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Passos N.72, Maio 2006

RUBRICAS

Cartas

A vitória sobre o nada
"O olhar com o qual Deus olha para suas criaturas não é apenas o olhar que julga com justiça, mas, também, o olhar amoroso da misericórdia", diz Von Balthasar. A graça de encontrar Cristo na carne é sempre inesperada: não merecida e imprevista.
Devido a uma série de eventos muito longos e complexos para enumerar aqui (mas que certamente foram orquestrados por Jesus), em 2002 eu me encontrava em uma cela de prisão olhando um papel de carta que trazia impresso o e-mail de um homem chamado Rick Kushner, da comunidade de Washington. No ano seguinte, conheci Rick, sua mulher Chiara que esperava um bebê e seus dois filhos, Teresa e Francesco. Essa família, cada um deles um eco do acontecimento de Cristo, viajava durante sete horas – na ida e na volta! – para passar uma hora e meia comigo, na área da prisão reservada para visitas. Com a aproximação do dia previsto para o parto de Chiara, ela e Rick me convidaram para ser padrinho de sua filha, um pedido que até agora me dá arrepio, se penso muito. Algumas semanas depois, Gabriela nasceu e, depois de alguns meses, já viajava com sua família para me visitar na prisão. Enquanto a segurava nos braços, pensava que tudo aquilo era muito bonito e que eu não merecia, a própria idéia do apadrinhamento era atordoante. Não estou menos maravilhado agora, dois anos depois, porque a graça tende a superar aquilo que consigo entender plenamente, mas não posso negar que Cristo me alcançou por meio dessas pessoas, do Seu povo, que é a Sua vitória sobre o nada.
Joshua, EUA

A busca da verdade
Dalton, de São Paulo, nos enviou esta carta que recebeu de seu amigo Gustavo.
Caríssimo Dalton, queria te agradecer (e muito) pelo seu e-mail. Temos que ter humildade, como você falou, que é nada mais do que o amor à verdade. Não sei se você imagina a pressão, mas afirmar uma verdade no meio jurídico é um problema muito sério! Você é sempre atacado de todos os lados com pedradas niilistas dizendo que a Verdade absoluta não existe! Mas com a ajuda de pessoas como você é que percebo que a Verdade existe e está no meio de nós! Tenho que lhe contar como foi a apresentação na faculdade, com minha turma de biodireito. Sei que os resultados, em si, não importam muito, mas tenho que reconhecer que o que aconteceu na terça-feira foi algo fora de série. Foi feito um sorteio e o grupo a favor do aborto de anencéfalos se apresentou primeiro. Eles levantaram os argumentos que eu já imaginava: falaram sobre vida inviável do feto e que por isso não era aborto! Advogado tem mania de sempre achar que sabe de tudo e, por isso, quase nunca procura um especialista médico para essa questão, o que é um absurdo, pois devemos nos indagar: como podemos ter a pretensão de fazer um juízo de valores biológicos sobre a questão no âmbito estritamente jurídico? Até hoje não entendo como muitos dos meus amigos ficam param no “eu acho” e não fazem a busca real e apaixonada pela verdade. Esse foi o grande problema da apresentação do grupo pró-aborto. Citaram grandes juristas, mas, por várias vezes, eu encontrava atos falhos e erros de "achismo" na sustentação oral deles! Depois foi a nossa vez. No meu grupo éramos em três e citei por várias vezes seu nome, o nome do doutor Praxedes, da doutora Maria do Carmo e do doutor Carlos entre outros. Deixei claro para a turma que eu não estava inventando nada e que eu não era o único "maluco" que pensava assim e, mais do que isso, deixei claro que a vida tem valor porque ela existe, e não porque seja viável. Sabe Dalton, eu só tenho a certeza em afirmar que a vida vale porque existe, porque eu encontrei alguém que olhou para mim e que deu muito mais valor para minha vida do que eu mesmo. Alguém que valorizou a minha vida de um jeito que nem eu mesmo sabia valorizar e que continua me olhando com esse olhar fraterno que se renova até hoje. Por isso digo com tanta convicção que a vida vale, não por aquilo que um ser humano pode fazer, mas vale porque esta vida é presente de Deus. A minha parte do trabalho foi justamente colocar a vida como valor pré-normativo anterior a todo Direito e mostrar que ela tem valor axiológico e ontológico. Depois fiz uma pequena explicação dizendo porque o anencéfalos estão vivos e citei, logo após, os argumentos jurídicos. Lembrei-me também de citar Dom Giussani quando ele diz que o realista é aquele que ama mais a verdade do que as opiniões que tem sobre ela. Depois os outros dois meninos falaram sobre a questão penal e sobre o sofrimento da mãe de forma belíssima. Eles, que eram a favor do aborto quando começamos a montar o trabalho, defenderam com tanta convicção a vida da criança que eu acho que, pelo menos eles reconheceram que fazia sentido o nosso argumento. Depois da nossa apresentação fomos muito elogiados pela professora e até pelo outro grupo. Tivemos depois um pequeno debate, mas o impressionante foi que a turma ficou tão tocada com as considerações médicas que nossa discussão posterior não foi falado em vida no feto ou não. O debate foi apenas sobre procedimento jurídico. As pessoas não perguntaram nada sobre a questão, e não porque não tinham prestado atenção no trabalho, mas sim porque, pelo menos por um instante, a questão que era tida como óbvia foi repensada por todos. A própria professora falou que ela acreditava que nós tínhamos colocado uma “pulga atrás da orelha” de todos e que ela mesma vai repensar sobre o assunto. Obrigado por ter me ajudado a viver aquilo que eu encontrei diante desse trabalho.
Gustavo, Rio de Janeiro

Ferida do coração
Caríssimo padre Julián, neste período vivemos uma experiência dramática: a morte do nosso filho, Pietro. Um fato verdadeiramente imprevisto pelo qual nos foi pedido tudo: a nossa carne e o nosso sangue. Pensando nos momentos que passamos no hospital, podemos afirmar que vivemos com a consciência de que o nosso modo de dizer sim a Cristo naquela circunstância muito dolorosa foi obedecer àquilo que era pedido fazer, passo a passo, pela situação e pelos médicos. O fato de Cristo ter doado a si mesmo por nós – mediante a sua paixão, morrendo inocente na cruz e depois ressuscitando – nos deu a certeza de que o nosso Pietro repousa em paz nos Seus braços, e que sua morte e a nossa dor já foram compartilhadas e salvas. Agora, o vemos operar entre nós de várias maneiras: por exemplo, há uma unidade e um amor entre nós dois que, antes, nunca experimentamos e somos conscientes de que aquilo que temos de beleza e desejamos, é verdadeiramente um dom: não nos é devido. No tempo que passa, a memória e os olhos de pessoas que estão em caminho, mas cheias de certeza, das quais podemos dizer nome e sobrenome, nos sustentam dentro da grande fadiga da perda de Pietro e quando a tentação de ceder ao desespero é grande, pedimos a Nossa Senhora que nos ajude a aderir ao que aconteceu e que é evidente para que possamos dizer o nosso sim com alegria às coisas que nos vêm ao encontro na realidade de todos os dias.
Paola e Fabio, Itália

Gestos Simples
Caro padre Carrón, quero lhe agradecer pelo pedido que, com suas palestras, tem me ajudado a compreender e formular, fazendo com que, há algum tempo, me leve a pedir com insistência ao Mistério que se torne cada vez mais familiar. Estou me dando conta de que o Mistério responde realmente e que os fatos que continuamente acontecem, no seu real significado, são o sinal evidente dessa resposta. Por exemplo: o casamento do meu filho, preparado e construído sobre a frase de Dom Giussani "Olhem o cotidiano, ali estão os sinais do Eterno"; o encontro belo e inesperado com os nossos amigos em Kosovo (pelos nossos 30 anos de casamento); os gestos simples, mas claros, que vivo com os meus amigos, como a reza do terço às quartas-feiras, a venda de Passos, a atividade do Centro Cultural "Cara Beltà", a amizade que está nascendo com o nosso pároco e com as famílias mais jovens e as eleições políticas. A coisa mais interessante é que essa resposta está se tornando experiência totalizante que me permite ir à escola com gosto e torna a minha vida aberta e unitária.
Silvia, Itália

A Via Sacra e o eu
Ladeiras com pedregulhos, ruas compostas por casas simples, gente humilde e eu ali. A beleza que a tradição da Igreja nos reserva é deveras surpreendente. E eu me pergunto: de onde nasce tudo isso? Passando o feriado de Páscoa com familiares em uma pequena cidade do interior de Minas, deparo-me com a vivacidade de uma pequena comunidade. Ainda que longe da Catedral, no alto da Colina. Falo de um bairro do seu interior, até periférico, que propõe todos os anos a sua Via Sacra. Por que, então, a surpresa? Estavam ali, prostrados, mais de mil pessoas – crianças, jovens, adultos e aqueles mais velhos – puxados por um caminhão tipo trio-elétrico, para a sua tradicional Via Sacra. Na Sexta-feira Santa, todo o bairro pára para vê-la passar. Pode até ser que alguém não saia do seu próprio lugar, mas deixar de espiá-la, acompanhá-la... isso, jamais! E assim foi por aproximadamente duas horas e meia, rezando o terço em uníssono, cantando as mais que tradicionais canções de Maria e ecoando suas leituras. A condução é autêntica, única e convidativa. A surpresa está no próprio eu, que muitas vezes não se dá conta do valor e da grandeza herdada pelo Encontro feito. A graça de viver dentro de uma companhia, de um lugar onde, de verdade, ajuda a ter presente o Fato que realiza, que corresponde e responde às nossas perguntas-questões-inquietações, que torna tudo mais humano, justo e total – feliz mesmo; e aqui não se tira a dor, aqui ... vive-se! É surpreendente, sim, o fato de ir para qualquer lugar, sair do próprio teto, muitas vezes confortável, protegido, e não ter a consciência de levar este Encontro para onde quer que seja. Eu digo – a consciência... A quem pertenço? Ao quê pertenço? Como se pode esquecer do próprio coração? Este coração é preenchido pelo quê? Qual a sua consistência? O fato era que ao olhar para aquelas pessoas, a resposta vinha avassaladora... e ali, junto com eles, o desejo era o de gritar, de dizer a todos: “Eu também estou aqui”, mas não só de passagem, efêmero... estou aqui com o meu coração pleno do ardor de Cristo e preenchido pelo seu Ser. Isso é impossível negar. Diante desse fato, pela graça que nos toma e constitui, pode-se dizer que ali mesmo, naquele lugar distante, a salvação acontece e se revela a mim... porque de um lado não há como não perceber a dor do esquecimento, do vazio que muitas vezes o ser é conduzido... por outro, acontece o Veni Sancte Spiritus, Veni per Mariam. E este pedido fica marcado pelo olhar de cada um que ali trazia consigo a sua visível melhor roupa, o seu sorriso e, o mais concreto de tudo, a própria decisão do seguir, em caminhada, um Outro. É tão vivo o dizer agora de padre Virgílio (“.. quer que eu fique, quer que eu vá, que tudo seja para a glória de Cristo!”) que se torna para mim não somente palavras. Onde quer que estejamos, que seja para a glória de Cristo.. o que quer que façamos, que seja para a glória de Cristo... e por isso, é justíssimo levar este Encontro para todos os lugares a que somos chamados a estar. Peçamos para dizer este “sim” sempre. Quero rezar mais com os meus amigos aqui, como aqueles peregrinos ali... não quero esquecer de oferecer a revista Passos aos meus amigos aqui, àqueles que mal conheço ali... e quero que Cristo aconteça mais, muito mais aos meus amigos aqui, àqueles que também por graça são revestidos por esta companhia, e também que Deus me use para que aconteça com aqueles ali ou onde quer que seja, pela herança que ganhei, por dom do Espírito, com Dom Giussani, os amigos aqui.. ou seja, Cristo.
Waltson, São Paulo

Como no início
Caríssimo padre Julián, assistimos ao Dvd sobre Educar é um Risco e a fita dos funerais de Dom Giussani. Olhando novamente o seu rosto, ouvindo novamente as palavras do Cardeal Ratzinger e as suas, quanta comoção! Trinta anos da minha vida iluminados por seu olhar e guiados por suas palavras. Mas quem foi Dom Giussani? Qual foi, para mim, a força de seu ímpeto educativo? Posso resumi-lo em uma única palavra: amor. Não posso separar da memória de Giussani as palavras "amor" e "caridade". Fazia-me sentir que a minha vida era importante para ele. Uma vez, encontrei-o em Milão, depois de vários anos sem vê-lo. Abraçou-me e me perguntou sobre a minha família e meus filhos, um por um. Devo dizer: se não tivesse seguido, melhor, se não sigo este homem, se não olho para onde ele me aponta, aonde posso ir? Deu e dá letícia ao meu coração. Há 72 anos, coloca-me diante da vida como se fosse um início, uma aventura, uma positividade a ser buscada. Há 25 anos acolhi em minha casa dois meninos de 10 e 12 anos. Estavam sós: o pai tinha sido preso naquela tarde e a mãe estava, há tempos, internada em uma clínica. Fui à casa deles apenas para saber em que situação se encontravam. Propus que eles viessem comigo. Aceitaram e, em seguida, consegui a guarda deles. Agora, sou pai de duas famílias esplêndidas. Aquela noite, eu, minha mulher e meus três filhos tivemos muito trabalho. Quando eles foram dormir, entrei no quarto com minha mulher para lhes dizer boa noite e dar uma palavra de conforto. O meu olhar encontrou o da minha mulher e, quase por um tácito acordo, começamos a rezar o Angelus. Sentíamos que havia Alguém entre nós. Talvez, o que experimentávamos era aquela "vibração inefável". Tudo isso, para mim, é memória de Giussani e o pertencer ao milagre que ele fez acontecer na nossa vida: a nossa unidade.
Pinuccio, Itália

Políticos e Escola de Comunidade
O nosso grupo de Escola de Comunidade nasceu na primavera de 2004 em resposta à curiosidade de um colaborador que nos disse: "Tenho interesse na liberdade que vocês vivem entre si, quero entender de onde ela nasce". Propomos um momento de Escola de Comunidade no escritório para convidar todas as pessoas que trabalhavam conosco (somos conselheiros provinciais e regionais): começamos com alguns colegas conselheiros, secretários, funcionários, além de três vereadores aos quais se juntaram alguns professores e amigos. A maior parte dos políticos e dos amigos envolvidos não tinham nenhuma ligação direta com o Movimento. Impressionou-nos muito a adesão simples e imediata que tiveram em relação à iniciativa. Depois do lanche costumeiro, da leitura e das perguntas, a comparação com o texto e os comentários não deixavam espaço para o silêncio. Freqüentemente, por causa das colocações ininterruptas, tínhamos que encerrar a reunião, contra a nossa vontade, para voltar ao trabalho. Desde então, continuamos nos encontrando quinzenalmente e o grupo, hoje, tem 22 pessoas. Este nosso encontro nos une mais do que qualquer outra coisa porque tende a interpelar a responsabilidade pessoal em relação a cada aspecto da vida e do trabalho: das preocupações familiares à manchete do dia, do projeto de lei em discussão às diferentes posições políticas em jogo. Os 23 conselheiros provinciais (de um total de 35) que, há alguns meses, aceitaram aprovar o Manifesto pela Educação, mostraram o respeito e a estima com a qual, inclusive colegas de outros partidos, olham a amizade entre nós. Não menos surpreendente é o efeito sobre as escolhas pessoais de pessoas que, como Mauro, tendo um filho calouro na Universidade, nos perguntou aonde o menino poderia morar para estar junto com estudantes do Movimento. Ou, como Amélia, que decidiu mandar os filhos ao grupo dos ginasiais. Ou Etore, secretário de partido, que sempre diz que não entende quase nada de Giussani e não poupa críticas aos cristãos, mas considera a Escola de Comunidade "importante para a própria vida" e as nossas reuniões, irrenunciáveis. Destas horas gastas discutindo sobre Por que a Igreja?, arrancando-nos dos vínculos "políticos", nasceram alguns projetos de lei apresentados em grupo em vez de individualmente, além de um projeto conjunto dentro da nossa luta em relação ao Referendo sobre a Fecundação utilizando com profundidade o juízo da Companhia de Obras expresso nos panfletos distribuídos por ocasião das eleições. O fruto mais recente da experiência de Escola de Comunidade é uma associação chamada "Liberdade e Pessoa" que criamos para oferecer um laboratório político-cultural com o qual nos ajudarmos e a outros, sobretudo políticos e empresários, a aprofundar o juízo sobre os temas e as questões mais importantes em evidência atualmente, da família à escola, do bem-estar à subsidiariedade . Tudo isso aconteceu a partir de uma decisão muito simples: a de estar presente no trabalho assim como somos, valorizando todo o positivo em nós e as pessoas que encontramos e pertencendo ao povo que procuramos, todos os dias, servir com gratidão por aquilo que encontramos e pela grande amizade que nos foi dada viver.
Walter e Mario

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A dor de um povo e a fé de uma mãe

No dia 1º de abril os amigos do Movimento da Venezuela, depois da trágica notícia do seqüestro de três crianças e seu motorista distribuíram um panfleto com a carta da mãe aos seqüestradores. O acontecimento terminou tragicamente, no dia 8 de abril, quando os reféns foram mortos.

Senhores seqüestradores, vocês não imaginam o dano enorme que um seqüestro causa a uma família e, por conseqüência, a uma sociedade tão bonita como a venezuelana. Em nome de Deus e em nome de milhares de mães em todo o mundo quero dizer-lhes: Eu os perdôo. Não sou ninguém neste mundo. Todos somos estrangeiros na terra de Deus. Só Deus e seus representantes perdoam. Porém, eu sou o mundo para Bryan, Kevin e Jason e tenho suficiente autoridade para perdoá-los. Não sei quem são, como vivem ou qual a sua religião, porém, sei que têm pais, irmãos, família, ou filhos. Em nome destas relações, que cada um de vocês têm com seus entes queridos, imploro misericórdia. Jesus Cristo perdoou a quem lhe fez mal. Se ele pode, nós também podemos. Imploro misericórdia por Bryan que é um menino excepcional e um bom aluno, um excelente irmão mais velho e um bom filho. Misericórdia por Kevin que nasceu com uma cruz, uma paralisia que com todo o dinheiro do mundo não pudemos curar, mas que com muito amor e fé em Deus, podemos compartilhar e tornar mais branda. Misericórdia por Jason que nos foi enviado por Deus para nos ajudar no grande trabalho com Kevin. Misericórdia por Miguel que é um excelente amigo e pai de belíssimas criaturas. Não estou destruída, como muitos pensam. Não tomei nenhum tipo de calmante, apenas o calmante da oração e da fé. Não buscamos culpados, não queremos fazer uma corrente de ódio nem mesmo queremos saber quem vocês são. Deus queira que a humanidade reze apenas por um objetivo: misericórdia para vocês, para os meninos, por nós, pais, e pelo mundo. Senhores seqüestradores, depois de ter conhecido os meus filhos, sabem que eles não são "muito" maus... Saibam que não nasceram para serem "negociados", mas para cumprir uma missão: fazer-nos conhecer como são belos o perdão e a misericórdia de Deus. Senhores seqüestradores, agradeço por me fazerem conhecer a bondade dos meus familiares e amigos e por me fazerem perceber que "a vida não é tão ruim apesar dos nossos medos". Este é o conhecimento verdadeiro da minha religião. Tenho o punhal do seqüestro plantado em meu peito, porém, ainda posso rezar! Não sou ninguém diante de vocês nem diante de Deus. Porém se o manto da misericórdia chegar a seus corações então, sim, posso fazer muito. Devolvam estas criaturas à sua casa para que eu possa, assim, levar a cabo a missão que Deus me confiou desde o dia em que nasceram do meu ventre: redescobrir que, apesar da paralisia e dos traumas, ainda vale a pena ter fé e viver!
Carta da senhora Gladys aos seqüestradores de seus filhos

Diante do testemunho desta mãe é impossível não reconhecer que a posição mais adequada diante da vida, mesmo nos momentos mais dolorosos, é a do homem religioso, do homem de fé que reconhece Deus presente como origem e destino da existência.
A dor que o nosso povo vive nestes dias exprime o desejo de felicidade, justiça e infinito que há no coração de cada homem.
Este é o ponto de partida para a grande tarefa educativa que temos diante de nós e é a única esperança para a reconstrução da nossa sociedade.
Comunhão e Libertação da Venezuela

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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