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Passos N.78, Dezembro 2006

EXPERIÊNCIA - BRASIL | ASSEMBLÉIA DE RESPONSÁVEIS

É tempo de um novo início

por Isabella S. Alberto e Liziane Rodrigues

De 3 a 5 de novembro, foi realizada, no Rio de Janeiro, a Assembléia Nacional dos Responsáveis de Comunhão e Libertação. Trezentas pessoas, de 27 cidades do país, se reuniram para atender a convocação de padre Carrón

Um recomeço que permita redescobrir o fascínio do início. Esta é a proposta de Julián Carrón, presidente da Fraternidade de Comunhão e Libertação para o Movimento no Brasil. O país foi o primeiro a receber missionários do Movimento. E agora, é desafiado a “dar um passo”.
Na abertura da Assembléia Nacional, todos ficaram maravilhados e gratos pelas primeiras palavras de Carrón: “Voltei ao Brasil porque tenho algo urgente para dizer para vocês. Tenho certeza de que a comunidade do Brasil, cada um de vocês, é chamada a um novo início neste momento histórico. Em especial, o encontro com o Zerbini, o encontro com o padre Ticão e a vinda do Papa para a grande Assembléia dos Bispos no próximo ano, me levam à convicção de que é preciso um novo início aqui. Somos chamados a dar um salto na autoconsciência da fé; na autoconsciência da vida, mais do que em outros países. E vocês têm condição de viver mais apaixonadamente a fé, o amor a Cristo. Foi por amor ao vosso destino que voltei apesar de ter estado recentemente aqui e de ter ainda outros países para visitar”.

Uma proposta a ser verificada
Aos 300 participantes da Assembléia, Carrón propôs o que ele mesmo experimentou quando conheceu o Movimento. Fazia 20 anos que era padre quando encontrou Dom Giussani. O “sucesso pastoral” e o doutorado em Teologia não correspondiam totalmente ao que seu coração desejava. E foi por olhar para o próprio coração – as exigências de beleza, verdade, justiça e felicidade – que ele aceitou o desafio que lhe era proposto. Todos nós temos os instrumentos necessários para fazer essa comparação, em qualquer lugar que estejamos e qualquer circunstância que estejamos vivendo.
E foi a adesão a este novo caminho de correspondência que permitiu que ele aceitasse, alguns anos mais tarde, o convite de Dom Gius para se mudar para a Itália, deixando o trabalho de professor de religião e os familiares em Madri. “Disse a Giussani que aquilo que eu tinha encontrado me possibilitava assumir qualquer coisa com alegria”.
Essa certeza de Carrón e esse olhar cheio de atenção ao outro, deu a tônica da assembléia de perguntas que durou o dia inteiro de sábado. Jovens e adultos se colocaram com sinceridade, “sem máscaras nem discursos”, como Carrón havia pedido, e aos poucos foram se revelando os passos do caminho.

Falta algo
A primeira colocação foi de um jovem universitário e falava da desilusão depois que um projeto tinha sido realizado, mesmo com sucesso. E Carrón logo começou a identificar a questão: Ao comparar tudo com o coração, no fundo vai se revelar que nada pode bastar. Precisamos de um Salvador, precisamos de Cristo. E ele insistia que “não podemos ficar contentes com as ‘coisinhas’. É preciso que nos demos conta da grande graça que encontramos por meio de Giussani. E somos chamados, agora mais do que em qualquer outro momento, a estarmos presentes na história com a graça que nos foi dada. Não há nada mais bonito do que isso que recebemos”.
Para fazer crescer a consciência em relação a isso, precisa a experiência. A graça só cresce se vira experiência, se todas as manhãs nos comovemos ao dizer “o Verbo se fez carne e habita entre nós”, pois nós somos pobrezinhos, mas mesmo assim carregamos a graça desta novidade. “Voltei para que nos ajudemos a deixar-nos penetrar pela novidade que é Cristo. Se não precisamos dEle, então vamos para a praia! Não temos porque estar aqui”, dizia Carrón.
Nem toda a confusão em que nos encontramos, ou vemos ao nosso redor, pode nos impedir de reconhecer a verdade. Toda a nossa humanidade, com tudo o que somos, com nossas alegrias, tristezas e insatisfações, é o instrumento para reconhecer Cristo. A nossa humanidade não é algo secundário. E isso Carrón afirmou exaustivamente, durante um dia inteiro de diálogo intenso, como um pai que deseja o bem para os filhos e busca facilitar o caminho, tendo claro que não é possível substituir-se a ninguém, apenas acompanhar o passo que depende da liberdade de cada um.

Atenção às placas
Carrón também chamou a atenção para o fato de que normalmente temos muitas imagens do que seja a correspondência: aquilo que eu gosto, sinto, acho. Mas correspondência é uma outra coisa e vai se revelar se formos atentos à realidade e leais conosco. E isso não é uma questão ética, mas é a questão da nossa própria felicidade. Para exemplificar, ele citou Lewis: Aquilo que eu gosto da experiência é que se trata de uma coisa tão honesta que podemos errar um montão de vezes, mas se permanecermos com os olhos abertos, não vamos conseguir ir muito longe antes que apareça a placa correta. Vocês podem enganar vocês mesmos, mas a experiência não está querendo enganar vocês. O universo mostra a verdade quando vocês o interrogam de forma honesta”.
Carrón sublinhava que a estrada do nosso Movimento é um desafio à razão e ao nosso sentimento, pois pede que sejamos leais com aquilo que vem à tona claramente a partir da experiência. Temos o coração como critério de juízo e o desafio que Dom Giussani sempre lançou e Carrón confirma com coragem e determinação, é que se usarmos esse critério, seremos maduros na fé, entenderemos que é Jesus que corresponde aos nossos desejos e teremos razões adequadas para segui-Lo. Se não for assim, mais cedo ou mais tarde nos cansaremos. Por isso temos que decidir.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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