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Passos N.59, Março 2005

BIOGRAFIA - É UMA VIDA

2002 a 2004

2002
Vigésimo aniversário da Fraternidade
“O Movimento”, escreveu-nos o Santo Padre, “quis e quer apontar não um caminho, mas o caminho para chegar à solução desse drama existencial” do homem que nunca deixa de buscar. [...] Abre-se para nós um novo início: demonstrar, demonstrar uma vez mais a evidência da verdade daquilo que, seguindo a Tradição da Igreja, sempre dissemos. Como também nos escreveu o Santo Padre: “O cristianismo, antes de ser um conjunto de doutrinas ou uma regra de salvação, é o ‘acontecimento de um encontro’”. [...] É uma coisa nova que deve acontecer, um passo extremamente importante da nossa história. [...] Para tanto é preciso pedir uma grande clareza diante da nossa responsabilidade. De fato, cada pessoa é responsável por toda a Fraternidade em que está mergulhada, qualquer que seja a sua condição atual, de saúde ou de doença, de letícia ou de provação. [...] Deus sugere a cada um que seja um posto avançado da missão. [...] Rezemos a Nossa Senhora pelas nossas misérias e pelas misérias do mundo. Na aventura de cada dia, a miséria está em continuar negligenciando a fidelidade de Deus à nossa história: esse é o maior de todos os pecados. Nossa Senhora nos impulsiona a colaborar com a grandeza do plano que Deus tem para a salvação de todos os irmãos homens.
(Carta enviada aos membros da Fraternidade de Comunhão e Libertação no 20º aniversário do reconhecimento pontifício da Fraternidade, in Passos, abril de 2002, pp. 23-24)

2004
Os 50 anos do Movimento
Eu não apenas nunca pretendi “fundar” nada, como considero que a genialidade do movimento que vi nascer é ter sentido a urgência de proclamar a necessidade de um retorno aos aspectos elementares do cristianismo, ou, em outras palavras, a paixão pelo fato cristão enquanto tal, em seus elementos originais, e nada mais. Talvez justamente isso tenha despertado possibilidades imprevisíveis de encontro com personalidades do mundo judaico, muçulmano, budista, protestante e ortodoxo, desde os Estados Unidos até a Rússia, num ímpeto de abraço e valorização de tudo o que de verdadeiro, belo, bom e justo se encontra em quem quer que viva um pertencer.
O problema capital do cristianismo, hoje, tal como Vossa Santidade anunciou sugestivamente já desde a encíclica programática de seu pontificado, Redemptor hominis, é que o cristianismo se identifica com um Fato – o Acontecimento de Cristo -, e não com uma ideologia. Deus falou ao homem, à humanidade, não por meio de um discurso enfim desvendado pelos filósofos e intelectuais, mas como um fato que aconteceu, do qual se faz experiência. (...)
Na carta à Fraternidade, Vossa Santidade escreveu ainda que “o cristianismo, antes de ser um conjunto de doutrinas ou uma regra para a salvação, é o acontecimento de um encontro”. Nestes cinqüenta anos, apostamos tudo nessa evidência. (...)
Por isso, não nos consideramos portadores de uma espiritualidade particular, nem sentimos a necessidade de identificá-la. O que nos domina é a gratidão pela descoberta de que a Igreja é uma vida que encontra a nossa vida: não é um discurso sobre ela. (...)
Mas parece que essa fé, nos últimos séculos, tem olhado para a vida cotidiana e considerado o trabalho humano quase que desprovida de valor eterno, de uma esperança que a alicerce. É preciso, portanto, que a glória do Verbo divino seja buscada, no olhar que se lança para todas as coisas, no ímpeto de cada conquista, e que a salvação trazida por Cristo – mesmo que o faça sempre por meio da cruz – irrompa em cada nova aurora.
Santidade, que o verso de Dante “aqui és para nós luz meridiana de caridade” se realize em todos os relacionamentos que o povo cristão pode estabelecer, guiado por pastores que saibam invocar o Espírito de Cristo pela mediação de Maria.
Nosso movimento, que o Espírito de Cristo despertou e realizou dentro da obediência e da paz, inspire fraternalmente toda a sociedade cristã, de modo a que em todos os lugares onde a fé for proclamada possam ser encontrados vestígios da santidade de Nossa Senhora (“Em ti, misericórdia, em ti, piedade,/ em ti magnificência, em ti se coaduna/ todo o bem que existe nas criaturas”).
(Carta enviada a João Paulo II no 50º aniversário do nascimento de Comunhão e Libertação, in Passos, abril de 2004, pp. 1-3)

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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