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Passos N.124, Março 2011

VIDA DE CL - Encontro de Responsáveis

Surpreendidos como João e André

por Carolina Oliveira e Isabella Alberto

Estavam presentes 356 pessoas de 16 países. O tema: “Viver é a Memória de Mim”. E a proposta clara de Julián Carrón: “Não estamos aqui para organizar nada, mas para que aconteça um movimento no nosso eu”. Esses foram os elementos que fizeram com que a quarta Assembleia dos Responsáveis da América Latina (Aral) tornasse o final de semana de 18 a 20 de fevereiro ser diferente de qualquer outro.
Durante três dias, foram enfrentadas as diferentes realidades de Comunhão e Libertação na América Latina e dados belíssimos testemunhos de como a vida do Movimento tem crescido em tamanho e intensidade no Brasil e seus vizinhos.
Carrón introduziu a assembleia lembrando o encontro de João e André: “Nós nos movemos por causa daqueles dois. Só quando nos comovemos como João e André é que algo em nós muda. Eles não entendiam tudo quando encontraram Cristo, mas ficaram fascinados e se agarraram a ele”.
Reunir pessoas de países tão distantes, com todo o sacrifício que a viagem comporta, só tem sentido por ser uma ajuda a manter diante dos olhos a ação de Cristo, hoje. Por isso, na primeira noite, padre Aldo Trento, Cleuza e Marcos Zerbini deram o testemunho sobre o impacto que o encontro de La Thuile (a Assembleia Internacional de CL, realizada em agosto passado) teve na vida deles. Algo que, no primeiro momento, parecia apenas mais do mesmo, se converteu em fascinação e encanto pelas experiências descritas por eles. “Surpresa que Deus se tornou homem e Cristo se tornou a coisa mais importante da minha vida”, como dizia Marco Montrasi (Bracco) ao introduzir este encontro.
Padre Aldo falou sobre a comoção, que definiu como o despertar a cada dia de manhã para aquele Tu que domina. “Não existe nada que me impeça de reconhecer a Presença maior da minha vida. O Tu de Cristo é algo muito maior que a doença e domina tudo. Essa é a grande aventura: não importa a minha miséria, sou amado e nada se compara a isso. Cristo é muito maior que a minha ferida. Esse Tu que domina toda a minha vida se torna festa por começar o dia dando espaço para o Mistério. A última grande palavra é que Cristo venceu até o desespero”.
Já Cleuza contou de como entendeu a diferença entre participar do Movimento e ser de Comunhão e Libertação. “Participar é para todos, mas pertencer é dar a vida por Cristo, como Pedro. O Movimento para mim é uma grande graça porque sigo rostos concretos: Carrón, Bracco, padre Aldo, padre Julián, meus amigos da Fraternidade. Para mim, Cristo está no rosto de cada pessoa que me é dada”.
Marcos completou a noite dizendo que nasceu nele o desejo de ser cada vez mais livre diante dos acontecimentos. “O que mais me impressiona não é o que ouço do Carrón, mas o que vejo nele e vendo-o quero ser livre também, quero me deixar provocar como ele se deixa provocar pela realidade”. E ele completa. “Quando entregamos a nossa Associação, oferecemos também nossa vida e nosso coração. A única coisa que posso fazer é viver intensamente a beleza de coração que encontrei. Quantos vão nos seguir, não sei, mas posso garantir que eu a cada dia vivo mais feliz e quero me entregar até que não existam mais reservas”.
O segundo dia do encontro começou com uma assembleia de perguntas e testemunhos. Logo na primeira colocação, sobre a dificuldade de se viver em um mundo “depois de Cristo, sem Cristo”, Carrón fez um desafio: “Alguém pode documentar com alguma experiência algo que responda a essas questões?” As pessoas se arriscam e a fila dos que querem intervir fica grande. Começam a ser relatados os últimos acontecimentos: a audácia dos jovens universitários de Santiago, no Chile; a inauguração do Centro de Desenvolvimento Comunitário em Oaxaca, no México; o panfleto sobre política preparado pelos amigos de Quito, no Equador. E também os fatos recentes da Colômbia, Costa Rica, Argentina, Brasil... Faltou tempo para todos, mas naquela exemplificação estava clara a ação de Cristo em fatos reais e atuais.

Um abraço para todos. Após o almoço, rápidos grupos de trabalho e no final da tarde uma surpresa: foi passado o vídeo sobre o Meeting do Cairo, no qual o muçulmano Wael Farouq, do Egito, e a italiana Emilia Guarnieri, Presidente do Meeting de Rímini, contaram a experiência de organizar esse evento em um país totalmente improvável. Da amizade que nasceu entre o professor Wael e um estudante italiano, Paolo, surgiu uma novidade absoluta que levou o muçulmano a se empenhar para promover em seu país um evento cultural nos moldes do Meeting italiano. Ao encerrar sua comovida colocação, afirmou: “Decidi ser um de vocês”.
À noite, os presentes foram surpreendidos pelos testemunhos que exemplificaram como a inteligência da fé torna-se inteligência da realidade: Milena, de Salvador, falou sobre as recentes férias dos universitários e jovens trabalhadores do Nordeste; Inês, de Petrópolis, contou como viveu a tragédia causada pelas chuvas na região serrana do Rio; Sergio, argentino que é responsável pela construção da nova clínica para doentes terminais, em Assunção, descreveu seu trabalho e o desejo de aprender a olhar tudo como padre Aldo; e padre Paolino, também do Paraguai, contou a experiência que faz com o grupo de colegiais na sua paróquia. Todas vidas que vibram e que emocionaram e contagiaram toda assembleia.

Uma grande aventura. Para terminar o encontro, no domingo de manhã, Carrón fez uma breve síntese da assembleia. Chamou a atenção novamente de que a grande questão da vida é apegar-se a Quem é capaz de nos fazer vibrar. “Não vivemos de renda. A cada dia precisamos voltar à experiência que nos dá essa vitalidade. (...) A responsabilidade de João e André foi converter-se ao que acontecia e tudo se moveu por isso”. A única possibilidade de não ficar preso no próprio conhecimento é esta disponibilidade a seguir o acontecimento. Por isso é tão importante ter desperta a própria humanidade, pois sem fome e sede não é possível acolher constantemente o que nos é doado. Terminou, assim, com um chamado a utilizar o instrumento que o carisma nos oferece para despertar o nosso humano: a Escola de Comunidade. E conclui lançando um desafio: “O acontecimento cristão ressuscita e potencializa as experiências originais a que chamamos ‘senso religioso’. Este é o desafio fascinante da fé cristã. Essa é a aventura! Somente para os audazes!”


Na tarde do domingo, dia 20 de fevereiro, padre Julián Carrón fez a apresentação do livro O senso religioso, de Luigi Giussani. Diante de um público de 450 pessoas, o evento foi realizado no Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo. Mas esse fato teve uma grande dimensão, pois, pela primeira vez, foi transmitido ao vivo para 14 comunidades do Brasil e mais 26 cidades de 8 países latino-americanos (Argentina, Colômbia, México, Equador, Honduras, Uruguai, Venezuela e República Dominicana) que organizaram o gesto em suas cidades de forma pública e missionária. Além disso, a Canção Nova também transmitiu simultaneamente a apresentação em seu site (www.cancaonova.com).
O evento foi introduzido pela execução de dois cantos populares que exemplificam as exigências de todo homem: “Anima”, do compositor Milton Nascimento, e “Ser Poeta”, do músico português João Gil.
Padre Carrón descreveu a importância de termos vivas as exigências fundamentais que se expressam em algumas perguntas como: por que existe a dor? Por que vale a pena viver? São essas exigências que nos levam a entender a pertinência da fé, a entender como Cristo veio responder ao senso religioso que está presente em todos os homens.
A apresentação desse livro por padre Carrón, em Milão, pode ser lida na Página Um deste número. No Brasil, a última edição do livro foi publicada em Brasília, pela editora Universa, e possui o prefácio do Arcebispo Primaz, Dom Geraldo Majella Agnelo. Está à venda nas livrarias de todo o país.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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