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Passos N.117, Julho 2010

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A história

Um pontinho branco

Lucrezia segue a mão do professor no touch screen. Gráficos. Imagens. E um vídeo. “É claro que estes quadros multimídia são ótimos”, pensa consigo, “a aula fica mais interessante. Bom, o professor também é muito bom. Se, no ano passado, no nono ano da escola, tivessem me dito que, para conseguir trabalho num bar ou restaurante como garçonete, teria estudado todas essas coisas e dessa maneira, não teria acreditado. Estudar era uma palavra feia!”. Soa o sinal do intervalo. As portas das salas se abrem. A moça sai para o corredor e olha em volta. Alguns minutos depois, Veronica e Martina juntam-se a ela. Conversam. Riem.
Depois, passa Antonella, a diretora do curso. E para diante delas. “Oi, meninas, estava exatamente procurando vocês. Tenho uma proposta.” “Vamos ouvir. É só não ser nada muito cansativo”, brinca Martina. “Talvez seja um pouco. Vocês querem ir a Roma ver o Papa no domingo, dia 16? Saímos daqui de ônibus na noite anterior com alguns alunos da escola Oliver Twist, as famílias da Associação Cometa e outros amigos. Chegaremos à Praça São Pedro pela manhã. Rezamos o Regina Coeli com Bento XVI e voltamos para Como.” “Mas, por quê? O que é este Regina Coeli?”, pergunta Lucrezia. “É uma oração a Maria. É para estarmos perto do Papa neste momento difícil para a Igreja. Mas, é também uma maneira para sermos ajudados por ele no caminho que cada um tem para trilhar. Para pedir a Nossa Senhora tudo aquilo de que precisamos.” “Anto, é importante para você?” “Sim, muito.” “OK. Vamos pensar e amanhã damos a resposta”, conclui Martina. Voltando para casa, discutem sobre o assunto: a Antonella é uma pessoa séria, se faz uma proposta assim, talvez valha a pena. E, depois, não convidou a todos. Pensou nelas. Tudo bem, é bem cansativo. Os pensamentos vão surgindo. À noite, troca de telefonemas. Depois, a decisão: vão.

Sábado, 15 de maio, estão no ponto de partida. No ônibus, brincam, cantam, rezam, tentam dormir um pouco. Também conversam. Rádios e celulares, levados para passar o tempo, ficam, a maioria, desligados. Quando chegam à Praça São Pedro, ela está quase vazia. Depois, aos poucos, se enche. Lucrezia, sentada no chão, olha em volta: crianças, jovens, velhos. Há de tudo. Um mar de rostos, vozes, risadas, cantos. Depois, a certo ponto, todos se levantam. O olhar voltado para cima. “O que está acontecendo?”, pergunta Veronica. “O Papa. Lá em cima, apareceu na janela.” “Aquele pontinho branco?”
Bento XVI começa a falar, agradece a todos, abre os braços. As três amigas têm o olhar fixo naquele pontinho. Recitam a oração do Regina Coeli. Há um longo aplauso final. Quinze minutos. Veronica dá uma cotovelada em Lucrezia e Martina: “Olhem”. Uma jovem tem o rosto cheio de lágrimas. “Sabe, eu também sinto algo aqui dentro...”, diz Lucrezia. “Eu também”, continua Martina. “E eu não? Que coisa estranha. Porém, que bonito!”, conclui Veronica. A praça se esvazia lentamente. As três jovens voltam para o ônibus. Riem, brincam.

No dia seguinte, nos corredores da escola há um clima diferente. Uma alegria nova, contagiante. Os trinta que foram a Roma contaram a todos sobre a viagem. Lucrezia diz à companheira de classe: “Foi realmente bonito! Não me lembro exatamente o que o Papa disse. Mas estava feliz”. “Você ainda está.” “Dá para ver?” “Sim.” No intervalo, as três amigas se encontram. “Nossa, que coisa, ontem!” “É verdade. Quem discorda disso?” E Lucrezia: “É. Mas eu quero experimentar outra vez algo assim. Estou pensando nisso durante toda a manhã. Quero encontrar de novo um lugar assim”. “Você vai voltar para a São Pedro?”, brinca Martina. “Não. Eu quero isso aqui. Sabem do que estou falando? Sábado vou à Cometa ajudar na montagem das cestas básicas do Banco de Alimentos. Um menino do nono ano me falou sobre isso há algum tempo. Eles se encontram, montam as cestas para as famílias necessitadas, comem juntos e conversam sobre algumas coisas. São felizes”, explica Lucrezia. “É, eu também já ouvi falar sobre isso. Eu também vou.” “Eu também, vamos tentar. Olhem, a Antonella está chegando.” “Anto, queremos perguntar uma coisa...”

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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