Passos N.67, Novembro 2005

DESTAQUE - EDUCAÇÃO

Um método para recomeçar

por Alessandro Banfi

No dia 19 de outubro, no Instituto Augustinianum, a um passo
das colunas da Praça São Pedro, em Roma, foi apresentado o livro "Educar é um Risco". A “notícia” chega ao fim quando Giancarlo Cesana, respondendo aos estímulos de Ernesto Galli della Loggia, evoca a todos qual era o verdadeiro segredo do excepcional educador que foi Dom Luigi Giussani, autor do livro, falecido há nove meses: Giussani gostava dos jovens que encontrava, os amava verdadeiramente, não de modo genérico ou piedoso, mas de modo preciso, agudo, dramático. “Ele estimava – conta Cesana – a forma com a qual o Mistério cristão se manifesta, estimava o homem”. Esta é “a genialidade do Movimento” de CL que Giussani iniciou há 50 anos, acrescenta Cesana, abrindo no final do debate, àquilo que o responsável do Centro Internacional, Jesus Carrascosa, definiu como uma “campanha cultural sobre a educação” na Itália e no mundo.
Na introdução do livro, confiada a Nikolaus Lobkowicz, o estudioso alemão afirma de Giussani: “Nunca encontrei ninguém que tenha tamanha confiança na magnanimitas dos jovens”. Não é só um sentimento ou uma atitude psicológica, mas é um juízo histórico, preciso, que implica uma visão do mundo e da história. Isso foi muito bem explicado por Julián Carrón, presidente da Fraternidade de CL: “A Igreja não pode dar por óbvia a humanidade. A sua possibilidade de recomeçar vai depender da capacidade educativa, do fascínio que saberá despertar”. E os chamados de atenção sobre comportamento, valores morais, ética? “São coisas que não movem o eu, pois um cristianismo reduzido a valores, reduzido a ética, não toca o homem de hoje”. Até a Igreja, hoje, precisa apostar neste desafio, apostar na espera do coração do homem, no “coração inflamado”. A educação dos jovens é um problema de todos. E aqui Carrón recordou o juízo expresso por Dom Giussani depois do atentado de Nassíria: “Se houvesse uma educação de povo, tudo estaria melhor”. Explica Carrón: “Para formarem-se homens, não basta a natureza, o puro e simples evoluir do ser vivente, mas é necessário o encontro com os outros que se chama educação”. Podem nos tiram todos os direitos, menos o de educar.