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Passos N.128, Julho 2011

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Acontece - Belo Horizonte (MG)

por Raquel Assis

Aprendendo com as crianças

Há aproximadamente quatro anos, Elenice, uma amiga do Movimento, tomou para si a responsabilidade de preparar as crianças de nossa comunidade para a Primeira Eucaristia. Ela já formou duas turminhas de meninos entre nove e onze anos. E agora se prepara para iniciar o trabalho com um terceiro grupo. Nessa última turma, minha filha, Ana Rita, e alguns amigos fizeram a Primeira Comunhão. Por meio de lições muito simples que percorrem o Catecismo da Igreja, Elenice foi ensinando as crianças a se colocarem diante de Cristo e diante dos Sacramentos. Depois das aulas, as crianças deviam escrever as suas impressões, experiências e dicas sobre aquilo que tinham aprendido, tarefa que elas cumpriam com seriedade. Mas, para além das aulas e lições, uma amizade diferente cresceu entre os meninos que já brincavam juntos antes, mas que, agora, como seus pais, tinham também um lugar para eles na experiência do Movimento e da Igreja. E isso é algo sempre desejado pelas crianças. A preparação para a Primeira Comunhão e a companhia de Elenice, uma pessoa adulta, diferente dos seus pais, que os guiava em um percurso de conhecimento, deu esse lugar para eles. Ana Rita sempre voltava contente da catequese e com mil questões acerca dos mistérios da Igreja e da fé.
As indagações das crianças acabavam por alcançar também os pais que, muitas vezes, diante das perguntas suscitadas na catequese, se viam em “saia-justa”, ou seja, obrigados a se posicionar sobre a doutrina da Igreja e sobre a própria maneira de se relacionar com a fé. Nesse sentido, o catecismo das crianças é também educativo para a família. Comecei a conversar com minha filha sobre temas como o significado do Sacramento, o pecado e a culpa e, a partir disso, falamos das experiências vividas por ela na escola, com os amigos, ou então de coisas que eu vivia no meu trabalho e mesmo na nossa relação familiar. Assim, em um mundo onde pouco se permite a presença de Cristo, o Mistério entrava em nossas vidas enquanto fazíamos as coisas comuns e cotidianas do dia a dia.
Quando foi chegando o dia da Primeira Eucaristia, as crianças tiveram que se colocar diante da Confissão, um Sacramento bem difícil de entender. No início, elas ficaram apreensivas, não sabiam bem o que deviam falar e faziam suas listas dos pecados. Elenice, com muita atenção, foi preparando esse momento e convidou o padre Marcilon para a confissão. Enquanto isso, os pais, junto com Elenice, preparavam o momento da missa e da festa a ser realizada após a celebração. Com a vida apressada entre o trabalho e os afazeres domésticos, até duas semanas antes não tínhamos nada pronto. Era imensa a desproporção entre a grande expectativa das crianças e o pequeno movimento que os pais conseguiam fazer para a festa de seus filhos. Mas, finalmente, começamos a nos mover. Particularmente Ângela, mãe de Luísa, tirou boa parte de seu tempo de trabalho para organizar a festa. Kika, nossa amiga fotografa, também nos doou seu trabalho e produziu a memória de nossa festa e da alegria de nossos filhos. Depois, todos foram ajudando de acordo com suas disponibilidades de tempo e com seus talentos. Assim, fomos vivendo uma experiência de comunidade marcada pela doação de tempo e de trabalho em que, claramente, Cristo providenciava aquilo que nos faltava. O resultado foi uma celebração ímpar, marcada pela beleza da Igreja e da música, pela disponibilidade do padre, pela seriedade das crianças e de sua catequista, pela alegria dos pais e familiares e pela Eucaristia, ou seja, pela força de Cristo que se fazia presente na carne de nossos filhos. Diante disso, digo que uma experiência de Catecismo, aparentemente tão simples e às vezes até mecânica, nascida dentro da nossa companhia, pôde mover tantas coisas em nossos corações. Mas esse é mesmo o jeito que Cristo gosta de fazer as coisas!

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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