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Passos N.95, Julho 2008

RUBRICAS

Cartas

A única alternativa
Caro padre Carrón, poucos dias antes dos Exercícios da Fraternidade completei 50 anos, dos quais 36 de “militância”, como se dizia há algum tempo. Os últimos anos da minha vida foram muito pesados: dificuldades econômicas, objetivos não alcançados, amarguras, uma crise conjugal longa, uma paixão devastadora e não correspondida por outra mulher. Em geral, a sensação de não ter realizado nada realmente bom em uma vida que começa, embora lentamente, a declinar. O senhor pode, então, imaginar o estado de ânimo com o qual entrei no carro para ir a Rímini. Mas, na primeira noite, quando o senhor disse que Cristo tem grande consideração por nós, até mais do que nós mesmos, e um novo início sempre é possível para todos, em qualquer situação que nos encontremos, quando repetiu com luminosa clareza que “nosso Destino é uma afeição grande, uma correspondência inesperada, mas real”, percebi que era razoável confiar, deixar-se fazer por Ele dentro das circunstâncias, hoje aparentemente inimigas. Senti novamente em mim a força de assumir os meus quatro pedaços e tentar reconstruir um caminho de pertença ao Movimento. Não há outro destino para mim. Digo isso com convicção, não com resignação. Não há alternativa tão digna pela qual viver (e morrer) como homens. Não há outra esperança com a qual contar, cerrar os dentes e pedir a força para dar um passo depois do outro. Voltando para casa e abraçando forte minha mulher e meus filhos, senti depois de anos que a correspondência – o cêntuplo aqui pelo qual fiquei apaixonado quando era jovem – não é apenas uma palavra, um conceito abstrato. Não sei se serei capaz de continuar a dar um passo depois do outro, mas a estrada está delineada.
Stefano, Milão – Itália

O abraço do “Tu”
Caro padre Julián, cheguei aos Exercícios tendo nos olhos e no coração a dor infinita de um amigo e de sua mulher que perderam repentinamente o único filho de 8 anos. Durante a agonia do filho, meu amigo, longe de qualquer experiência de fé e com uma vida louca, no silêncio – que era a única coisa que eu sabia oferecer com a minha companhia e minha oração – me disse: “Eu invejo a sua fé”. Nada mais. Eu não soube responder nada, mas não pude deixar de lembrar aquilo que nós dissemos na Escola de Comunidade sobre a fé, quando se reconhecia para qualquer pessoa como sendo uma excepcionalidade indelével encontrada. O que meu amigo “invejava” em mim? A resposta a essa pergunta tornou-se crucial para mim. Precisava descobrir novamente essa resposta, pois sem isso o meu eu não permaneceria de pé, assim como meu amigo não estava de pé diante da dor do filho que estava morrendo. Fui aos Exercícios com essa pergunta. Ouvi o senhor falar de auto-convencimento, de algo que não basta. Ouvi o senhor falar de um “Tu” que desafia e sustenta a vida. Então, o que era aquela fé que o meu amigo “invejava” em mim? Naquele momento, e hoje, era estar diante do seu rosto que me dizia aquelas coisas por um amor a mim e não para me convencer. Assim como o meu estar ali com meu amigo, naqueles últimos momentos do filho, com toda a minha pobreza, apenas mostrando-lhe miraculosamente aquele “Tu” por meio do meu abraço. O “Tu” que estava agarrado à parede do quarto da minha vida, assim como eu poderia ser o “Tu” no quarto da dor do meu amigo. Aquela “inveja” era o renascer, também para ele, de um desejo de plenitude naquele momento. Obrigado por seu obstinado testemunho e amor ao nosso eu.
Mauro, Chioggia – Itália

A esperança não decepciona
Em maio de 2005, participei pela primeira vez dos Exercícios junto com meu marido. Meu pai, membro de CL convicto e de longa data, já havia nos convidado todos os anos, desde sempre... Casados há cinco anos, com um grande desejo de ter filhos, que não chegavam, sem que a medicina descobrisse problemas particulares em nenhum de nós dois, tínhamos acabado de fazer um pedido de adoção. E, então, padre Baroncini nos fez uma grande provocação: “A casais que vêm me procurar dizendo que não conseguem ter filhos e que entram com pedido de adoção, digo: vocês pediram um milagre?”. Mas, como, um milagre?!? Sempre pedimos a Nossa Senhora que interceda por nós junto a seu Filho, mas nunca pensamos em pedir um milagre... E, depois, para nós, a adoção nunca foi um render-se, mas uma porta aberta no mundo. Aceitamos a provocação e pedimos pelo milagre sinceramente. Enquanto isso, percorremos o longo caminho da adoção: conversas com psicólogas e assistentes sociais, encontros com as associações, desilusões, mas também novas amizades... e, finalmente, no ano passado, Beatriz chegou do Vietnã, belíssima e inteligente, tendo completado um ano em fevereiro. E, em fevereiro, eu dei à luz sua irmãzinha... Benedetta! Realmente podemos dizer: “A esperança não decepciona”.
Cristina, Pavia – Itália

Como João e André
Neste período, meu marido está vivendo uma situação muito difícil no trabalho. Sexta-feira voltou do escritório tenso como uma corda de violino, colocou as últimas coisas na mala e foi para os Exercícios dos Jovens Trabalhadores. Não tivemos tempo nem de nos despedirmos: em seus olhos, muita falta de ânimo, um olhar realmente cansado. Eu, preocupada, depois de algumas horas lhe enviei uma mensagem no celular: “Que estes Exercícios lhe ajudem a viver cada circunstância (inclusive o estresse deste momento) como ocasião para se aproximar da realização de si mesmo”. Ele respondeu: “Não entendo completamente, mas ‘intuo’ que tudo é para o meu Bem. Mas que cansaço! Obrigado por sua ajuda”. Domingo à noite, quando voltou de Rímini, durante o jantar contou-me sobre o que mais o havia tocado. “Padre Eugenio deu essa imagem da fé: é como uma criança que adormece nos braços de sua mãe e seu pai; no início, ainda está tensa, depois, seu corpo torna-se pesado e se entrega totalmente”. Falou-me também sobre o casal Zerbini, do Brasil: “São pessoas simples, mas com uma convicção total de que Cristo é o caminho não para a solução dos problemas da vida (e, no Brasil, eles são muitos!), mas para a própria felicidade e realização humana”. Enfim, depois de ter desfeito as malas, tirou da bolsa os presentinhos das crianças. Desta vez, também trouxe um para mim: o CD de Claudio Chieffo da coleção Spirto Gentil. Ao som de I cieli, me abraçou. Apertou entre nós a pequena Anna, nossa quarta filha. Seu olhar, agora, estava comovido e cheio de gratidão, como aconteceu há dois mil anos! Lembrei-me das palavras de Dom Giussani: “João e André, depois de tê-Lo escutado durante horas naquela tarde, voltaram para casa com as preocupações de sempre, mas com a consciência de ter encontrado um Homem excepcional que podia responder às exigências de seu coração [que são as nossas] e abraçaram suas esposas e filhos com uma firmeza e um calor diferentes do usual”.
Paola, Luino – Itália

Presença no ambiente
Vêm correndo e saem correndo as minhas duas colegas que chegam para a Escola de Comunidade às 14h de quarta-feira em uma sala de nosso Departamento. Mas, quando iniciamos com o Ângelus e eu as vejo colocarem-se diante de Cristo com toda a vida, seus dramas, sua correria, todos os desafios e o desejo da construção no trabalho, mendigando d’Ele a realização e o sentido pleno de tudo, então, no silêncio denso daquele instante, dou-me conta com gratidão, diante do testemunho delas, de que coisa grande e genial é a invenção de Giussani! Que a Escola de Comunidade evidencie dentro do aqui-e-agora do nosso mundo de trabalho a grande e desconhecida Presença do Senhor de tudo. A Escola de Comunidade no ambiente é o lugar de encontro entre Cristo mendicante do homem e o coração do homem mendicante de Cristo.
Marina, Ribeirão Preto – SP

Fé: tensão exasperada
Caro padre Carrón, enquanto viajava para Roma para participar da Crisma de um jovem universitário, muito querido, lembrei de um velho amigo do Movimento que tinha se mudado para lá, com quem havia compartilhado muitos anos apaixonantes na universidade. Telefonei para ele e, depois das primeiras saudações, começamos a falar das “coisas normais”. Ele me perguntou: “Conseguiu trocar de carro? Está fazendo carreira? E em casa? Sua mulher conseguiu arrumar um emprego?”. Continuamos falando dessas coisas até chegar na entrada de Roma e desliguei com um gosto amargo na boca. Durante a cerimônia, celebrada pelo Cardeal Ruini, pensei naquele telefonema, naquela leve amargura que tinha me causado. Mas, por quê? Qual a origem dessa amargura? Então, lembrei-me do que o senhor disse na palestra de sábado à tarde, nos Exercícios da Fraternidade e disse a mim mesmo: “Será possível que falei com um velho amigo do Movimento com quem compartilhei o desejo de que Cristo fosse visível na universidade e nenhum de nós tivesse tido a coragem de dizer: E aí, como vai seu relacionamento com Cristo? Seu amor por Ele aumentou? Sua familiaridade com Ele aumentou? É mais fácil reconhecê-Lo no dia a dia?”. Nos Exercícios, o senhor disse: “Estivemos juntos e tudo foi bonito, mas ninguém sentiu a necessidade de dizer o Seu nome”, e mais adiante: “...falamos de Cristo no plano espiritual porque o concreto, para nós, é outra coisa”. Realmente é verdade: o concreto é outra coisa. Parece que depois de quarenta anos, a única coisa concreta, realmente real, seja o dinheiro que conseguimos ganhar e quanto poder conseguimos alcançar. Por isso, quero lhe agradecer por ter colocado no centro a questão fundamental, por ter nos lembrado que “a fé é essa tensão exasperada a reconhecer e dizer o Seu nome, Ele em ação no meio de nós”.
Davide, Avezzano – Itália

Padre Danilo
No dia 4 de maio, morreu padre Danilo Muzzin. Durante a homilia do funeral, padre Savino Gaudio disse: “Estamos doloridos porque não veremos mais o seu sorriso, mas não conseguimos estar tristes, porque aquilo que padre Danilo nos fez encontrar nunca nos deixará e, graças a ele, tornou-se uma profunda e doce certeza que inundou todos nós, o Paraguai e a Argentina”. Entre as muitas cartas que foram enviadas, publicamos esta, endereçada diretamente a padre Danilo.
Sempre me lembro da tarde do Batismo de nosso filho Fabrício, do qual conservo uma foto que está permanentemente na mesinha do nosso estúdio, lugar onde trabalhamos todos os dias e onde estão todas as fotos que nos dão força e estímulo para não nos distrairmos. Compartilhar o pouco tempo que o Destino escolheu para que o senhor nos acompanhasse aqui no Paraguai sempre despertava em mim esta pergunta: “O que esse homem faz aqui conosco? Por que uma pessoa tão interessante vem de tão longe para compartilhar seu tempo com uma tola como eu?”. Diante dessa pergunta sempre se pode dar uma explicação teórica, fazer um belo discurso, quase automático. Mas nada disso, no fundo do coração, pode responder à incógnita, que vai além da lógica e da teoria. O senhor, presente e empenhado com a totalidade da sua pessoa no relacionamento com o Mistério e, diante do Mistério, não há nenhuma explicação possível: pode-se apenas observar, olhar, perceber o Mistério e acreditar; todo discurso se reduz. O senhor, presença entre nós, sinal de um Outro: isto vale mais do que todas as palavras, as teorias e os discursos. É um encontro real e palpável com o Mistério insondável.
Violeta, San Lorenzo – Paraguai

Eu, “Tu”, Eles...
O final de semana dos Exercícios da Fraternidade em São Paulo coincidiu com o casamento de uma prima, muito próxima, em Recife. Decidi ir ao casamento e me organizei para participar dos Exercícios em Manaus. Foi uma experiência incrível a forma como o “Tu” resolveu vir até o meu “eu”. E isso aconteceu através “deles”... Ivana, minha prima, é casada com Sayed, um paquistanês que já mora no Brasil há muitos anos e foi a filha dele, Illa, quem se casou reunindo a nossa família com a família de Sayed. Todos os cinco irmãos dele vieram com as esposas. A coisa incrível é que éramos totalmente diferentes e absolutamente iguais. A começar pelo idioma – urdu – que é uma coisa de louco ouvir. Deus é mesmo criativo, pois não dá pra entender nem por mímica. Eles são mulçumanos então têm uma série de rituais para rezar, comer, dançar... Conversando com alguns deles (balbuciando o meu inglês ridículo) percebi como tinham o mesmo desejo de felicidade e de verdade que eu. De fato, não havia nenhuma barreira entre nós, nada nos separava, nem a crença, nem a cultura, nem o idioma, nada. Pensei: meu Deus, como você é grande! Tantos povos com culturas tão diversas e no fundo somos os mesmos: igualmente homens. Fiquei muito agradecida de ter ido com o coração aberto e em nenhum momento pensei que poderia ser “menos” estar lá. Para mim significou que o homem é feito com o desejo do Eterno e ali, entre eles, Cristo se tornou presença, companhia. A coisa incrível foi essa: que alguns mulçumanos tenham me falado de Cristo.
Isabela, Salvador – BA

Normalidade excepcional
Caro padre Julián, graças ao chamado de atenção de uma amiga que me disse que não podemos viver de renda, comecei a fazer Escola de Comunidade todas as manhãs. No início, não me dava conta, mas, agora, depois de cerca de três meses, percebo que se tornou o compromisso fixo matinal, o primeiro encontro da manhã, antes de me envolver nas mil coisas cotidianas. Sem perceber, é isso que está me mudando, que me ajuda a retomar consciência todas as manhãs, me re-cria a cada dia. Normalmente, meia hora depois eu me esqueço, quando começo a ralhar com os filhos ou quando as coisas parecem te sufocar e te afastar do coração, mas está sempre ali, pronta a se mostrar novamente à consciência porque, pouco a pouco, torna-se fundamento e, quando deixo uma fresta aberta, imediatamente se coloca como ponto de comparação, como ponto firme da razão. Eu não sei explicar melhor como acontece, mas sei que entro na classe e sou mais livre, livre para querer bem àqueles jovens assim como são e para mostrar-lhes que com Cristo a vida é mais saborosa; que aprender é bonito e que também o esforço do estudo é agradável se nos ajuda a entender mais a nossa experiência de homens e a realidade que nos circunda; livre para encontrar os amigos e contar aquilo que vejo acontecer diante dos meus olhos; livre para fazer Escola de Comunidade com os meninos dos colegiais e pedir que aconteça algo de interessante, antes de mais nada, para mim; livre para chegar em casa, à noite, cansada e, às vezes, com raiva, mas dizer com certeza “hoje também aconteceu algo excepcional”. Como diz Eliot “...bestiais como sempre... mas sempre em luta... e nunca tomando outro caminho”.
Antonella

Mudança de planos
Caro padre Julián, depois de participar dos Exercícios da Fraternidade, apresentou-se a ocasião de acompanhar uma colega aos Exercícios dos Jovens Trabalhadores. Ela iria a uma peregrinação a Medjugore na quarta à noite, mas por causa de um mal entendido não chegou a tempo para a viagem e, na quinta, chegou ao escritório muito triste. Pensava que Nossa Senhora não a queria lá (já era a segunda vez que, depois de ter pago um sinal, não conseguia viajar). Tive a idéia de lhe dizer: “Talvez nossa Senhora queira que você vá aos Exercícios Espirituais de CL”. Algumas semanas antes, de fato, eu a tinha convidado para o encontro, mas ela já tinha se comprometido com a peregrinação. Imediatamente, me disse sim. Já na primeira noite, foi surpreendente o impacto com a realidade que ela tinha diante de si: a maravilha pela forma do gesto, o silêncio, a ordem com a qual se entrava e saía do salão, tudo era fonte de pergunta. Depois, quando ela, que se chama Marta, ouviu a música “Marta, Marta, te inquietas e te preocupas com mil coisas, mas uma só é importante”, teve a certeza de ter chegado àquele lugar pelas mãos de Nossa Senhora. No sábado, acompanhou com muita atenção as palestras de padre Eugenio e me perguntou se existia algum texto onde pudesse encontrar alguma coisa daquilo que ele estava dizendo e que sentia como verdadeiro para sua vida. Eu lhe propus o livro da Escola de Comunidade. Ela o comprou junto com os livros de cantos e o das Horas porque queria acompanhar bem todo o gesto. À noite, o testemunho de Cleuza e Marcos Zerbini foi o “golpe de misericórdia” final, no verdadeiro sentido da palavra. Quando voltou para o hotel, me disse: “É como se durante 37 anos eu nunca tivesse experimentado musse de chocolate e, hoje, finalmente, experimentei. Nunca imaginei que pudesse existir uma coisa tão boa para mim. Onde estive durante todo esse tempo?”. Pediu-me para lhe dizer quando seria a próxima Escola de Comunidade e disse-me que gostaria de ir às férias com padre Carrón, da qual me ouvira falar. Assinou a revista Passos e, seguindo o que disse a Cleuza, marcou o dia e a hora destes Exercícios.
Luisa, Milão – Itália

Companhia surpreendente
Leandro do Rio de Janeiro enviou-nos esta carta que recebeu de um amigo.
Estou escrevendo primeiramente para agradecer pelo e-mail que me enviou. Acho que este gesto foi de grande ajuda para mim nesses primeiros meses do ano, até porque toda vez que eu o leio, ainda sinto a felicidade e a tranqüilidade de saber que eu não estou sozinho nessa situação e que Ele ainda se faz presente nos gestos e nas pessoas que eu sequer conhecia. Fiquei comovido com a parte em que você falou para sempre rezarmos para enxergar a positividade da nossa realidade, já que eu estava em uma época em que meu pessimismo estava alto, mesmo sabendo que o Senhor quer o meu bem. Eu insistia em pensar como seria possível querer o meu bem deixando meu pai adoecer tanto. Eu tinha abandonado o Movimento no momento em que mais precisava dele e acho que isso me fez esquecer o que realmente é bom para mim: a Companhia d’Ele, que sempre me ajuda a enfrentar a minha realidade. Estou ainda em uma fase de descobrimentos, sobre o que eu realmente quero para minha vida e eu o agradeço mais uma vez por ter me ajudado nessa busca. As coisas aqui em casa estão corridas. Meu pai foi internado e o hospital em que está não é perto de onde eu moro, então temos que apertar um pouquinho nossos horários, para conseguirmos fazer tudo e no final do dia irmos para o hospital. A médica conversou com minha mãe e falou que não existem muitas coisas a serem feitas agora para curá-lo a não ser aliviar um pouco a dor. O câncer se espalhou muito e pegou os ossos, que estão muito enfraquecidos, principalmente os da coluna. Pensei muito nisso ultimamente, pois eu e minha família começamos a preparar o meu pai para seu descanso. Mas conversando com a minha mãe percebi como meu pai foi corajoso em enfrentar essa doença e como Deus o ajudou a suportar todos os desafios da mesma e o está ajudando a enfrentar esse período. Ele sabe a própria situação. Percebemos que ele amadureceu e mudou sua visão da vida. Naturalmente, gostaria que ele continuasse vivo por muito mais tempo, entretanto, nossa preocupação agora é o melhor para ele, seja o que for. Ainda não consegui assimilar isso direito. Confesso que estou muito preocupado e nervoso, mas quando penso que Deus escolherá o que é bom para meu pai, que Ele poderá acabar com todo o sofrimento dele, eu fico mais aliviado, pois sei que posso sempre me apoiar n'Ele, porque Ele quer o melhor para meu pai, para minha família e para mim. E é aí que começo a ver a positividade das coisas.E é isso que não me deixa entrar em desespero. Eu acho que se existe alguma coisa que possibilitou o encontro de meu pai com Deus, foram as orações que todos os amigos fizeram por ele e a gratidão que eu e minha família sentimos por isso é uma coisa inexplicável, vai além da nossa medida.
Carta assinada

Cotidiano
Amigos, quero compartilhar com vocês o que tenho vivido nestes dias. Ontem o Francesco passou em casa e, durante o café, contou sobre o acontecimento que tem sido a participação da Cleuza e do Zerbini na comunidade de São Paulo. Como a Cleuza vive de forma simplíssima o que Dom Giussani nos explicou e explica nas Escolas de Comunidade. Lembrei da “maravilha” e do “Quem és Tu?”. O Francesco dizia que nosso problema, entre outros, é que nos apegamos aos resultados das nossas ações, que na Praça da Sé, vendo as pessoas da Associação montarem as faixas debaixo de chuva, lembrou-se de quando era universitário e ajudava na montagem do Meeting de Rímini, também debaixo de chuva, e se perguntou quando tinha sido a última vez que foi a uma Escola de Comunidade com o desejo de mudança, de que “Algo” acontecesse. Fiquei impressionado. Fomos à missa e depois nos despedimos. Em casa, presenciando mais uma vez a perda de paciência de minha esposa com nosso filho adotivo durante o “dever de casa” também perdi a paciência. Depois, chorando, liguei para alguns amigos: Marquinho, Benê e Nena. Contei o acontecido e pedi para rezarem por nós. Cada um respondeu positivamente, do seu modo; o Marquinho disse que estas pessoas me são dadas por Cristo para reconhecê-Lo presente. Demorei para dormir e hoje, cansado, após mais uma noite mal dormida, voltei à rotina: café da manhã, levar os dois filhos para a escola e vir para o trabalho. Depois de rezar o Ângelus com os moleques, não conseguia parar de rezar Ave Marias, e fui assim até o trabalho. Não é uma experiência modelo de acolhida, não sei se terminará do modo como, idealmente, desejamos, mas depois da ajuda dos amigos não posso deixar de reconhecer Cristo como condutor das nossas vidas. Não posso dizer que experimento uma maravilha, mas tenho certeza da Presença e da companhia de Cristo na minha vida, perdoando-me, consolando-me, sustentando-me, conduzindo-me.
Ray, Belo Horizonte – MG

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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