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Passos N.68, Dezembro 2005

DESTAQUE / BRASIL

A missão da Igreja diante do pluralismo cultural e religioso

por Francisco Borba Ribeiro Neto

Abaixo a transcrição do ponto 2, páginas 51 a 54, trecho principal do documento 80 da CNBB.

A Igreja é chamada a dar sua contribuição de esperança,
neste mundo em que a convivência social nos diversos ambientes de vida não melhorou quando a mentalidade acima descrita se tornou dominante. Parecem apropriadas as palavras do profeta Amós, para que a esperança não falte em nossas casas: “Mudarei o destino do meu povo, eles reconstruirão as cidades devastadas e as habitarão. Repararei as suas brechas, levantarei as suas ruínas” (Am 9,14a.11; cf. PNE, Doc. 72, apresentação). Por outro lado, parece sempre mais urgente uma atitude profética semelhante à de Jesus quando dizia: “Ouvistes que foi dito: [...] eu porém vos digo: [...]”, com uma audácia extraordinária para contrapor-se à mentalidade dominante.

2.1. Valorização da pessoa: a nova humanidade (CNBB, Doc. 71 e 72; EA)
2.1.1. O conteúdo da evangelização

Até poucos anos, havia maior consenso sobre muitos comportamentos na sociedade. No contexto de relativismo ético e religioso, é indispensável que as comunidades cristãs sejam ajudadas a dar as razões das próprias escolhas. Dessa maneira, os fiéis não se encontrarão inferiorizados no debate quotidiano, mas, com alegria e coragem, afirmarão suas convicções. Lembramos a recomendação de Pedro: “Estejais sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pede” (1Pd 3, 15).
A catequese das crianças, jovens, adolescentes e adultos, bem como as iniciativas de formação, a ação missionária empreendida, levando em conta as características da cultura atual, deverão enfatizar que o cristianismo não é um discurso, mas um acontecimento, um fato real: acolher e seguir a pessoa de Jesus Cristo. O cristianismo nasceu como fruto não da criatividade humana, mas da iniciativa do próprio Mistério, que resolveu entrar na história e mostrar um rosto humano, revelar-se, encarnando-se (Doc. 72, n. 23). A religiosidade, então, pode ser vivida, não mais como esforço imaginativo do Mistério, mas como o encontro surpreendente com uma presença objetiva e extraordinária, que o homem e a mulher de coração simples podem encontrar e reconhecer.

2.1.2. A presença hoje de Jesus Ressuscitado (Jo 20, 1-21, 25; Mt 28, 20), (NMI, n. 29):
Os desejos de liberdade, de justiça, de verdade, de amar e ser amado, de viver com significado, constituem o que move a pessoa em busca de respostas sempre mais adequadas, porque esses desejos são ilimitados e somente uma realidade infinita pode responder a eles satisfatoriamente. A Igreja, no seu anúncio profético, assume as exigências de realização, de significado, e afirma existir quem responde ao desejo humano: Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado. Ele cumpre o desígnio de amor do Pai. Ele pode ser encontrado através de suas testemunhas. Cada um pode experimentar a verdade de sua promessa: quem o segue terá uma vida cem vezes mais intensa, um gosto de viver cem vezes maior.
“Em verdade vos digo que não há quem tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras por minha causa ou por causa do Evangelho sem que receba cem vezes mais: agora, neste tempo, casas, irmãos e irmãs, mãe e filhos e terras, com perseguições; e, no mundo futuro, a vida eterna”. (Mc 10, 28-30).
Cristo permanece na história, nos sacramentos, na sua palavra e na Igreja, com o rosto histórico da comunidade cristã, nos pobres e excluídos. Ele prometeu estar presente todos os dias, até o fim dos tempos, na unidade dos discípulos: “E eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. (Mt 28, 20b). Ele mesmo torna-se presente: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali eu estou no meio deles” (Mt 18, 20). Eles formam o seu corpo místico: “Ora, vós sois o corpo de Cristo e sois os seus membros, cada um por sua parte”(1Cor 12, 27). E, ainda, na carta aos Romanos podemos ler: “Nós somos muitos e formamos um só corpo em Cristo, sendo membros um dos outros” (Rm 12, 5). Então, Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado, continua presente na história com o seu Corpo que é a Igreja e pode ser encontrado hoje (DGAE, nn. 18 e 20; Doc. 71, n. 99), quando encontramos pessoas mudadas por Ele. Somente Cristo, e Cristo crucificado, força e sabedoria de Deus (1Cor 1), é a vítima de propiciação dos pecados do mundo, constituindo-se em nossa salvação, justiça, santidade, libertação do homem, da história e da criação inteira. (Cl 1).

Evangelização e Missão Profética da Igreja
Ed. Paulinas
São Paulo, 2005
p. 140
R$ 5,00

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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