1964
Aulas na Universidade Católica
A linha horizontal representa a trajetória da história humana, sobre a qual paira a presença de um X: destino, fado, quid último, mistério, “Deus”. Em todos os momentos de sua trajetória histórica, a humanidade tentou compreender teórica e praticamente a relação que passava entre a sua realidade contingente - o seu ponto efêmero - e o sentido último dessa sua realidade. Procurou imaginar e viver o nexo entre a própria efemeridade e o eterno. Suponhamos agora que a enigmática presença, o X que paira além do horizonte - sem o qual a razão não pode ser razão, pois ela é a afirmação do significado último -, penetrasse no tecido da história, entrasse no fluxo do tempo e do espaço e, com inimaginável força expressiva, se encarnasse num “Fato” que se deu entre nós. À luz dessa hipótese, o que significa “encarnar-se”? Significa supor que aquele misterioso X se tenha tornado um fenômeno, um fato normal identificável na trajetória histórica e agindo sobre ela.
(Na origem da pretensão cristã, pp. 43-44)
1968
A crise
A história do Movimento começou a se anuviar em 1963 e 1964, até as trevas de 1968, que fizeram com que explodissem as conseqüências daqueles cinco ou seis anos em que a influência de certas pessoas inverteu a situação original e fez com que o objetivo do nosso agir não fosse uma presença na escola, mas um projeto de atividade social. Assim, a densidade, a própria identidade da nossa presença se perdeu. Em 1968, sobrou só um certo grupo, endurecido, sem saber o que dizer.
(“Da utopia à presença”, in Passos, dezembro de 2002, p. 25)
1969
Nascimento de CL
A maioria escorregou e traiu. O que é que eles traíram? A presença. O projeto tinha substituído a presença e a utopia tinha tomado o seu lugar. O que aconteceu desde 1963-64 até a explosão de 1968 foi um processo de adaptação e de adequação ao ambiente: realizou-se uma presença reativa, portanto não mais uma presença verdadeira e original. Em 1969, alguns intuíram e retomaram - por fidelidade ao coração - a idéia inicial: “Nós devemos ser presença, porque a comunhão com Cristo e entre nós é a libertação; por isso, devemos fazer com que a nossa comunhão se torne novamente presença”.
(“Da utopia à presença”, in Passos, dezembro de 2002, p. 25)
1976
A equipe. Da utopia à presença
O problema que devemos enfrentar este ano pode ser formulado da seguinte maneira: é preciso que consigamos compreender a oposição existente entre duas palavras - “presença” e “utopia” - e a escolha que fizemos da primeira. O destino da nossa comunidade, como eficácia dentro da universidade e da sociedade, depende do privilégio da presença contra a tentação da utopia. [...] “Somos membros uns dos outros.” Não existe nada culturalmente mais revolucionário do que esta concepção da pessoa, cujo significado, cuja consistência é uma unidade com Cristo, com um Outro, e, por meio dela, uma unidade com todos aqueles que Ele conquista, com todos aqueles que o Pai lhe dá. A nossa identidade é o ser um só com Cristo. A identificação com Cristo é a dimensão constitutiva da nossa pessoa.
(“Da utopia à presença”, in Passos, dezembro de 2002, pp. 20-21)
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