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Passos N.60, Abril 2005

JOÃO PAULO II - Encíclicas

Redemptor hominis (4 de março de 1979)

strong>1. O Redentor do homem, Jesus Cristo, é o centro do cosmos e da história. Para Ele se dirigem o meu pensamento e o meu coração nesta hora solene da história, que a Igreja e a inteira família da humanidade contemporânea estão vivendo.
Deus entrou na história da humanidade e, enquanto homem, “sujeitou-se” à mesma, um dos milhares de milhões e, ao mesmo tempo, Único!

7. A única orientação do espírito, a única direção da inteligência, da vontade e do coração para nós é esta: na direção de Cristo, Redentor do homem; na direção de Cristo, Redentor do mundo. Para Ele queremos olhar, porque só nEle, Filho de Deus, está a salvação, renovando a afirmação de Pedro: “Senhor, para quem iremos? Só Tu tens palavras de vida eterna”.

10. No mistério da Redenção o homem é novamente “reproduzido” e, de algum modo, é novamente criado. Ele é novamente criado!
O homem que quiser compreender-se a si mesmo profundamente – não apenas segundo imediatos, parciais, não raro superficiais e até mesmo só aparentes critérios e medidas do próprio ser – deve, com a sua inquietude, incerteza e também fraqueza e pecaminosidade, com a sua vida e com a sua morte, aproximar-se de Cristo.
Aquele profundo maravilhamento a respeito do valor e dignidade do homem chama-se Evangelho, isto é a Boa Nova. Chama-se também Cristianismo. Um tal maravilhamento determina a missão da Igreja no mundo e, também, talvez mais ainda, “no mundo contemporâneo”. Tal maravilhamento, juntamente com a persuasão e a certeza, que na sua profunda raiz é a certeza da fé, está intimamente ligada o Cristo. Isso também estabelece – se assim se pode dizer – o lugar do mesmo Jesus Cristo, o seu particular direito de cidadania na história do homem e da humanidade.
A tarefa fundamental da Igreja de todos os tempos e, de modo particular, do nosso, é dirigir o olhar do homem e endereçar a consciência e experiência de toda a humanidade para o mistério de Cristo, ajudar todos os homens a ter familiaridade com a profundidade da Redenção que se verifica em Cristo Jesus.

13. Quando penetramos no mistério de Jesus Cristo compreendemos com maior clareza que, na base de todas aquelas vias ao longo das quais a Igreja dos nossos tempos deve prosseguir, existe uma única via: é a via experimentada há séculos, e é, ao mesmo tempo, a via do futuro.
Jesus Cristo é a via principal da Igreja. Ele mesmo é a nossa via para “a casa do Pai” (cf. Jo 14,1ss) e é também a via para cada homem. Por esta via que leva de Cristo ao homem, por esta via na qual Cristo se une a cada homem, a Igreja não pode ser entravada por ninguém. Isso é exigência do bem temporal e do bem eterno do mesmo homem. Por respeito a Cristo e em razão daquele mistério que a vida da mesma Igreja constitui, esta não pode permanecer insensível a tudo aquilo que serve o verdadeiro bem do homem, assim como não pode permanecer indiferente àquilo que o ameaça.
Aqui, portanto, trata-se do homem em toda a sua verdade, com a sua plena dimensão. Não se trata do homem “abstrato”, mas sim real: do homem “concreto”, “histórico”. Trata-se de “qualquer” homem, porque todos e cada um foram compreendidos no mistério da Redenção, e com todos e cada um Cristo se uniu, para sempre, por meio deste mistério.

14. Cada homem, em toda a sua singular realidade do ser e do agir, da inteligência e da vontade, da consciência e do coração, é o primeiro caminho que a Igreja deve percorrer no cumprimento da sua missão: ele é a primeira e fundamental via da Igreja, via traçada pelo próprio Cristo e via que imutavelmente conduz através do mistério da Encarnação e da Redenção.
Este homem é a via da Igreja; via que se encontra, de certo modo, na base de todas aquelas vias pelas quais a Igreja deve caminhar, porque o homem – todos e cada um dos homens, sem exceção alguma – foi remido por Cristo; e porque com o homem – cada homem, sem exceção alguma – Cristo de algum modo se uniu, mesmo quando o homem não é consciente disso.

18. Deste modo, o voltar-se para o homem, voltar-se para os seus reais problemas, para as suas esperanças e sofrimentos, para as suas conquistas e quedas, também faz com que a mesma Igreja como corpo, como organismo e como unidade social, perceba os mesmos impulsos divinos, as luzes e as forças do Espírito que provêm de Cristo crucificado e ressuscitado; e é por isto precisamente que ela vive a sua vida.

21. A verdade plena sobre a liberdade humana acha-se profundamente gravada no mistério da Redenção. A Igreja presta verdadeiramente um serviço à humanidade, quando tutela esta verdade, com infatigável aplicação, com amor ardente e com diligência maturada; e, ainda, quando, em toda a própria comunidade, pela fidelidade à vocação de cada um dos cristãos, a mesma Igreja a transmite e a concretiza na vida humana. Deste modo é confirmado aquilo a que já nos referimos em precedência, isto é, que o homem é e continuamente se torna a “via” da vida cotidiana da Igreja.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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