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Passos N.81, Abril 2007

EXPERIÊNCIA - Brasil Jovens Trabalhadores

Aprendendo um novo olhar

De 25 a 28 de janeiro foram realizadas as férias nacionais dos Jovens Trabalhadores (JT) em Diamantina – MG. Participaram quarenta jovens provenientes das comunidades de Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. A seguir, algumas cartas que testemunham a experiência vivida naqueles dias


Essa experiência serviu para eu sentir que Deus age na simplicidade! Escutei e li exatamente o que eu precisava. Foi importante saber que eu posso começar de novo, “ter meu novo início”, que a brasa que tenho em meu peito poderia ser reavivada – e de fato foi! Cada minuto foi importante, a caminhada para a cachoeira, o silêncio e a contemplação da natureza serviram pra que eu percebesse que a criação de Deus é perfeita e que eu, simples mulher, faço parte dela, e essa é a grande prova do amor que Deus tem por mim! Valeu!
Heloísa (Brasília)

Destas férias em Diamantina, não esperava muita coisa, verdadeiramente. Fui somente pelo meu desejo de algo mais, de ser feliz e por uma obediência àquilo que me era proposto. Logo no primeiro momento, Bracco nos provocou com uma pergunta: “Por que estamos aqui?”, “O que espero destes dias?”. Essas perguntas abriram meu coração e comecei a pensar em cada coisa que me aconteceu até aquele momento. Se não fosse por uma urgência de que acontecesse uma beleza, não valeria a pena ter saído de casa!
A partir daquele momento, rezava para que acontecesse essa beleza para mim. Cada circunstância foi um sinal de Cristo. Conversei muito com o Rafael, de São Paulo, e com o Adriano, de Salvador. Falamos sobre nossos trabalhos, sobre nossas famílias, enfim, eles foram presenças significativas naqueles dias, e creio que para sempre. Fiquei comovida pela maneira de eles falarem do Movimento e de relacionarem suas experiências com cada fato que vivenciávamos. O bonito é que não era assim somente comigo, mas com cada um que ali estava.
Rezamos, cantamos, fizemos passeios e, diferente do que havia experimentado outras vezes, tudo me revelava Cristo. Estávamos juntos para compartilharmos nossas experiências e compararmos com aquilo que de verdade nos corresponde. Isso não foi fácil, mas era uma possibilidade que nos foi dada. Eu arrisquei estar nesta companhia, assim como no dia-a-dia temos que arriscar, dar um passo rumo ao infinito.
Um dia antes de viajar para as férias, recebi uma grande proposta de mudar de trabalho. Não fiquei tão feliz como hoje, depois que voltei das férias. O medo não me deixou ver a beleza daquilo que estava acontecendo. Cristo me chamava a Ele, cada vez mais, a começar pelo trabalho. Entendi, fazendo experiência, que as coisas nos são dadas para um bem muito grande, e isso inclui tudo, o trabalho novo, o namorado, a família, os amigos, a companhia do JT, enfim, tudo. É preciso ir a fundo e olhar a realidade assim como ela é, julgar tudo e ver se me corresponde ou não.
Como disse Rosa, “Só se estiver louca, posso esquecer aquilo que o Movimento é pra mim, o que Dom Giussani é para mim”. Esta companhia me abre os olhos, me faz preferida, escolhida e abraçada com tudo aquilo que eu sou. No JT, encontro esta companhia que me recebe com todo o meu limite, com todas as minhas dificuldades. Tenho muito a agradecer por tudo que estou vivendo e aprendendo com Silvana, Alípio, Nena, Douglas e Rosa, por exemplo. O meu desejo é de grudar nessas pessoas, de recomeçar, de aprender aquilo que eu penso já saber, de ser sincera com o meu destino, de viver cada dia como se fossem as férias, não vai acabar!
Daniele (Belo Horizonte)

As férias foram muito bacanas, pois me identifiquei bastante. Estava vivendo da forma como Carrón falava, moribunda. Ia à Escola de Comunidade, mas não saía de lá de outra maneira, saía como antes, estava mesmo parecendo só mais uma coisa a fazer. E fiquei muito impressionada quando o Bracco dizia que até a insatisfação era porque Ele me escolhia, me preferia, pois viver da maneira como eu estava me incomodava, eu queria mais. Então chegou o momento das férias e de decidir se iria ou não. No primeiro momento, me deixei levar pela questão do dinheiro e, como decidi me casar, teria que economizar. Mas, no fundo, tinha aquele desejo de que a brasa da qual o Carrón falara reacendesse, e decidi conversar com a Rose para que ela me ajudasse a julgar melhor as coisas. Eu dizia pra ela como estava me sentindo e a esperança de que, nas férias, eu pudesse mudar, que pudesse reacender essa brasa. Depois da nossa conversa, decidi que iria com o coração aberto para que isso pudesse acontecer. E foi muito bonito, porque é um momento em que a gente se dá conta de muitas coisas que o dia-a-dia nos faz passar por cima. É mesmo uma outra maneira de olhar pra tudo. Vinha pensando que passamos esses dias juntos e, cada gesto que era feito, era indo a fundo em tudo, e isso nos torna mais feliz. Voltei com esse desejo de ir fundo em todas as coisas, em cada detalhe, como foi nesses dias, porque não quero viver menos que isso. É isso que desejo nesse novo início.
Fabinha (São Paulo)

É comum dar tudo como óbvio e foi com essa postura que fui para as férias, esperando nada. Eram férias! Eu iria rever todos os meus amigos, iríamos passear, nos divertir. Mas Ele, mais uma vez, veio, surpreendentemente, ao meu encontro e também ao encontro de todos os que estavam lá, desde os que tinham ido pela primeira vez, até os responsáveis.
Foram dias bonitos, cheios de experiências. Nós nos demos conta desse novo início de que Carrón falara. Tivemos momentos maravilhosos, como o dia da caminhada, em que todos estavam atentos uns com os outros. E no momento do silêncio (fizemos, de verdade, 15 minutos de silêncio, caminhando!!!) pudemos perceber a beleza que nos foi dada. O Andrea me disse que Cristo pensou em tudo, até mesmo num capinzinho que quase não notamos e que, dentro de uma paisagem grande e, às vezes, hostil, aparecia uma flor bela, como se nos dissesse: “Eu, Cristo, fiz tudo isso para vocês!”. Ao olhar para o lado e ver meus amigos maravilhados, em silêncio, era impossível não pensar no porquê de estarmos juntos naqueles dias, senão para dizer sim a Ele, senão para agradecer a Ele.
E depois, conversando com o Bracco, ele me explicou que a caminhada era para percebermos que a fadiga e o cansaço não são inúteis, são para alcançar uma beleza, um objetivo. E, depois de uma hora de caminhada juntos, tivemos, como presente, uma cachoeira linda e, ali, conversamos, brincamos, cantamos. Na vida, é assim também. Temos todas as fadigas do dia-a-dia, a faculdade, o trabalho, a casa que temos que cuidar, mas estamos juntos, nos ajudando, dando juízos sobre as coisas que fazemos e que acontecem para lembrar e ter vivo o sentido, o objetivo, o significado de tudo.
Conhecer a Rosetta foi um marco do novo início para mim. O testemunho que ela deu sobre a caritativa foi a possibilidade de estarmos mais próximos de Dom Gius, porque ela estava lá quando tudo começou, ela foi uma das primeiras. Ela contou e jurou que, seguindo, nos tornaríamos grandes, porque enfrentaríamos as coisas com o olhar diferente, como uma doação. E vi despertar em mim esse desejo, o desejo de doar gratuitamente tudo, através da caritativa, para Ele! Colocar tudo nas mãos de Cristo, sem medo de deixar que Ele entre e me responda. Vê-la maravilhada, emocionada, depois de mais de 40 anos de Movimento, encheu meu coração de esperança, me maravilhou também! Foi como a possibilidade de que daqui a 30, 40, 50 anos, sei lá, eu também esteja feliz assim, como ela, e me emocione pelo meu começo no Movimento.
Voltamos desejosos de viver essas coisas, de fazer bem nossa Escola de Comunidade, de cuidar melhor da nossa caritativa. E pude ter a certeza disso que falei na reunião que tivemos depois das férias, porque vi que o meu desejo era o desejo de todos. Éramos gratos por aqueles dias, éramos gratos por nossos responsáveis, Bracco e Andrea, éramos gratos por sermos preferidos.
No último dia, queria voltar para fazer experiência dessas coisas no meu trabalho, na minha faculdade, queria contar tudo para a minha amiga Rafa e meu amigo Cassius que não puderam ir conosco, queria contar para minha mãe, para minhas irmãs. Queria que Cristo fosse presente com eles, como foi presente para mim durante aqueles dias.
Luciana (Rio de Janeiro)

Antes das férias eu estava meio desanimada, com um monte de motivos bobos pra não ir, mas insisti comigo mesma porque eu sabia que ia ser bom pra mim, e que o que ia ser dito lá seria como se tivesse falando só para mim, e eu ia voltar com o coração cheio de novidade. Às vezes penso que não mereço todas as coisas bonitas que Deus colocou na minha vida, como os amigos que tenho, que me ajudam a caminhar, e também um namorado compreensível que me ajuda.
Vivo uma experiência bonita com uma família que me acolheu e me mostrou com paciência e simplicidade o que eu nem sabia que existia, os verdadeiros valores da vida e a viver Cristo em tudo. E, nas férias, me aconteceu uma coisa bonita que me reacendeu a chama: eu achei aquilo que o meu coração procurava há muito tempo e nem eu sabia o que era. Havia uma parte do meu coração que não consigo entender porque nada no mundo preenche, nem mesmo estar com a pessoa amada. Eu achava que nunca ia ser feliz, porque estava feliz, mas um pedacinho do meu coração às vezes era vazio, mesmo estando com a pessoa que eu mais amava no mundo. Diante daquilo que o Bracco dizia, que, quando a gente sentia esse vazio, era porque o nosso coração foi feito para o infinito, e que nenhum homem no mundo ia mudar isso, e que nós éramos abençoados por sentir esse vazio, essa era a resposta para a pergunta que meu coração gritava e eu não entendia. Mas voltei das férias com essa alegria no peito e agora não vou mais ficar triste quando sentir esse vazio. Obrigada a alguém que me ajudou a entender o desejo infinito que há no meu coração.
Neide (Belo Horizonte)

No ano passado, durante os Exercícios Espirituais do JT e dos universitários, nosso amigo Bracco nos provocou na primeira noite a respeito do silêncio. Mas eu não entendia o porquê de ir para os quartos e ficar em silêncio, porque entendia que é conversando e convivendo com os meus amigos que eu sinto a presença de Cristo. Quando os Exercícios terminaram, eu ainda não tinha entendido.
Nestas férias nacionais, em Diamantina, na sexta pela manhã fizemos uma caminhada até uma cachoeira. Durante o caminho, o Bracco, novamente, nos provocou para que fizéssemos 15 minutos daquele trecho em silêncio, para olharmos aquela natureza que nos tinha sido dada. E eu pensei: “Nossa! Mais uma vez essa provocação assim, que me deixa muito confuso. Não dá mais”.
Mas, caminhando, me perguntava: “Se isto me foi dado, por que não seguir essa coisa que pode me corresponder?”. Em certo momento, senti meu coração vibrar como nunca tinha sentido antes. Olhei ao meu redor e percebi que Cristo estava presente entre nós. Depois dos 15 minutos, a turma encerrou o silêncio, mas eu, que nunca tinha entendido o porquê de fazer o silêncio, continuei calado por mais tempo para poder agradecer a Cristo por aquele momento inesquecível vivido ali, junto com meus amigos.
É esta experiência que estou levando para o meu dia-a-dia e que tem me ajudado muito nessa nova caminhada.
Wellington/Nego (Belo Horizonte)

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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