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Passos N.129, Agosto 2011

MADRI - JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

“Desejem coisas grandes”

A via-sacra no centro de Madri, a vigília de orações, a missa no aeroporto Cuatro Ventos... Cerca de um milhão de jovens participarão da 26ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Madri, de 16 a 21 de agosto, sobre o tema “Arraigados e edificados em Cristo, apoiados na fé” (cf. Cl 2,7). Numa mensagem de agosto do ano passado, Bento XVI os convocou com estas palavras: “Gostaria que todos os jovens, tanto os que compartilham a nossa fé em Jesus Cristo quanto os que hesitam, os que estão em dúvida ou que não creem n’Ele, pudessem viver esta experiência, que pode ser decisiva para a vida: a experiência do Senhor Jesus ressuscitado e vivo, do seu amor por cada um de nós”.
Quem idealizou esses eventos foi João Paulo II. Em 1985, por ocasião do Ano Internacional da Juventude, convocou os jovens a se reunirem na Praça de São Pedro: compareceram 350 mil. Foi assim que nasceram as Jornadas Mundiais da Juventude: Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colônia (2005), Sydney (2008).
Este ano, mais uma vez, os jovens corresponderam, organizando viagens (muitas delas bem complicadas) de todos os cantos do mundo. O que eles buscam? Com que desejos partem? Da Rússia e da Austrália, da Itália e de Taiwan, pedimos a quatro jovens que estão de partida para Madri que nos contassem suas histórias. É o que segue.


VIKA
Moscou (Rússia)

UM PONTO FIRME NA CAMINHADA DA VIDA

Fiquei sabendo da JMJ depois de um encontro do arcebispo Paolo Pezzi com os jovens, em Moscou. Quando falaram desse evento, eu logo disse para mim mesma: “Eu vou”. Mas como? Comecei a pedir: “Senhor, se for também da Sua vontade, fazei alguma coisa”. Depois de alguns meses, recebi a proposta de acompanhar um grupo de franciscanos à JMJ. Era a resposta que eu buscava. A partir daquele momento, todos os meses nos reunimos com Dom Paolo para ler a Mensagem do Papa aos jovens: conversávamos e ouvíamos testemunhos, ou simplesmente tomávamos uma xícara de chá. Ali vinham à tona todas as nossas perguntas: o que significa “arraigados em Cristo”? Existe um laço mais forte do que qualquer outra coisa? Eu estou apoiado num terreno sólido? Nós nos ajudávamos mutuamente a encarar a vida com seriedade.
Muitas vezes eu me perguntava: por que quero tanto ir a Madri? Minha resposta é simples: na Igreja encontrei uma coisa linda, e a minha vida sofreu uma revolução completa. Vou, então, para pedir que esse encontro dure para sempre. Essa caminhada, porém, não podemos fazer sozinhos. O Papa também falou da necessidade de “pontos firmes”. É isso: para mim o Papa é um ponto firme, por isso vou encontrá-lo. Para que, ao voltar para casa, aqui em Moscou, eu possa viver o que tiver recebido. Chegando assim a todos.

YA HAN
Taipé (Taiwan)

EU PENSAVA: O QUE FAÇO, SEM O BATISMO?

Eu não sou batizada. Eu via meu avô rezar e dizia para mim mesma: “Seria tão lindo conhecer esse Deus”. Mas eu não ousava entrar numa igreja. Até o dia do enterro dele. Ali eu vi pessoas cordiais e cheias de calor humano. Então comecei a ir à missa, e vi um cartaz no quadro de avisos: o convite para a JMJ. Fiquei tocada, mas pensei: o que faço, se não sou batizada? Naquele momento, um fiel se aproximou e me disse: “Vá, com certeza vai valer a pena”. Assim, imediatamente me inscrevi, pois era o último dia.
De Taipé somos uns 300 inscritos para a viagem. O meu grupo é formado por dezessete jovens. Nestes meses nos encontramos várias vezes para nos prepararmos para a Jornada. Cada encontro foi uma oportunidade para nos conhecermos melhor: alguns padres, jovens da paróquia e outros universitários, nem todos batizados. Passamos, inclusive, dois dias com os outros grupos de Taiwan: ver esses jovens que, como eu, se preparam para o encontro com o Papa foi uma emoção indescritível. Isso me fez desejar ainda mais ir a Madri, onde estarão peregrinos do mundo todo.
Fiquei muito impressionada com o apelo do Papa para não seguirmos cegamente a mentalidade dominante, mas buscar “uma relação pessoal com Jesus Cristo”, buscá-Lo como um amigo verdadeiro. Por isso, na JMJ gostaria de encontrar outros jovens com esse desejo: conhecer melhor a Deus.

TIM
Melbourne (Austrália)

A PROPOSTA DO BISPO JOE

Vou à Jornada com outros cem jovens de Sandhurst, próxima de Melbourne. Tenho apenas 22 anos, mas serei o guia do grupo, pelo convite que me fez o nosso bispo Joe Grech no último dia 10 de dezembro, dia do seu aniversário. Duas semanas depois, ele morreu repentinamente, aos 62 anos. Eu devo muito a ele: era um amigo e um pai. Então, logo que terminei o curso de Engenharia, decidi não procurar nenhum emprego durante um ano, dedicando todo o meu tempo a acompanhar os jovens da Diocese, como me havia pedido o bispo Joe.
Em sua memória realizaremos a peregrinação a Madri. E visitaremos lugares que os jovens talvez nem pensam em visitar, como Ávila e Segóvia, porque o bispo Joe era muito devoto de Santa Tereza d’Ávila e São João da Cruz. Nos últimos meses, porém, nos dedicamos à preparação para o evento. Não só do ponto de vista espiritual, mas também prático. Por exemplo, para levantar algum dinheiro organizamos churrascos, rifas e concertos.
Ele queria muito essa peregrinação, gostaria de ir conosco, gostaria que fizéssemos a experiência da universalidade da Igreja e pudéssemos perceber que, como crentes, não estamos sozinhos no mundo. Porque a Austrália é muito secularizada: para muitas pessoas, a fé consiste apenas em ir à missa dominical. No entanto, depois de comparecer à JMJ de Colônia e à de Sydney, vi que pertencer à Igreja significa muito mais do que isso. Portanto, mesmo que a gente nunca tenha se encontrado, posso dizer-lhes: “Deus vos abençoe”.

SAVERIO
Bari (Itália)

SÓ SEI QUE ESSE MODO DE VIVER É PARA MIM

Sou estudante de Economia. No início, não queria ir à Jornada, em Madri. Mas fiquei impressionado com o esforço que uma menina da minha escola que estava terminando o ensino médio fazia para conseguir ir à JMJ, embora nem tivesse dinheiro para pagar a viagem. Uma professora se interessou pela iniciativa dela e fez uma campanha pedindo aos colegas que a ajudassem. Diante dessa movimentação, eu disse “sim”: irei com vinte amigos. E com um monte de perguntas: qual é o meu caminho? O que desejo na vida? Questões que superam em muito o trabalho, como escreveu o Papa: “É parte do ser jovem sentir o anseio de algo que seja realmente grande”. Estes anos de universidade já foram assim. E pensar que, quando me inscrevi, tinha em mente apenas dar uma escapada. Depois, impressionado com a mudança de um amigo, em alguns relacionamentos, conheci pessoas de CL. Não sabia o que era, mas me interessei por esse modo de vida. E agora, no apartamento com esses amigos, é um espetáculo o modo como nos tratamos, convivemos e levamos a sério o estudo. Depois da formatura, buscarei a mesma companhia no dia a dia. Para continuar vendo essa coisa linda.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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