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Passos N.64, Agosto 2005

DESTAQUE - II Encontro Nacional de Educadores

Educação e a profissão do professor

por Rita Rocha*

O que significa ser professor hoje? Essa reflexão quer
ser uma ajuda para olharmos para a nossa expe-riência educativa. Educar, portanto, é fazer aflorar o humano que está em nós. Ser educado a olhar para as nossas exigências de felicidade, de verdade, de beleza, de justiça e a comparar tudo que encontramos com essas exigências. Então educar significa ajudar o aluno a olhar para essas exigências constitutivas.
Mas também o professor precisa encontrar alguém, ou um lugar onde ele seja ajudado a olhar assim para a própria vida, onde seja ajudado a tomar consciência da sua humanidade, e do significado da realidade. Somente é possível fazer essa experiência diante o aluno se ele for ajudado a olhar assim. No encontro com o aluno, o professor comunica essa vida, esse seu envolvimento com a realidade. Assim, o seu aluno poderá verificar se é verdade aquilo que o professor lhe diz, aquilo que encontra.
A condição do professor hoje está distante do que definimos acima como fazer aflorar essa humanidade verdadeira, esse educar à condição original. Essa dificuldade é favorecida pela mentalidade da cultura atual, que não favorece essa tomada de consciência do humano que está em nós. A pessoa atualmente está exposta a um modelo de vida onde impera a ideologia do mercado, reduzindo os desejos e as necessidades originais da pessoa, ao consumo e ao sucesso.
Em meio a esta mentalidade dominante está a escola, que para responder às exigências colocadas por essa sociedade do consumo de bens e de informações, acabou por reduzir o seu objetivo original. A escola perdeu a sua função de educação da pessoa, de possibilidade de ajudar o aluno a conhecer a realidade, a desejar buscar e conhecer, a se maravilhar. Atualmente ela se preocupa em formar um sujeito competente, capaz de responder às demandas do mercado, reduzindo a educação à mera instrução e preparação para o mercado de trabalho.
Diante disso, quais são os desafios enfrentados pelo professor? De onde nasce o interesse pelo professor, o interesse pelo aluno, por tudo isso que compõe a realidade da escola, da vida da escola? O caminho educativo é uma comunhão de humanidade, uma comunhão de exigências. O professor, no encontro com o aluno se reconhece. Como o aluno, também o professor tem exigência de verdade, de beleza, de felicidade, de realização.
Se não existe um lugar onde o professor é ajudado a enfrentar a sua experiência educativa, ele se perde. Ele não se sustenta. Aquilo que o mantém, que mantém o desejo do bem, de ser lançar nas propostas, é essa consciência do ser comum, do destino comum. É essa consciência que aproxima professor e aluno, que aproxima o professor do outro professor, que constrói o processo educativo.
A consciência de bem para si e para o aluno.
Educar a olhar para a realidade a partir disso, gera confiança, certeza, o outro não tem medo, pois está enraizado, e não à mercê de uma mentalidade geral desunida. Um professor com essa consciência de si e do outro, se empenha com a própria vida, e o aluno, olhando para um professor que vive a vida assim, se maravilha, se apaixona pelo professor e por aquilo que ele comunica.
É daqui que nasce o interesse por tudo. Pela pesquisa, pelo texto, pela arte. Isso move o homem, isso move o professor. Portanto a tarefa educativa é exatamente ajudar o aluno a olhar para essa exigência. O aluno que é ajudado a olhar assim para a própria vida se lança na aventura do conhecimento, na busca do significado da realidade.

* Coordenadora pedagógica do Colégio Marista Dom Silvério (Belo Horizonte – MG)

 
 

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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