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Passos N.61, Maio 2005

EXPERIÊNCIA / TESTEMUNHO CARRÓN AOS COLEGIAIS

A atração vencedora

por Julián Carrón

Anotações do discurso do padre Julián Carrón no Tríduo pascal do grupo de colegiais de Comunhão e Libertação.
Rímini, 26 de março de 2005


Fiquei muito contente e grato com o vosso convite, porque me permite compartilhar com vocês este momento, porque reservaram um lugar também para mim entre vocês. O que mais desejo é estar com vocês, que nos tornemos companheiros de caminhada rumo ao destino, que eu possa vê-los como companheiros de caminhada, e que cada um de vocês me veja como um companheiro de viagem rumo ao destino, à felicidade, àquela intensidade de vida para a qual nascemos, àquela vibração intensa do humano que faz a vida valer a pena.
Estou contente de estar aqui, porque vocês me dão a possibilidade de lhes relatar onde está a origem dessa intensidade, como nasceu a minha paixão por Cristo dentro do relacionamento com padre Giussani.
Meu relacionamento com padre Giussani teve somente este objetivo, o único que me interessava: a crescente intensidade da relação com Cristo, que fazia com que tudo ganhasse uma intensidade que eu até então desconhecia. No início, antes de conhecê-lo, caiu em minhas mãos um dos seus primeiros textos, era o primeiro livro publicado em espanhol, Passos de Experiência Cristã (Companhia Ilimitada, São Paulo, 1993; nde). Uma das coisas que logo me impressionou foi a sua idéia de solidão, porque todos, inclusive eu, entendiam a solidão como algo sentimental. Padre Giussani, em vez disso, dizia que a solidão é sinônimo de impotência, isto é, do fato de a pessoa não saber o que fazer da vida, como viver; daí se sentir sozinha, pois ninguém a acompanha. Pode estar rodeada de muitas pessoas, talvez até simpáticas, com as quais se dá bem, mas que são confusas como ela; por isso, estar com outras pessoas não impede a solidão, porque esta é uma outra coisa: é impotência. Para superar essa impotência precisamos de um outro, diferente, muito diferente, que tenha algo a dizer à minha impotência. Por isso, comecei a amar padre Giussani antes de conhecê-lo, quando comecei a me familiarizar com a sua proposta, porque era justamente uma resposta a essa minha impotência de vida.
A primeira coisa que me impressionou foi como ele falava da experiência. Experiência não era mais somente experimentar alguma coisa, mas ter um juízo, chegar a um juízo sobre aquilo que eu vivia. Para isso, era necessário um critério de juízo: o coração, o único capaz de perceber quando alguma coisa corresponde à própria humanidade.
Vejam que essa é uma novidade absoluta, porque todos nos dizem, dizem a vocês: “Vocês são uns coitadinhos, não entendem nada; deixem que eu lhes explico”. O único capaz de desafiá-los e de dizer “Não!” foi o padre Giussani, que disse: “Você! Você tem algo dentro de si que lhe permite entender, avaliar tudo, e é o seu coração”.
Essa exaltação do meu eu, não a havia encontrado em nenhum lugar. Era inédita para mim essa exaltação da minha pessoa, esse impulso. E, sobretudo, isso me dava um instrumento para viver tudo, para me lançar na vida e ver quando alguma coisa correspondia às exigências do coração, e quando não. Eu sempre dizia ao don Gius: “Serei sempre grato a você, porque desde que o encontrei comecei a fazer uma caminhada humana, a viver a vida como uma aventura que me levava a algum lugar, que me permitia dar passos, entender melhor, dizer ‘Isto é verdade; isto não é verdade’”.
Eu começava a julgar, a usar tudo, inclusive – e isso é tremendo –os erros. Porque quando alguém erra, é como se dissesse: “Isto não é, mas existe outro que é!”, é como um passo. Por isso, não tenham medo dos erros, já que tudo serve se a pessoa for leal à experiência do coração e ao juízo que vem dela; a única coisa necessária é não ter medo do erro, não serem formais sem colocar em jogo a própria humanidade, o próprio coração, porque o coração entende melhor do que ninguém quando algo lhe corresponde.
Desde então, não tive mais medo da minha humanidade, dos meus desejos, das minhas exigências, porque a minha humanidade era minha aliada, não era um inimigo que só armava confusão, não era algo que a gente precisava calar ou repreender sempre, mas algo que me impulsionava. Serei sempre grato a ele por isso, porque sem essa humanidade, sem a revelação dessa humanidade, sem a efervescência em mim dessa humanidade, eu nunca saberia dizer seriamente quem é Cristo. Pois as pedras não entendem Cristo; somente o coração entende Cristo, porque Ele se propõe ao nosso eu como resposta ao nosso coração, às exigências do nosso coração, da nossa humanidade. Você compreende a sua namorada (as pedras, não!) porque a vibração que a presença dela produz em você, você a sente, a experimenta, a surpreende dentro de você, e por isso a ama, e por isso percebe que ela é diferente. Porque ela é ela, e também se sente comovida diante dessa vibração do teu eu, e também ela vibra. É uma coisa única. Sem isso, tudo é formal e, muitas vezes, chato: coisas são ditas, mas falta o humano, falta a vibração, não se entende nada; nada consegue nos interessar, atrair a nossa humanidade.
Mas quando acontece isso, todo o nosso eu entra em efervescência. E então Cristo – cujo nome, embora eu o pronunciasse desde criança, estava como que fora, fora da minha humanidade; em certo sentido, fora da realidade, fora das coisas que eu vivia, fora, como que justaposto, como que colado – entrava, começou a entrar na vida, até às vísceras, até a medula do meu eu, da minha humanidade, da minha vida.
Foi ele, justamente ele, o padre Giussani, quem me introduziu nessa realidade. É essa exaltação da carne, de que falava antes o padre Giorgio, que acontecia, e eu via no presente aquela vitória do meu eu, da minha humanidade. E por isso os outros também a percebiam, como contarei depois.
Por que acontecia isso? Porque quando eu me aproximava do padre Giussani..., me lembro certa vez que fui encontrá-lo porque ele tinha certas preocupações a me contar: me senti olhado de um modo que não me esquecerei jamais! Às vezes, nos últimos meses, quando almoçava com ele, me dizia: “Mas você não se lembra...!”. “Como – eu dizia – como que eu não me lembraria? A minha vida inteira foi marcada por aquele dia”. Um olhar incomensurável eu jamais havia encontrado. Eu conhecera gente importante, cristãos importantes, mas uma coisa assim, um olhar incomensurável, jamais o havia encontrado. Depois, lembrei-me de uma coisa que me agradou desde o início, eu a reli numa das últimas vezes, à mesa: padre Giussani havia dito que o olhar de Cristo permanece sendo um olhar humano, e é o olhar de Cristo que dá forma ao olhar humano (cf. L. Giussani, Um caffè in compagnia, Rizzoli, Milão 2004, pp. 63-64). Anos depois, entendi que aquele momento que acabei de contar, aquele olhar com que fui olhado – sem medida – era o olhar de Jesus. Cristo ressuscitou porque aquele olhar permanece, e nós nos encontramos diante de uma pessoa, de um homem que nos olha assim. Não permanece apenas o relato dos evangelhos, de uma coisa que aconteceu no passado. Eu havia lido várias vezes a passagem em que Zaqueu se sentiu olhado assim; mas somente quando um homem nos olha dessa forma é que entendemos que Cristo ressuscitou e que permanece entre nós. Não como uma lembrança, porque muitos, muitos nos falam de Zaqueu, mas ninguém nos olha desse jeito. Não basta alguém narrar, nos falar do passado; há muitos que falam do passado, mas ninguém nos olha assim no presente. Para olhar desse modo, no presente, é preciso uma coisa bem diferente. Por isso, como estudamos na Escola de Comunidade, não somente a obra de Cristo permanece, o Seu ensinamento, a Sua inspiração, o conjunto das regras cristãs, porque isso não bastaria a nenhum de nós, às exigências do nosso coração. Precisamos dEle, é Ele quem permanece vivo entre nós, e eu sei disso por causa desse olhar. E quando alguém acolhe esse olhar, tudo, tudo começa a ser diferente, porque uma vibração penetra na nossa vida.

De que é feito o nosso eu? Da razão; não é o sentimentalismo, mas a razão! Então alguém é conduzido – como aconteceu conosco – a usar a razão de um modo diferente, com uma profundidade jamais pensada antes, como consciência do real segundo todos os fatores, pois há alguém que nos faz experimentar algo que arrasta a razão até uma potência, a reconhecer certos fatores que, sem aquela presença, não seríamos capazes de reconhecer. E a razão é como que facilitada a se tornar ela mesma, tem a capacidade de entrar no real, de reconhecer o real segundo todos os fatores; mas como nós somos uns coitados, sempre nos fixamos na aparência. Por isso, há alguém que desperta toda a nossa afeição e nos faz entrar no real de um modo que não pensávamos que existisse. E, então, a razão é capaz de reconhecê-lo.
E a vida é uma outra coisa. Por isso, o padre Giussani nos dizia: “Eu vejo tudo o que vocês vêem, mas vocês não vêem tudo o que eu vejo”. E ele nos levava a ver o que ele via. Porque havia mais, havia mais. Mas somente se alguém nos introduz na totalidade do real, no Mistério, aí tudo se torna sinal, tudo se torna ocasião para penetrar no Mistério. Eu me lembro de certa vez em que eu estava no meu quarto, aborrecido, não agüentava mais, mas como já havia começado a fazer o trabalho de usar a razão assim, não me fixei no meu tédio. Não me contentei em carregar o meu aborrecimento, e usando a razão até o fim, num certo momento, me encontrei com a Origem do real que estava ali; eu sabia que tinha chegado ao fim, a reconhecer o Mistério presente no meu quarto, mesmo estando sozinho, pela mudança que vivia, porque a Sua presença, o reconhecer a Sua presença enche de alegria, de júbilo.

Depois comecei a desafiar também os outros. Um dia uma amiga que se recuperava num hospital psiquiátrico me telefonou. Ela estava preocupada, e começamos a conversar. A certa altura, eu a desafiei – porque as pessoas, mesmo quando doentes, continuam sendo pessoas e vivem a relação com o Infinito. Mesmo estando num hospital psiquiátrico, não são determinadas somente pela sua doença; são pessoas – dizendo: “Qual é a diferença entre você, que está aí nesse quarto de hospital, e eu, aqui no meu escritório? Ambos temos a possibilidade de reconhecer o Mistério agora – agora! –, e eu posso não reconhecê-lo estando fora do hospital, como você pode não reconhecê-lo estando aí dentro. Não somos diferentes”. Já eram oito horas da noite, e terminamos a conversa. Na manhã seguinte, às sete horas, ela me liga e diz: “Sabe o que me aconteceu ontem? Depois da nossa conversa, fiz o que você me disse e adormeci tão em paz que dormi quatro horas direto, até à meia-noite; e embora tenham se passado apenas quatro horas, quando despertei, eu estava tão relaxada que parecia um sonho. Depois, como os médicos não queriam que ficasse acordada, me deram algum remédio para que voltasse a dormir”. E eu lhe disse: “Veja, até o hospital psiquiátrico pode ser um lugar de vida, se a pessoa reconhece Cristo”.

Quem o impede de recitar agora a oração das Laudes? Ninguém. Quem pode forçá-lo a recitá-las? Ninguém. Então, mexa-se! Tudo está entregue à sua liberdade e à minha. E é esse uso da razão que exalta a liberdade, porque então qualquer circunstância (mesmo a de um hospital psiquiátrico), torna-se um lugar de vida, pois também aquele, se eu reconheço Cristo, pode ser o lugar da minha liberdade, onde eu experimento a satisfação total que constitui a liberdade; e por isso, toda vez que eu percorria esse caminho da razão, o que acontecia? Eu ficava admirado de ser livre nas circunstâncias, livre, livre.
O que isso significa? Que nós não dependemos das circunstâncias, sejam elas feias ou bonitas, porque aquilo que satisfaz à vida está sempre ali, nas circunstâncias feias e nas bonitas! Até uma viagem às Ilhas Canárias, sem Cristo, é nojenta, o tédio aumenta cada vez mais; pois, se falta Ele, o que pode fazer o nosso coração, que é desejo do Infinito? Com Cristo, ao invés, sou livre em meio às circunstâncias, livre no sucesso ou no fracasso; livre!
A liberdade é um bem tão escasso hoje! Todos falam de liberdade, mas dessa satisfação total, não. Por isso tanta gente é tão pouco livre que precisa mudar em cada circunstância: se está na escola, precisa mostrar uma face própria para a escola; com os amigos, é outra face; em casa, outra. Onde você é você mesmo? Onde alguém se expressa do modo como é de fato.
Reparem como é assim mesmo. Muitas pessoas, mesmo aquelas que enchem a boca com a palavra “liberdade”, uma depois da outra se dobra às circunstâncias. Por isso a liberdade ou está nas circunstâncias, ou onde estará? Se não somos livres na escola, se não podemos ser nós mesmos com os amigos, ou quando não somos bem-sucedidos, se devemos sempre mudar de face, dobrando-nos ao que todos dizem, a nossa liberdade é apenas um modo de dizer.

Pelo contrário, quando acontece o que descrevi, tudo se torna o cêntuplo, porque sendo livre, como eu me sentia livre ao dar aula, começava a me comover com o que acontecia. Essa verdadeira libertação me permitia ser eu mesmo, me permitia dar aula e ter gosto nisso. Não me preocupava em apresentar uma determinada face, de como os alunos reagiriam a ela. Não, eu só me preocupava em ser eu mesmo. Muitas vezes eu estava a fim de pagar para não dar aula, porque estava cansado ou pra baixo, mas devo reconhecer que indo à escola e dando aula mesmo desse jeito, isso me fazia voltar para o meu escritório, ao longo do corredor, comovido com o que o Senhor fazia por meio da minha pessoa: não Lhe importava se eu estava pra baixo ou preocupado; fazia acontecer coisas incríveis. Por isso, eu estava cada vez mais apegado, ia dar aula ainda mais contente. Enquanto outros padres buscavam álibis para fugir da aula de religião, o único padre que resistiu por dez anos fui eu, cada dia mais contente. No último dia que dei aula, o primeiro que tomou a palavra disse: “Eu era ateu; agora acabei me tornando padre!”.
É uma intensidade de vida que eu desconhecia. Eu sei o que quer dizer a vitória de Cristo na carne. Essas coisas, eu não as conhecia antes. Tive que me render à evidência que acontecia diante dos meus olhos, como os discípulos. Por isso, quando alguém me diz que os evangelhos não são verdadeiros, digo: “Você está louco!”, porque aquilo que os discípulos escreveram não podiam sequer imaginá-lo; para poder inventar alguma coisa é preciso poder imaginá-la, e eu juro que essas coisas que eu lhes disse não teria podido imaginá-las antes. Posso falar de muitíssimos detalhes, só porque são fatos acontecidos. É isso que me tornava “louco” por Cristo. Não era somente fazer a meditação sobre Cristo, mas era ver o que Cristo introduzia na vida: uma paixão – como dizia S. Tomás de Aquino, “a vida do homem consiste no afeto que principalmente o sustenta e no qual encontra a sua maior satisfação”. A minha afeição por Cristo cresceu porque eu encontrava nEle a maior satisfação, e, por isso, ela se tornou a coisa mais querida, em termos absolutos. Por isso me surpreendo com o fato de que, ao acontecer alguma coisa, tudo me remete a Ele, torna-O presente.
Outro dia, fui jantar com um grupo de estudantes da Universidade Federal de Milão. Iniciaram com um canto, Lela, depois começaram a conversar, a fazer perguntas. A certa altura, mandei parar e lhes perguntei: “Vocês sentiram alguma coisa ouvindo Lela? A mim me faltava alguma coisa”. Aquele que estava mais perto de mim respondeu: “Me lembrei da minha namorada”. A mim me faltava Cristo; tudo me faz lembrar dEle, tudo se torna ocasião de memória, não de lembrança, como muitas vezes pensamos; não! Tudo se torna ocasião de memória porque tudo O torna presente, aproxima-O de mim, não O invento para me consolar! Nenhum dos demais rapazes lembrou de nada, somente aquele que estava apaixonado lembrou-se da sua namorada; os outros não pensaram em nada, nada lhes veio à mente. Ninguém inventou Cristo, porque Cristo existe e entrou na nossa vida, e tudo nos faz lembrar dEle, tudo torna-O presente.
Este é um ponto de não retorno: uma vez que entrou na nossa vida, não se pode mais ver nem um pôr-do-sol sem Ele, sem que Ele se torne presente. Como é possível, ouvir uma bela canção, surpreender-se diante de um belo dia, enfrentar um trânsito caótico, sentir o cansaço, sem que isso tudo O torne presente? É como se, de dentro da experiência – essa é uma frase do padre Giussani que me agrada muito –, o Mistério dissesse aos nossos ouvidos, a partir das vísceras da nossa experiência: “Eu sou o Mistério que falta em todas as coisas que você aprecia”.
Agora, entendam: quando padre Giussani me chamou para vir para a Itália, o que eu podia dizer? Eu estava muito bem na Espanha, era professor titular na faculdade de Teologia de Madri, tinha uma casa maravilhosa no bairro mais bonito da cidade, e um monte de amigos. Mudar de país aos 54 anos de idade, entendem? De cara disse ao padre Giussani: “Veja, eu não posso lhe dizer não sobre nada, e não porque eu sou um bom padre, ou um bom participante de CL, mas porque, depois dessa intensidade de vida para a qual você me despertou, nunca posso lhe dizer não”.
Durante cinco anos, eu achei que ele não iria conseguir, porque precisava convencer todo mundo, inclusive o meu cardeal, que não queria me deixar ir embora. Mas, depois, ele deu um passo meio ousado: escreveu ao papa, e aí fiquei meio assustado, porque talvez iria conseguir. E, afinal, deu conta! Diante de todas essas coisas, era evidente para mim que o Mistério estava no meio de tudo, não era somente um favor que eu devia fazer ao padre Giussani, porque para conseguir que todos concordassem... não é que faltasse o Espírito Santo, ao contrário, Ele estava ali! Eu entendia bem que não era uma questão de gostar ou não, porque eu estava sendo chamado pelo Mistério a dar uma resposta; sem ele, eu não teria uma razão adequada para uma mudança tão grande. Então, logo que eu intuí que o Mistério estava por trás de tudo, disse: “Estou pronto”.
Tudo o que aconteceu desde então adquiriu uma dimensão única, mas tudo já era assim desde o início: eu quis dizer sim, e fiquei muito feliz de ninguém ter tentado amenizar o drama desse meu sim, como agora não quero estar, aqui com vocês, de um modo formal; quero ser eu mesmo com vocês, como quero dizer “Tu” ao Mistério todas as vezes, a Cristo todas as manhãs, com todo o meu eu, com toda a vibração do meu eu, e assim quis dizer sim ao padre Giussani, dentro da minha pequenez, dentro do meu mal, mas dizer sim.
Quando me perguntam sobre a minha responsabilidade, respondo que agora a minha única responsabilidade é a mesma de antes: dizer sim a Cristo, porque o movimento não é uma organização, não é um setor da organização que precisava ser preenchido. É o sim que interessa. Essa é a única coisa que gera o povo, como vimos, e que gera a unidade; não é uma organização, não é um papel, mas é uma atração vencedora. Por isso, é indispensável esse cargo, esse particular, esse ponto histórico que agora passa por mim – somente em pensar nisso sinto um calafrio! Por isso, espero que, ao menos, vocês façam uma prece por mim, porque esse meu sim, dito e redito agora com toda a consciência de que sou capaz, é a modalidade com a qual eu me torno companheiro da vossa caminhada. Eu aceito, porque este é o método que padre Giussani sempre nos ensinou: a preferência, um ponto humano, uma atração humana é a única capaz de arrastar todo o nosso eu; do contrário, pobres de nós, mas pobres até a medula! Se não existe esse algo que nos atrai, que arrasta todo o nosso eu, não há nada a fazer.
Esse é um desafio à liberdade de todos. Eu não vim para poupar-lhes o seu sim, mas para desafiá-lo. Cada um precisa responder; não o digo para repreendê-los por alguma coisa, mas para que vocês não percam a coisa mais bonita, que é dizer sim e sentir a vibração desse sim! Porque, se esse sim não for de vocês, se vocês não sentirem a emoção de dizer esse sim, vocês perderão o melhor, porque quero ser eu a sentir o bem, quero ser eu a dizer a cada um: “Eu te quero bem!”. E nesse sentido, não queremos que ninguém nos poupe: é fácil, é muito fácil, se chama simplicidade de coração.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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