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Passos N.91, Março 2008

SOCIEDADE / POLÍTICA BRASILEIRA

Quatro critérios para julgar a política

por Francisco Borba Ribeiro Neto

A partir de nossa experiência e da Doutrina Social da Igreja nascem quatro critérios com os quais se posicionar diante de qualquer conjuntura política:

A centralidade da pessoa e do desejo que se encontra em seu coração. A política existe para realizar a pessoa e não o contrário. Mas o que é realizar a pessoa? Como não confundir a realização da pessoa com interesses privados? Para isso, precisamos estar atentos ao desejo mais profundo do nosso coração, àquele desejo de felicidade, beleza, justiça, que não se confunde com os desejos e necessidades parciais que o poder procura nos impor.

A educação da pessoa. Esse desejo de realização implica num processo educativo contínuo, que acontece não só através da instrução formal escolar, mas também na família, no trabalho, nos exemplos que vêm da vida pública. Por isso, um governo não está realmente construindo o bem comum se não apoiar e valorizar a família; se reduzir o papel da escola a seus aspectos técnicos, sem se preocupar com a globalidade do educando; se criar programas sociais assistencialistas ou eleitoreiros, que não colaboram para a educação e o desenvolvimento integral da pessoa.

O papel do Estado e o princípio da subsidiariedade. A função do Estado é apoiar as iniciativas que nascem da sociedade, valorizar o protagonismo dos sujeitos sociais, sua capacidade de construir o bem comum. O Estado deve subsidiar a sociedade e não determinar como a vida social deve acontecer. Por isso, políticas públicas centralizadoras, que acabam sufocando a criatividade e a iniciativa das pessoas – tanto no campo econômico como nos serviços – acabam não construindo o bem comum.

O pertencer a um povo como caminho para uma verdadeira ética na política. A ética que é capaz de vencer as tentações do poder não depende apenas de um esforço individual, mas da presença de uma companhia humana constante que permite permanecer fiel ao desejo de um bem maior e às intuições que estavam presentes no início da caminhada. Mas, para que isso aconteça, é preciso pertencer a um povo, a uma unidade que nasce de valores compartilhados e da compreensão que aqueles amigos são uma ajuda para a realização da própria vida.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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