Evento para discutir a importância de João Paulo II e Bento XVI para o homem de hoje. A excepcionalidade do fato de Cristo testemunhado por dois grandes homens da nossa história
Noite de sexta-feira, 20 de maio. O teatro da Universidade Católica está lotado. Gente de todas as idades, ocupando todas as cadeiras, os corredores, os fundos do auditório e até o “hall” de entrada. Cerca de 900 pessoas, entre professores e alunos universitários, jovens adolescentes, lideranças de comunidades e movimentos, estudantes de Teologia etc... Na mesa, dom Cláudio Hummes, cardeal arcebispode São Paulo, professor Luis Felipe Pondé, do departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC, e padre Vando Valentini, coordenador do Núcleo Fé e Cultura, também da PUC. Todos reunidos para entender melhor a importância dos Papas João Paulo II e Bento XVI para o homem de hoje.
Diante da comoção, das demonstrações de respeito, das adesões fascinadas, que marcaram a agonia e a morte de João Paulo II, tornou-se forçoso para todos procurar entender o que ele significava para o homem contemporâneo. Por outro lado, do cardeal Joseph Ratzinger despontou um Papa Bento XVI que surpreendeu pela profundidade e pelo amor contido em seus ensinamentos, pela empatia imediata com todos. Todas estas coisas exigiam que o Núcleo Fé e Cultura, criado na PUC justamente para ser um canal de reflexão cultural que unisse os meios acadêmicos, a Igreja e a sociedade, fizesse uma reflexão sobre a contribuição destes dois Papas ao homem de hoje.
Padre Vando abriu os trabalhos explicando que, para se compreender a Igreja e os Papas era necessário compreender que a Igreja é uma experiência de vida, uma experiência religiosa. Não pode ser reduzida apenas a categorias sociológicas e da luta de poder, como normalmente faz a grande imprensa, mas é necessário ir às raízes do fascínio que nos coloca juntos e dentro da Igreja. Citando uma homilia do então cardeal Ratzinger, disse que a experiência religiosa nasce “do homem ferido pelo desejo da beleza”, que procura satisfazer o desejo de beleza, bondade e justiça que está em seu coração. A questão, portanto, é compreender como João Paulo II e Bento XVI passaram a apontar ao homem de hoje, de uma forma cada vez mais evidente, como realizar este desejo profundo de seu coração.
O professor Luis Felipe Pondé situou o panorama cultural em que vivemos hoje. Mostrou que o relativismo é uma marca de nosso tempo, mas que não gera um entrosamento maior entre os homens. Pelo contrário, gera indiferença de uns para com os outros, pois existe a descrença de que algo de mais verdadeiro, de melhor, possa vir de um outro. O que assusta nos dois Papas discutidos no evento é a coragem que eles têm de exercer o discernimento, a capacidade de esforçar-se – sem medo de convenções e de desgostar a maioria – para compreender o que é a verdade, o que é bem e o que é mal.
Dom Cláudio iniciou sua colocação mostrando como a ação de Deus não entra em conflito com a liberdade humana, mas a realiza plenamente. Neste sentido é que se pode entender, mostrava, que o Papa foi escolhido por uma eleição em que os cardeais votaram livremente, mas sob o influxo do Espírito Santo. Existe, mostrava ele, uma solidariedade, uma comunhão entre Cristo e os homens, ele nos faz co-responsáveis por um destino comum entre nós. Assim, Deus se faz co-responsável, solidário, com a decisão dos cardeais ao eleger o Papa. Da mesma forma, todos nós vivemos esta co-responsabilidade em cada gesto de nossa vida e isto é ser pessoa humana. O cardeal ainda insistiu na importância, na centralidade da pessoa humana, do ser humano, para João Paulo II. Dom Cláudio lembrou que o Papa dizia que o ser humano é o caminho obrigatório da Igreja.
Uma inovação interessante foi a interação entre os palestrantes e a população: perguntas puderam ser feitas pelos sites do Núcleo Fé e Cultura e da Catolicanet, antes do encontro. Chegaram 97 perguntas vindas de todo o Brasil, que foram sintetizadas em sete grandes perguntas que foram formuladas e respondidas no evento. As colocações dos três expositores, inclusive as respostas a todas as perguntas, em breve estarão disponíveis no site do Núcleo Fé e Cultura (www.pucsp.br/fecultura).
Credits /
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón