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Passos N.68, Dezembro 2005

DESTAQUE / BRASIL

A inclusão é da pessoa concreta

por Gisela Maria Bernardes Solymos *

Quando falamos de inclusão social temos que considerar
que a inclusão é de uma pessoa concreta. A palavra social adquire uma conotação abstrata quando não parte de um olhar sobre esta pessoa concreta, este eu. O carisma de Dom Giussani nos ajuda a enfrentar o problema da inclusão social porque nos ajuda a olhar verdadeiramente para esta pessoa e não para um esquema ideológico criado por nós.
A partir deste carisma, nos tornamos capazes de encontrar a pessoa naquilo que ela verdadeiramente é, de compreender o que o eu realmente é: um ser que busca a realização de seu desejo de felicidade, de amor, de beleza, de justiça.
Quem trabalha com inclusão social nesta perspectiva se relaciona com o excluído não como uma realidade abstrata, mas sim com aquela pessoa concreta. Isto lhe dá um olhar novo porque considera as necessidades do outro não de uma forma ideológica, a partir de um esquema preconcebido de quais são estas necessidades e como resolvê-las. Pelo contrário, as necessidades deste eu, deste homem concreto, são descobertas a partir de um encontro real entre pessoas. E na mesma medida e com o mesmo realismo com que se depara com as necessidades concretas do excluído, a pessoa que trabalha com inclusão social também se depara com os recursos deste excluído. São recursos pessoais (como o temperamento, a energia pessoal, a força de vontade); recursos sociais (como a rede de relacionamentos nas quais vive); e recursos culturais (como sua visão de mundo, suas crenças).
Partir do eu como ele verdadeiramente é permite olhá-lo em todos os seus fatores. As abordagens psicológicas, sociológicas, antropológicas vão sempre olhar o homem a partir de um corte parcial do que ele é. Já o olhar dado por Dom Giussani permite aproximar-se desta pessoa em sua totalidade, como um ser individual, único, como um ser que se relaciona com os outros de uma certa forma, em uma certa cultura. O ponto de unidade desta abordagem é este eu, esta pessoa com a qual se está junto – não uma perspectiva teórica. A avaliação de uma proposta de intervenção é feita a partir da pessoa que está vivendo a experiência de inclusão, não pelas teorias de quem a acompanha. A linha de análise, de avaliação do trabalho, parte de perguntar para este eu se isto que está acontecendo o ajuda a ser feliz, e, portanto, se algo é construído junto com ele. Por isto ele, e não uma posição ideológica, se torna o ponto de unidade do trabalho. Este método permite uma análise e uma intervenção muito mais realistas, razoáveis e morais.

* Diretora de projetos do Centro de Recuperação e Educação Nutricional (Cren), ligado à Universidade Federal de São Paulo. A partir de um trabalho iniciado nas favelas de São Paulo, este centro hoje atende a mais de 1000 crianças por ano em atividades de combate à desnutrição. Seus projetos incluem a implantação e supervisão de programas de combate à desnutrição, de desenvolvimento da cidadania juvenil, formação de agentes de saúde, etc. em várias cidades do Brasil.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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