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Passos N.80, Março 2007

RUBRICAS

Cartas

pela Redação

“... e ainda tenho muita vontade de cantar”
Caros amigos, finalmente, voltei para casa depois de um mês internado. Estou muito contente por estar vivo e porque estar na própria casa é uma experiência sempre gratificante. Além do mais, todos os casais sabem que, quando a mulher está contente, o marido também está. Esta casa, a casa que desejei durante tantos anos, volta a ser um lugar de encontro com muitos amigos. Desagrada-me não poder receber todos aqueles que querem vir me visitar por causa de motivos técnicos óbvios e, sobretudo, por causa dos cuidados e terapias que, diariamente, estou enfrentando. Chegam-me, diariamente, de todo o mundo, sinais de afeto aos quais reconheço e sou sempre grato. Peço que continuem a sustentar esse momento de sofrimento unido ao mistério, para que eu tenha fé e esperança no Pai. Não posso dizer quantas de minhas canções tenho redescoberto e quão mais a fundo tenho compreendido a gratuidade do dom que recebi. Desejo, dentro do possível, retomar minhas atividades, inclusive no que diz respeito às músicas e aos concertos, “...e ainda tenho muita vontade de cantar”. Peço a Deus que me dê, quando quiser, essa possibilidade. Estou cada vez mais convicto e alegre com o que até agora Deus me chamou a ser e a dar e, realmente, acredito que a continuação de vossas orações e vosso afeto são essenciais na confirmação, dia após dia, da minha vocação e do apoio à minha família. A todos, mesmo que tardiamente, os votos de um Santo Natal e de um bom início de ano. Com afeto e gratidão,
Claudio Chieffo,
Forlì – Itália


Tocar o coração
O único momento do último Encontro de Educação de que pude participar foi a assembléia final, feita pelo educador italiano Fabrizio Foschi. Eu estava certa de que ele ia falar sobre os projetos existentes como resposta aos anseios sobre problemas na escola, no trabalho, na família. Foi uma enorme surpresa escutar que o ponto era tocar o coração do outro (aluno, no caso) a partir do encontro com a pessoa mudada (professor, no caso). Então, pensei comigo, que aquela experiência que eu começava a ter com os alunos, tão simplória e incipiente, era o começo da resposta. O caminho estava certo. Isso me provocou a contar uma pequena experiência que aconteceu agora no último semestre de 2006. Eu leciono na disciplina de Imunologia Aplicada, Modalidade de Análises Clínicas, no curso de Farmácia. Faz dois anos que tenho um projeto de extensão universitária em um bairro pobre do município de Caucaia (limítrofe de Fortaleza), que nasceu a partir do encontro com o padre Angelo Stefanini, presidente do Instituto Madonina del Grapa. Alguns meses atrás, decidi lançar uma proposta aos meus aluno, no escuro, mas com um desejo grande, de eles darem aulas de campo para os moradores daquele bairro como atividade curricular obrigatória. Depois de refletir muito, retirei o caráter obrigatório, de forma que a liberdade fosse priorizada. Até o padre foi reticente quanto à proposta, no entanto, aos poucos, rezando e confrontando, conseguimos viabilizar a idéia. Deixei os alunos completamente livres para prepararem as aulas de tuberculose e hanseníase para grupos de adolescentes, agentes de Pastoral, etc. Foram em grupos de 3 ou 4 sempre acompanhados por mim. Cada vez uma grata surpresa. Primeiro, ficava evidente a unidade entre o padre, os funcionários do Instituto e eu. Tudo era confrontado e devidamente organizado (desde a sala, os equipamentos, o público alvo). Cada um no seu temperamento, mas cada dia um milagre. É muito difícil expressar em palavras, mas cada um que foi lá sentiu-se tocado. Não era preciso falar muito para eles se darem conta de algo a mais. Por outro lado, como aprendemos com o Movimento, eu sempre procurava dar as razões do gesto que estávamos fazendo, sem falar em Cristo, simplesmente os ensinando a olhar para a realidade. Nesse jeito de olhar eles acabavam se dando conta de que tinha algo a mais. No final do semestre, um deles disse à classe que se sentia uma gota no oceano, mas que sentia que essa gota tinha sido para a construção de algo que podia mudar a realidade e agradeceu-me por essas atividades. Outros ficaram tão impressionados que se dispuseram a ir novamente e a ajudar nas aulas em um curso de extensão que será dado ao longo de 2007 para os moradores. Desta forma, posso dizer que a síntese do Encontro de Educação foi uma das coisas mais belas que escutei no ano passado e que valeu ter ido no encontro, mesmo para ter tido tempo só de ouvir o que significa tocar o coração.
Aparecida,
Fortaleza – CE


Lendo Bento XVI, o Batismo
Caríssimo padre Carrón, há alguns meses fiz amizade com uma jovem que conhecia de vista há muitos anos, mas com quem nunca tinha tido a ocasião de aprofundar um relacionamento. Pouco tempo depois de tê-la conhecido, disse-me que seria batizada na noite de Páscoa e me pediu para ser sua madrinha. A sua história é inacreditável porque a família, de crença iluminista-agnóstica, nunca permitiu que ela tivesse uma educação cristã, mas ela, pelo estudo da Literatura Italiana e da História da Arte e lendo os textos de Bento XVI sobre a relação entre fé e razão, pediu para entrar para a Igreja. No dia da Epifania, foi apresentada como catecúmena e, naquela ocasião, apresentando-se à assembléia, disse que reconhecia a identidade cristã da Europa e que acreditava que somente afirmando essa identidade é possível um diálogo verdadeiro entre as culturas. Por um lado, me impressionou perceber que o convite do Papa para alargar a razão, se levado a sério, pode mudar a vida de uma pessoa, e, por outro, sou grata a Dom Giussani por me ajudar a reconhecer a total razoabilidade da nossa fé.
Caterina,
Pavia – Itália


Descobrindo Dom Giussani
Carta recebida pela redação de Passos.
Louvado seja Jesus Cristo! “As nações de toda a Terra hão de adorá-Lo”, repete incessantemente a Liturgia deste dia. Como não adorar Alguém tão grande que não hesitou em ser pequeno, misericordiosamente pequeno...? Há algum tempo, graças a uma benfeitora, nossa Comunidade recebe a revista Passos. Sempre lia um ou outro artigo, simplesmente porque achava-os “interessantes”. Com a morte do amado Papa João Paulo II, lendo e relendo sua história, vi sua estima por Dom Giussani. Ora, se é estimado por João Paulo II então também o estimo, pareceria o raciocínio lógico ... e assim acabei me interessando mais por Dom Giussani como forma de me aproximar de Papa João Paulo II. É verdade que Dom Giussani havia falecido há pouco, mas ainda o sentia vivo nos escritos que Passos reproduzia de suas reflexões e exposições. Foi precisamente lendo em Passos trechos de tudo o que aconteceu no Meeting de Rímini, viver por algo que está acontecendo agora, que senti uma grande proximidade com tudo o que é, ou o que tenho lido em Passos, de Comunhão e Libertação. Como é necessário estarmos presentes à Presença! Não importa muito o que fazemos, mas com Quem fazemos, para quê fazemos... Pouco importa se varro a rua, o convento ou a Prefeitura, o que vale é ter consciência de que o meu varrer constrói o Reino de Deus, senão não serve. Lendo o texto de padre Carrón publicado na Página Um de dezembro senti grande interesse de ler o texto da Assembléia Internacional de Responsáveis: “Memória, método do Acontecimento”. Ainda se fosse possível gostaria de ter contato com algum livro de Dom Giussani. Deus lhes pague pela atenção. Que por intercessão da Virgem Maria, Nossa Senhora do Presépio, que em silêncio nada perdia do inefável Mistério de Deus feito homem como nós e entre nós, também estejamos atentos, maravilhados com tal Mistério.
A prece sincera da
Irmã Luciane da Cruz
Santos - SP


Um olhar vencedor
Caríssimo Carrón, há algum tempo, minha nora, neuropsiquiatra infantil, que trabalhava em um hospital na entrada de Milão, pediu demissão porque decidiu trabalhar em outro hospital. Ela cuidava de muitas crianças que tinham famílias com grandes problemas e muito sofrimento. Comoveu-me o que me contou sobre o seu último dia de trabalho, porque teve que dizer a uma mãe muçulmana, que foi buscar o filho, que seus encontros não aconteceriam mais. Elas se abraçaram chorando porque entre elas tinha nascido um relacionamento de estima e afeto. Uma cristã e uma muçulmana puderam se afeiçoar, independente das barreiras ideológicas, porque o olhar de uma pessoa amiga que te acolhe e te ama vence tudo.
Gabriella,
Milão – Itália


Infiltração positiva
Caro padre Julián, trabalho na filial de um banco. Poderia definir o ambiente bancário como sendo um pouco “estéril”; quer dizer, para qualquer coisa que aconteça ou para qualquer opinião que se exprima, ninguém tem reação alguma, não há nenhuma tomada de posição, sempre se está de acordo com tudo e com todos, seguindo a idéia da maioria. Trabalho lá há sete anos e sempre me senti incomodado e desconfortável para propor eventos ou encontros por causa dessa indiferença dominante. Este ano, porém, fiz a proposta da Coleta do Banco de Alimentos. Dois colegas meus trabalharam em um turno comigo e os outros fizeram doações. Alguns dias depois, contando a eles como nasceu o Banco de Alimentos, despertou em nós a exigência e o desejo de “fazer algo” juntos. Assim, escrevi um e-mail a todos propondo uma adoção à distância da Avsi. Todos me responderam positivamente e com entusiasmo; e, assim, mesmo naquele famoso ambiente estéril, aconteceu “uma infiltração positiva”.
André,
Fagnano Olona – Itália


Permanecer na experiência
Carta recebida na rede de e-mails dos universitários de CL (CLU) no Rio de Janeiro.
Amigos, gostaria de agradecer os e-mails (e torpedos) pós-férias. Lendo o que vocês escreveram, comecei a me perguntar o que tinham sido as férias. Percebi que, quanto mais eu olho para aqueles dias, mais emerge a beleza e a excepcionalidade do que vivemos. Agora, toda vez que me lembro da Rosa Branca não consigo deixar de pensar como estamos próximos. Porque a amizade que nasce entre nós é tão humana quanto à deles. E porque Aquele que os sustentava, que os sustentava minutos antes da execução, serenos daquele jeito (“Um dia tão bonito e eu tenho de ir embora”, dizia Sophie) é Aquele que encontramos. E, então, vejo que penso neles (Hans, Sophie, Christoph, Alex, ...) como amigos do CLU de uma cidade longe, aqueles amigos que vemos raramente, mas que mostram que vivemos uma só coisa em Cristo. E eu escrevo isso, faço questão de escrever, porque, quando a idéia da Mostra surgiu, eu me lembro de pensar (como comentei com alguns) “Mas fala de jovens da Alemanha nazista... que é que isso vai me interessar? Como isso vai interessar a alguém?”. E, por isso, agradeço ao Cassiano: ao seu olhar simples que logo percebeu a beleza da Mostra. Depois, conversando com algumas pessoas nas férias (Afonso, Léo, ...), entendi o valor da experiência. Entendi que se, entre nós, queremos testemunhar, comunicar alguma coisa que não a experiência, não vale de nada. Nada. Porque quando se tem um coração com desejo de Infinito, não é que se possa falar qualquer coisa. Ou se fala da experiência, de um Fato que aconteceu, ou então é bobagem. Perde-se tempo. Porque só um Fato, um acontecimento, pode mudar alguma coisa, pode mudar a nossa vida. Por isso agradeço também pelas colocações e pelas perguntas que vocês fizeram na assembléia. Pois o desejo de vocês, o ímpeto de vocês, em se colocarem ali, testemunha uma excepcionalidade que vocês encontraram. A mesma que eu encontrei. Por fim, não posso deixar de me surpreender com o afeto que cresce em mim por essa companhia. Por encontrar vocês. Por estarmos juntos e, de algum jeito, Cristo também estar. Eu me pego hoje desejoso de encontrar vocês (sim, eu sei que nos encontramos quase todos ontem...). Pergunto pro Leandro se alguém combinou alguma coisa. Não, não tem nada marcado pra hoje. E, saindo do estágio, não é que dê pra marcar muita coisa. Então encontro com a Maurine e com o Marco no Centro, e voltamos juntos pra casa. E aí percebo como Deus é atencioso. E agora, escrevendo esse e-mail, lembro da palavra ‘escola’. Escola (do grego scholé) que significa lugar da alegria da alma. Lugar da alegria da alma. Escola de comunidade. Esse me parece ser um nome bastante adequado para quando nos encontramos. Abraços a todos e obrigado por não me deixarem passar distraído,
Dot,
Rio de Janeiro – RJ


A “terra santa”
Caro padre Carrón, o encontro com um amigo, totalmente inesperado e longe dos meus habituais interesses, me levou pela primeira vez a trabalhar junto com meu marido e outros oito amigos na Holy Family, Hospital de Nazaré, para ajudá-lo em seu trabalho. Éramos quase todos aposentados – mas ainda com muitos compromissos –, e tínhamos a experiência da organização do Meeting de Rímini desde 1980. Assim, em novembro de 2004, partimos para a primeira “aventura”. Desde então, passaram-se dois anos, e voltamos à Terra Santa outras quatro vezes. Além de Nazaré, trabalhamos em Jerusalém, Cafarnaum e Magdala para os Franciscanos e, em Betânia, para Samar. Fizemos os trabalhos mais impensados e, nos finais de semana, íamos visitar os Lugares Santos. Que recolhimento e que emoção poder estar dentro da gruta da Anunciação, no Sepulcro ou no Calvário com calma e em silêncio e poder voltar todos os dias para a missa ou para rezar o Angelus! O que permanecia em mim, depois de cada viagem, era um revigorado amor a Jesus e à Igreja, uma afeição profunda à Terra Santa e grande reconhecimento e estima por quem cuidou fielmente desses lugares, também para mim, através dos séculos. E todas as vezes se renova um dom, uma Graça e um privilégio que dá arrepios. Muitas vezes me perguntei se seria necessário ir até lá para amar mais as minhas raízes, para viver a memória de Jesus e torná-la mais viva e real... e me respondi que é verdade que cada um tem dentro de si, onde quer que seja, a sua Terra Santa, que é como a marca indelével de Deus no coração pela qual, sendo reconhecida, tudo pode ser e é “terra santa”: a casa, a família, as ocupações de cada dia. Mas é também verdade que se as circunstâncias oferecem a possibilidade de nos comovermos no Sepulcro de Cristo, colocando a mão no Calvário, tocando a rocha onde a Cruz foi erguida ou olhando o pôr-do-sol da casa de Pedro no Mar da Galiléia; benditas sejam essas circunstâncias! O retorno a Rímini não foi uma ruptura. Há uma continuidade na vida da minha comunidade, na companhia mais próxima de alguns amigos e no trabalho do Meeting, mas, na maior parte do tempo, me acompanha o olhar comovido que aprendi lá e que me faz pedir todos os dias ao Senhor para mantê-lo em mim.
Tiziana,
Rímini – Itália


O Seu olhar sobre mim
Caro Carrón, escrevo para testemunhar a minha experiência no Movimento. Faz quase um mês que faço parte dele e devo dizer que a minha vida está mudando radicalmente. A coisa que mais me maravilhou foi o modo como encontrei essas pessoas. Até pouco tempo atrás, eu era quase completamente sozinha, não tinha mais vontade de sair, as amigas estavam sempre ocupadas e as ocasiões para estar juntas diminuíam dia a dia. Infelizmente, alguns eventos acontecidos nestes últimos três anos me fizeram perder a esperança e a vontade de lutar; por isso, tinha decidido dedicar-me de corpo e alma somente à universidade, mas, não obstante os ótimos resultados, percebia que isso ainda não bastava para me fazer alcançar a serenidade interior que desejava. A única coisa que me confortava era a fé e a confiança na obra e na grandeza de Deus. Lembro-me, como se fosse ontem, de ter pedido a Ele que me desse a possibilidade de encontrar novos amigos, de poder encontrar algumas pessoas às quais dar afeto e com as quais pudesse ser totalmente eu mesma, sem ter necessidade de vestir, a cada dia, a máscara da menina sorridente que, na verdade, quando voltava para casa, sentia a tristeza tomar conta de tudo. Não havia nada que pudesse me surpreender até que, um dia, por puro acaso, duas colegas da universidade, a quem eu conhecia só de vista, me convidaram para uma festa. No início, fiquei muito indecisa, pensava que seria mais uma daquelas festas habituais das quais não gosto muito de participar. Mas o Senhor, evidentemente, tinha escutado minhas palavras, decidindo dar-me aquilo de que tinha necessidade: pessoas verdadeiras. Foi assim que, depois daquela noite, comecei a participar das reuniões de Escola de Comunidade e decidi participar dos Exercícios Espirituais dos universitários. Ainda não sabia como me comportar, o que devia dizer ou fazer, mas decidi, pela primeira vez, me lançar e fui para Rímini. Foram três dias intensos, e as suas palavras me desarmaram totalmente porque cada frase apenas confirmava que tinha feito a escolha certa quando dei confiança às minhas amigas e quando me lancei, sem nenhum preconceito, nas conversas com elas. Foi um verdadeiro milagre, tinha uma grande necessidade de amigos sinceros, mas jamais imaginaria tudo isso: um caminho tão construtivo e maravilhoso ao mesmo tempo. Não sei o que fiz para merecer seu afeto, sua bondade e confiança, só sei que, pela primeira vez, vivo mostrando-me do jeito que sou realmente e não por aquilo que os outros gostariam que eu fosse. Agora, vejo que, embora tenha passado pouco tempo, estou começando a apreciar mais a vida sem ficar pensando sempre no futuro ou no passado, mas aproveitando cada instante como se fosse um dom do Céu que não deve ser desperdiçado, porque percebo que esses momentos não voltarão mais. Sempre acreditei que Deus existisse, mas só agora me dou conta do quanto Ele é grande e do quanto é bonito e, ao mesmo tempo, é inexplicável sentir o seu olhar e o seu abraço pousar também sobre mim. Não sei o que o futuro me reserva, mas não quero pensar nisso; o que entendi é que eu também existo e, por esse dom, devo agradecer a misericórdia de Deus. Por isso, agora, para mim, começou uma nova vida, composta de um caminho voltado a alcançar aquele sentido de plenitude do qual você mesmo falava nos Exercícios, na companhia de algumas pessoas admiráveis com as quais decidi “estar” e às quais estou me dando inteira, porque percebi que não querem nada em troca, mas são pessoas sinceras, capazes de me doar aquele sorriso que, desde que as conheci, se desenha a cada instante, inconscientemente, no meu rosto.
Sonia,
Reggio Calabri – Itália


Vem e vê
Caro padre Carrón, no ano passado, quando voltei de uma peregrinação a Medjugorje, recebi um convite: “Vem e vê”, e foi assim que encontrei o Movimento. Agora, posso dizer que o encontro com esses novos amigos foi o dom de Maria em resposta às minhas orações. Sem esses amigos, não saberia enfrentar com um olhar benigno a realidade que estava e que estou vivendo. Depois de anos de violência e opressão, eu e meu filho moramos sozinhos, mas, graças exatamente a esse sofrimento, a “esse marido” que continua a me atormentar, tive o meu encontro verdadeiro com Cristo. Agora, continuando a viver a minha dor, posso afirmar que o meu casamento foi uma graça. Posso olhar para trás e não ver um casamento falido: eu fiz a minha promessa diante do Senhor e, por isso, posso mantê-la. Hoje, muito freqüentemente, nos esquecemos que aquilo de que temos necessidade é Cristo e, talvez, por isso assistamos à destruição de tantas famílias. Se não vemos Cristo no nosso companheiro ou companheira, seja no bem ou no mal, será cada vez mais difícil ficar juntos; cedo ou tarde, encontraremos defeitos insuperáveis e não será mais tão bom e tão bonito porque não é disso que o nosso coração precisa. Um agradecimento de coração a todos os amigos que nos apóiam com orações e convites e, sobretudo, à pequena Fraternidade da qual faço parte há pouco tempo, mas que parece que conheço desde sempre. São uma família para mim e para meu filho: é verdade que o Senhor dá uma família a quem não a tem! Conosco aconteceu.
Carta assinada

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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