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Passos N.113, Março 2010

RUBRICAS

A história

A Companhia

O carro estava lotado. Caixas e sacolas, pacotes de macarrão e latas com alimentos não perecíveis. Esparramados por todos os cantos, além do porta-malas. Tanta coisa que até Roberto, comentando com os voluntários que estavam carregando o veículo, ficou surpreso. Sem dúvida, o Banco de Alimentos serve mesmo para isso: recolhe os alimentos e os faz chegar aos necessitados. Claro que eu não tinha nada a explicar a ele, que em Campânia é o responsável pelo Banco. Mas por que tantas coisas? Roberto se aproxima, sorrindo, e pergunta à senhora que está se colocando ao volante: “A senhora tem um exército em casa?”. Ela olha para ele e também sorri. Mas conta uma história que nada tem de alegre.
Tinham levantado uma casa de acolhimento, num vilarejo lá embaixo, a quase duzentos quilômetros de Nápoles. Ela, o marido e aquela fé que os abrira para o acolhimento: uma criança em guarda, depois duas... Agora estavam com 22. Mas o marido morrera há pouco, de doença. “Antes de partir, ele me disse: por favor, cuide dos meninos, procure ficar com eles. Eu fiz de tudo, mas estava quase desanimando. Aí, encontrei vocês.”

Roberto se assusta. Já tinham contado a ele essa história, mas agora a história tinha o rosto de alguém, ali face a face. “Senhora, fique tranquila, estamos aqui para ajudá-la. Só sinto que a senhora more tão longe. Podemos dar-lhes coisas para comer, mas não podemos fazer-lhes companhia...”
Ela para. Fixa os olhos nele. Uma lágrima corre pelo rosto, apenas uma. Depois, aquela frase que Roberto relembra palavra por palavra: “Não é verdade: vocês são a minha companhia. A companhia que Deus e meu marido fazem a nós, na nossa vida”.

Imaginem o coração de Roberto. O coração e a razão. Um minuto depois, agitação total para chamar os amigos, organizar uma festa na casa deles, com todas as crianças, para conhecê-los melhor e aprofundar um relacionamento.
A festa vai acontecer. Quando esta revista circular, talvez ela já tenha acontecido, e quem sabe o que nascerá dali! Mas o que já aconteceu com Roberto é para sempre: “Isso me obrigou a não reduzir o que fazemos, a entender melhor a razão da existência do Banco de Alimentos. Não é fazer o bem. É Ele”.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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