres e responsáveis. O primeiro responsável por resolver o problema do beneficiário é ele mesmo”, enfatizou Mônica. Ela lembrou que, ao serem tratadas como responsáveis, as pessoas crescem e que o fato de envolver as pessoas, na resposta ativa e positiva às próprias necessidades é o que permite realmente atender ao que se precisa.
O terceiro ponto foi a importância do diálogo entre as pessoas que trabalham juntas nas obras sociais. “É preciso estar juntos e dialogar com as pessoas que trabalham conosco, não só para entender o que é preciso fazer, mas para entender quem são as pessoas que encontramos”, disse Monica.
O quarto aspecto diz respeito à autorreferencialidade. Monica explica que o risco é apaixonar-se pelo que se faz e não verificar se aquilo realmente serve, o que pode trazer consequências muito graves, podendo levar até mesmo ao fim da obra. “No nosso trabalho é muito importante nos dotarmos de critérios objetivos para entender se estamos respondendo às necessidades. Esses critérios de avaliação são coisas que faço primeiramente para mim, para que eu possa ouvir da realidade qual é o ponto que devo mudar”, ressaltou.
O workshop sobre Design Thinking, conduzido pela professora Patrícia Junqueira Gradina, da USP, mostrou como essa abordagem permite aplicar o método de desenvolvimento de soluções, produtos ou serviços, partindo da pessoa, seja ela o beneficiário da obra social ou o cliente, considerando o cenário de uma realidade em constante transformação.
Falando sobre a relação das empresas com os clientes, Bernhard Scholz lembrou que toda organização tem uma missão que indica qual valor deve ser criado para o cliente. “Eu tenho que conhecer as pessoas a quem me dirijo, do contrário não consigo entender se realmente estou criando um valor para elas. Nós não vendemos produtos ou serviços, vendemos algo que permite viver melhor e trabalhar melhor, nisto consiste o valor. O produto não está no centro, e sim o cliente”.
Bernhard ressaltou que a empresa deve manter o diálogo contínuo com o seu cliente e se mudam as exigências dele, deve mudar também o método do diálogo. “A missão das empresas modernas já não é fazer algo para os clientes, mas criar valor para e com os clientes. Este é um paradigma novo, que é muito facilitado pela tecnologia. Uma empresa que não conhece os seus clientes não fica de pé.” E ele concluiu fazendo uma provocação: “A partir de hoje vocês podem fazer algumas perguntas quando forem a uma loja: O que esta empresa pensa de mim que sou cliente? Por que faz o produto assim? Que valor quer me comunicar? Dessa forma vocês conseguirão identificar como vocês mesmos devem trabalhar”.

Mudanças em ação
O painel que encerrou o VI Fórum Nacional da Companhia das Obras tratou das inovações dessa mudança de época no mundo dos negócios, no terceiro setor e no campo da cultura.
Fernanda Campolina, gerente administrativa das Obras Educativas Pe. Giussani, falou sobre a experiência de ser companhia e referência educativa para crianças e famílias em um contexto de vulnerabilidade econômica e desestruturação dos relacionamentos sociais. Ela enfatizou a importância da responsabilidade diante da obra. Fernanda compartilhou que os pais das crianças atendidas pela obra, mesmo sendo pessoas muito simples queriam contribuir financeiramente para ajudar a obra em um momento de dificuldade. Eles queriam pagar por algo que os interessava, que era muito importante para eles e não podia acabar.
Ela ressaltou que o ponto de partida para gerar o protagonismo é sempre a acolhida: “Iniciar um movimento que as façam sentir-se amadas, percebidas como pessoas, modifica a vida das crianças a ponto de torná-las protagonistas. Fazer companhia e ser uma referência torna aquele lugar a casa delas. Gerar nelas o amor próprio traz à tona o potencial que têm dentro. A partir disso, elas se tornam protagonistas e vemos de fato uma mudança em suas vidas, na forma como enxergam a vida. Elas começam a desejar coisas que antes nem lhe passavam pela cabeça, mesmo no que diz respeito à profissão”, disse.
O diretor administrativo da agência Seepix D'Lippi, Vaney Fornazieri, fez uma apresentação de tirar o fôlego da plateia sobre as inovações tecnológicas que conheceu durante uma visita ao Silicon Valley, na Califórnia. A decisão de participar de uma missão de empresários para ver o que vem por aí nasceu de uma inquietação pessoal diante do futuro do próprio negócio e da educação dos filhos. As informações compartilhadas por ele mostraram um mundo totalmente novo que promete revolucionar a economia e a sociedade, seja no campo da saúde, produção de bens, mobilidade urbana, alimentação, moda, comunicação, finanças, entretenimento ou educação, entre outros. A velocidade, a escala e o poder transformador das inovações tecnológicas mostram que a “disruptura” do mercado que conhecemos é um caminho sem volta e já está à porta.
Diante de um público atônito, Vaney ressaltou a importância de não temer ou tentar negar a realidade que se apresenta, mas estar inteiros diante dela, buscando formas de rever a nossa relação com o trabalho e principalmente a educação oferecida às crianças e jovens, de modo a deixá-los melhor preparados para atuar nesse mundo novo.
“Pensar nos meus filhos, ver tudo mudar e perceber que o que imaginamos sobre o mundo das profissões e do estudo universitário talvez não seja o que vai formá-los como profissionais num curto prazo tem um impacto. Isso, porém, não me deu medo, apesar de parecer assustador para muitos. Porque a questão não é o medo, mas como colocar a nossa humanidade diante disso. É muito difícil coordenar uma empresa e ter de tomar decisões diante de números que se mostram sempre negativos. Olhar para as pessoas e tomar decisões duras que as colocam em situação de grande vulnerabilidade, buscando garantir a sobrevivência da empresa e a manutenção dos demais empregos: esses são desafios dos quais não podemos fugir”, disse.
Comentando a apresentação de Vaney, Bernhard Sholz disse que as mudanças que sempre aconteceram no mundo do trabalho, agora sofrerão uma aceleração devido ao impulso das inovações tecnológicas e enfatizou que as primeiras capacidades que uma pessoa deve lançar mão hoje são aprender, ser curiosa, relacionar-se, escutar. “Essas capacidades antes não eram tão importantes. O dualismo estudo x trabalho acabou. Hoje a gente trabalha, aprende, trabalha, aprende e o trabalho se torna uma escola contínua”.
Bernhard ressaltou que é preciso ter a liberdade e a coragem para se observar em ação e identificar as suas capacidades. “Cada um de nós tem talentos e dons, e são todos diferentes, mas devemos nos conhecer sob esse ponto de vista”. E continuou: “É preciso ter a certeza de que não sou um acaso, mas que alguém me quer. Ter certeza de que as circunstâncias podem ser difíceis, mas não são uma objeção; e de que é com os meus talentos que eu me lanço. Depois, diante desses cenários que mudam de forma exponencial, não posso ter a pretensão de saber tudo, tenho que ter a capacidade e a paciência de conviver com perguntas para as quais não tenho respostas neste momento. Todas as coisas que ouvimos aqui nos dizem que há uma infinidade de coisas para as quais não temos respostas. Vamos procurá-las juntos”.

Em Companhia
Fazendo um juízo sobre os dias intensos e as provocações geradas pelo Fórum Nacional da CdO, Monica e Bernhard enfatizaram a importância do eu, da companhia e da experiência.
Para Monica, o mundo virtual gera pessoas muito frágeis e incapazes de enfrentar a realidade. Por isso, há um enorme trabalho educativo para fazer. “A CdO, como ‘organização’, assume para si a responsabilidade de ajudar a olhar e a pôr em comum as respostas positivas que existem, porque neste momento temos mais perguntas que respostas, e temos uma enorme responsabilidade ao fazer-nos estas perguntas. Temos uma enorme responsabilidade ao apontar os exemplos que podem nos iluminar, indicar um trecho do caminho e ajudar na leitura da necessidade. É muito fácil que cada organização nossa esteja muito focada nas próprias necessidades, porque às vezes as necessidades que chegam são muito violentas. Mas é muito importante estarmos juntos para nos ajudar a completar o quadro. Isso também nos ajuda a ser mais inteligentes na resposta à nossa necessidade particular. Tudo isso diz que a CdO existe sob estas condições, e não pode existir se não há a pergunta; no momento em que existe a pergunta, dá-se a explosão da criatividade”.
Bernhard enfatizou que diante das grandes mudanças, a tentação mais imediata é a de entrar numa reação contínua ao que acontece. “Mas isto nos coloca na areia movediça”. Então propôs uma reflexão sobre a maneira como encarar as mudanças de forma construtiva, depois de tudo o que foi ouvido ali. “Pe. Carrón, Presidente da Fraternidade de Comunhão e Libertação, disse que a liberdade nasce por meio de um desafio que parte de algo atraente. O que isso quer dizer concretamente? De onde nasce esse desafio? Quem desafia? Eu. Se não posso dizer ‘eu’ nisso, o desafio não existe. O que é realmente atraente hoje? Encontrar pessoas que vivem as circunstâncias como uma vocação pessoal, para quem as circunstâncias que se apresentam, assim como são, devem ser encaradas como algo que lhes é dado para se tornarem elas mesmas. As circunstâncias são decisivas. Não são uma ameaça. Temos de nos perguntar: ‘Este é o mundo que nos é dado, ao menos uma parte dele neste momento. Como encaro o que me é dado?’. Este mundo em que vivemos tem uma potencialidade enorme para nos distrair de nós mesmos, mas ao mesmo tempo é, talvez como nunca antes na história, uma oportunidade para descobrirmos quem somos. Eu devo colocar-me as perguntas, mas não posso dar respostas sozinho, tenho de entrar em diálogo com outros. O diálogo já não é opcional, é decisivo”.
Após estes dois dias de diálogo muitos voltam para casa com uma percepção diferente, enriquecidos, talvez com alguma pergunta nova. “Cada um é mais sujeito, mais capaz de encarar as coisas, é menos objeto dessas mudanças, pode olhá-las de frente”, concluiu Bernhard Scholz.


Aprofundamentos

Patrícia Almeida dos Santos, Diretora Geral Creche Mães dos Homens, Brasília
O Fórum CDO 2017 foi uma ocasião interessante para ampliar nossos horizontes na perspectiva da "mudança de época" na qual estamos vivendo. Os palestrantes nos ajudaram a olhar a realidade que muitas vezes não conseguimos perceber, pois ficamos muito focados nas atividades específicas que desenvolvemos. Esse ano o Fórum me desafiou em dois aspectos: me arriscar ainda mais na formação de sujeitos conscientes e protagonistas e descobrir o que significa realizar um trabalho colaborativo com outros parceiros. Para fazer esse caminho conto com os amigos da Companhia das Obras.
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Glorinha Guerreiro, Professora de Inglês, São José do Rio Preto - SP
O Fórum da CDO me ajudou por meio de apresentações de assuntos atuais para o mundo do trabalho, a entender que existe um lugar que me ajuda a ver a importância do meu próprio trabalho, não só do lado profissional, mas também do lado humano. O contato com a realidade dos trabalhos sociais e a preocupação com o humano nos torna mais capazes de olhar o presente e o futuro de nossa vida profissional, um suporte para olhar as necessidades e potencializar os serviços que oferecemos.

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Vaney Fornazieri, casado, pai de 2 filhos, empreendedor na área de comunicação e tecnologia.
Para quem se aventura no empreendedorismo como fiz há 15 anos, são contínuos os desafios sobre gestão, mercado e toda a rotina de lidar com projetos, clientes e empregados. Nesse contexto, a CdO é uma oportunidade de encontrar pessoas com experiências, expectativas e soluções diferentes do que eu havia pensado.
Ao mesmo tempo, um mundo novo de possibilidades está se abrindo com as novas tecnologias, outras relações 'de' trabalho e 'com' o trabalho, a longevidade da vida. O fórum da CdO me provocou a buscar possibilidades onde o humano seja parte da solução e não do problema.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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