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Passos N.72, Maio 2006

IGREJA - Movimentos: A beleza de ser cristãos e a alegria de comunicá-la

Co-essenciais, por que a Igreja mesma é um Movimento

por João Paulo II

Da mensagem autógrafa enviada por João Paulo II aos participantes do Congresso Mundial dos Movimentos Eclesiais. Roma, 27 de maio de 1998

O que se entende, hoje, por “Movimento”? Uma concreta realidade eclesial com participação predominante de leigos, um itinerário de fé e de testemunho cristão cujo método pedagógico baseia-se num determinado carisma, doado à pessoa do fundador em circunstâncias e modos precisos.
A originalidade própria do carisma que dá vida a um Movimento não pretende – nem poderia fazê-lo – acrescentar algo à riqueza do depositum fidei guardado pela Igreja com apaixonada fidelidade. Ela, porém, é um suporte poderoso, um apelo sugestivo e convincente a se viver plenamente, com inteligência e criatividade, a experiência cristã. Esse é o pressuposto para se encontrar respostas adequadas aos desafios e às urgências específicas dos tempos e das circunstâncias históricas.
Sob essa luz, os carismas reconhecidos pela Igreja representam caminhos para se aprofundar o conhecimento de Cristo e para a pessoa se doar mais generosamente a ele, enraizando-se, ao mesmo tempo, cada vez mais, na comunhão com todo o povo cristão. Eles merecem, pois, a atenção por parte de todos os membros da comunidade eclesial, a começar pelos Pastores, aos quais é confiado o cuidado das Igrejas particulares, em comunhão com o Vigário de Cristo. Os Movimentos podem, assim, oferecer uma valiosa contribuição à dinâmica vital da única Igreja, fundada sobre Pedro, nas diversas situações locais, sobretudo naquelas regiões onde a implantatio Ecclesiae ainda está no início ou é submetida a não poucas dificuldades.
Várias vezes tive a oportunidade de sublinhar que na Igreja não há oposição ou contraposição entre a dimensão institucional e a dimensão carismática, da qual os Movimentos são uma expressão significativa. Ambas são co-essenciais à constituição divina da Igreja fundada por Jesus, porque concorrem juntas para tornar presente o mistério de Cristo e a sua obra salvífica no mundo. Juntas também visam renovar – segundo os seus modos específicos – a autoconsciência da Igreja, a qual também pode ser chamada, em certo sentido, de “Movimento”, enquanto evento acontecido no tempo e no espaço da missão do Filho, por obra do Pai, na força do Espírito Santo.
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A amizade com Cristo

Do discurso de João Paulo II no encontro dos Movimentos Eclesiais e das Novas Comunidades. Praça de São Pedro, 30 de maio de 1998

Por sua própria natureza, os carismas são comunicativos e fazem nascer aquela “afinidade espiritual entre as pessoas” (cf. Christifideles laici, 24) e aquela amizade com Cristo que dá origem aos “Movimentos”.
Em nosso mundo, freqüentemente dominado por uma cultura secularizada que fomenta e propaga modelos de vida sem Deus, a fé de muitos (crentes) é colocada à prova e, não raramente, sufocada e extinta. Percebe-se, pois, a urgente necessidade de um anúncio forte e de uma sólida e aprofundada formação cristã. Aí entram os Movimentos e as Novas Comunidades Eclesiais: eles são a resposta suscitada pelo Espírito Santo a esse dramático desafio de fim de milênio. Eles são – vós sois – a resposta providencial.
Os verdadeiros carismas não podem deixar de tender ao encontro com Cristo por meio dos sacramentos. As realidades eclesiais às quais participais vos ajudaram a descobrir a vocação batismal, a valorizar os dons do Espírito recebidos na Crisma, a entregar-vos à misericórdia de Deus no sacramento da Reconciliação e, sobretudo, a reconhecer a Eucaristia como a fonte e o cume de toda a vida cristã. Graças também a essa forte experiência eclesial sacramental, nasceram esplêndidas famílias cristãs abertas para a vida, verdadeiras “Igrejas domésticas”; desabrocharam muitas vocações para o sacerdócio ministerial e para a vida religiosa, bem como novas formas de vida leiga, inspiradas nos conselhos evangélicos. Nos Movimentos e nas Novas Comunidades aprendestes que a fé não é um discurso abstrato, nem vago sentimento religioso, mas uma nova vida em Cristo, suscitada pelo Espírito Santo.
Jesus disse: “Vim trazer fogo à Terra; e como gostaria que já estivesse aceso!” (Lc 12,49).
Hoje, deste cenáculo da Praça São Pedro, levanta-se uma grande prece: vem, Espírito Santo, vem e renova a face da Terra! Vem com os teus sete dons! Vem, Espírito de vida, Espírito de verdade, Espírito de comunhão e de amor! A Igreja e o mundo precisam de Ti. Vem, Espírito Santo, e torna cada vez mais fecundos estes teus filhos e filhas aqui reunidos. Dilata os seus corações, reaviva o engajamento cristão deles no mundo. Torna-os corajosos mensageiros do Evangelho, testemunhas de Jesus Cristo ressuscitado, Redentor e Salvador do homem. Reforça o amor e a fidelidade deles à Igreja.
Hoje, nesta praça, Cristo repete a cada um de vós: “Ide a todo o mundo e pregai o Evangelho a todas as criaturas” (Mc 16,15). Ele conta com vós todos, a Igreja conta convosco. “Eis – garante o Senhor – que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). Estou com convosco.
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Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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