Vai para os conteúdos

Passos N.90, Fevereiro 2008

EXPERIÊNCIA / UNIVERSIDADE DE NOTRE DAME - A COMUNIDADE DE CL

“Percebi que precisava de vocês”

por Juliet Jolv e Luigi Crema

A Universidade de Notre Dame tem um belo campus: os edifícios, os campos e as árvores desenham amplos espaços e de qualquer lugar pode-se visualizar a cúpula dourada da reitoria, a estátua de Nossa Senhora e o alto campanário da Basílica. As árvores, no outono, tornam-se douradas e as folhas caídas deixam lugar a uma camada de neve que, nos meses de inverno, cobre tudo.
Quando se pergunta a um estudante porque escolheu esta universidade, ouvimos as mais variadas respostas. Alguns desejam estudar aqui por causa do clima de unidade que se respira. Nesse sentido há um grande espírito de pertença: os ex-alunos (os alumni) incentivam os próprios filhos a conhecer “sua” escola e continuam a contribuir com os fundos que garantem bolsas de estudo.
Outros diriam que estão aqui pela forte vida cristã que desde a fundação faz parte da vida e do pensamento da universidade: associações, faculdades e iniciativas são caracterizadas pelo catolicismo e é possível acordar numa manhã e encontrar centenas de cruzes brancas plantadas num campo por causa de uma manifestação em favor da vida. Porém, não é apenas isso que torna Notre Dame particular: muitos desejam estudar aqui também por causa do prestígio da instituição. A seleção para entrar é severa. Aqui, dão aula professores de fama mundial como os filósofos Alasdair MacIntyre e John Finnis. A particularidade de Notre Dame está também nisso: é a única universidade católica que figura entre as melhores universidades norteamericanas. E nunca abandonou o pensamento e a tradição do catolicismo como elemento fundamental tanto dos professores como da vida do campus.
E foi nesse clima que, em primeiro de novembro, aconteceu um fato surpreendente. Cerca de trinta pessoas do Movimento encontraram-se para a Jornada de Início de Ano: foi celebrada a missa em uma capela e, depois, foram para uma sala da universidade, onde ficaram durante o resto do dia. Paolo Carozza, guia da comunidade, fez a palestra de abertura lembrando as razões pelas quais se reuniram para iniciar um novo ano social. Emily e Juliet mostraram a vibrante tensão de Van Gogh ao absoluto, projetando alguns quadros do artista e comentando-os com trechos tirados de cartas trocadas entre Van Gogh e o irmão Theo. Depois, Anna, italiana naturalizada americana, e Chris, calouro da Malásia, matriculado em Economia, testemunharam, respectivamente, como aconteceram os encontros deles com o Movimento. Para ela, foi a amizade com Luca, que ensinava italiano no seu colégio, na Itália. Mas a experiência há tempos abandonada, voltou a ser um relacionamento vivo com um amigo da Notre Dame. Para Chris foi o encontro com a Escola de Comunidade na universidade e a simplicidade de aceitar aquilo que lhe estava acontecendo: “O livro me parece ainda impossível de entender, mas todas as vezes que nos encontramos, fico tocado por aquilo que os outros dizem em suas colocações”. Por último, Giorgio Vittadini, convidado especial da noite, lembrou qual é a força da nossa companhia: a pessoa de Jesus, fisicamente conosco, não como uma fábula, mas visível nos fatos, nos sinais e nas pessoas que ao nosso lado tornam evidente a Sua presença.
Isso, porém, é só o ultimo dos fatos acontecidos em Notre Dame. No ano passado, por exemplo, para o encontro com padre Lorenzo Albacete, com um jantar italiano, encontraram-se no campus as comunidades de Illinois, Indiana e de Michigan, e Luca e Francesco tiveram que preparar um jantar para oitenta pessoas. Podemos citar, também, as atividades noturnas (activities night) do início de setembro, quando Anna, Andrew, Juliet, Blair e Greer prepararam um estande por onde passaram muitos jovens e explicaram, ao microfone, nos segundos a que tinham direito, em que consiste a própria associação (e não é muito fácil dizer o que é o Movimento em menos de um minuto). A promoção destas atividades foi a ocasião em que as mais variadas associações presentes na universidade reuniram todos os estudantes em um ginásio e o grupo de universitários de CL (CLU) era o único Movimento religioso presente. De fato, desde 2006 a universidade reconheceu oficialmente o CLU, pelo fato de que, em vez de afastar os jovens da vida universitária, é uma experiência que os ajuda a entrar nela com mais paixão e verdade.
Na Notre Dame também acontece a via-sacra que, há alguns anos reúne, na Sexta-Feira Santa, pessoas do Movimento ou não, provenientes também da vizinha cidade de South Bend, em silencioso caminho em torno de um lago do campus. Há, ainda, a cotidianidade das Laudes, pela manhã, a Escola de Comunidade semanal e a urgência em compartilhar a vida de cada dia. Assim, também na Notre Dame, o encontro com Giussani começou a gerar entre Paolo e alguns jovens uma comunidade de amigos que desejavam viver cada vez mais o encontro com Cristo, e o faziam pelos jantares juntos, o estudo e a vida cotidiana. Porque, também neste forte espírito de pertencer à Notre Dame, às vezes sincero, outras mais superficial, permanece a necessidade de uma autêntica companhia guiada ao destino.
Acontecem, ainda, fatos menos evidentes, mas nem por isso menos significativos. Por exemplo: o fato de uma pessoa, depois de se deparar nestes anos com alguns do Movimento, cede à semente plantada tempos atrás, procurar um livro de Giussani na biblioteca e dizer a um amigo: “Gostaria de entender o que é CL: também encontrei o site, com um discurso de Ratzinger. Não são fanáticos, o discurso era sobre a beleza: li coisas interessantes, que me agradaram”. E, assim, começou a se encontrar com a comunidade. Ou o caso de uma jovem que aceitou o convite para a Jornada de Início de Ano e, algumas semanas depois, disse a um amigo: “Percebi que, na verdade, precisava de vocês”.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

Volta ao início da página