Passos N.129, Agosto 2011

MADRI - JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

“Assim nos preparamos para acolher o Papa”

por José Miguel García

Cem famílias mobilizadas para hospedar os jovens, duzentos voluntários, uma vigília no centro da cidade... É assim que a comunidade de CL em Madri está ajudando a construir a JMJ

Cem famílias abrirão suas casas aos peregrinos. Mais de duzentos estudantes ajudarão na organização. Trezentos adultos trabalharão como voluntários nas exposições que constam do programa. Uma vigília será dedicada à “Beleza, grande necessidade do homem”. E cinquenta mil exemplares de um Guia que mostra a contribuição dos cristãos para a construção de Madri...
A comunidade espanhola de CL não espera de braços cruzados a Jornada Mundial da Juventude, prevista para Madri de 21 a 26 de agosto. Tema: “Arraigados e edificados em Cristo, apoiados na fé” (Cl 2,7). Desde setembro de 2010, em preparação ao evento, está colaborando com o Comitê organizador, em especial nos setores de eventos culturais, de voluntariado e de acolhimento. Para expressar, junto com outras realidades eclesiais, a necessidade evidenciada por Bento XVI em novembro passado, na Sagrada Família: “A beleza é a grande necessidade do homem; é a raiz da qual nascem o tronco da nossa paz e os frutos da nossa esperança”.
As Jornadas Mundiais da Juventude foram criadas pelo Beato João Paulo II para instaurar um diálogo com os jovens do mundo todo: “A finalidade principal das Jornadas é restituir à fé o seu lugar central na vida dos jovens”, explicava o próprio Wojtyla. “Para que cada um possa fixar o olhar na pessoa de Jesus”. E todas as JMJ, com a palavra e o testemunho do Papa, foram para os jovens uma ocasião para levar a sério os próprios anseios mais íntimos, professar juntos a fé, experimentar a comunhão da Igreja e compartilhar com os outros o imenso dom recebido.
Com essa esperança, estamos preparando em Madri a 26ª Jornada Mundial da Juventude. Uma caminhada na qual, desde logo, quisemos levar a sério o juízo do Papa sobre a obra de Gaudí. Depois de sua visita a Barcelona, nasceu um folhetinho (“Uma oportunidade histórica”) difundido entre amigos nos locais de trabalho: “Aí tem início o verdadeiro diálogo com a modernidade a que o Papa nos convida: diante de belas obras que obrigam o homem a se questionar, pois são sinal visível do Deus invisível”, escrevíamos. “Se os homens que se encontram conosco não podem ver e tocar essa beleza em nossa humanidade e em nossas obras, o diálogo será impossível”. Nosso envolvimento nos gestos culturais que acompanharão toda a semana da JMJ nasce justamente desse querer dar voz a essa linguagem universal da beleza.

Parques e claustros. Por exemplo, nas exposições. O Comitê organizador selecionou oito, preparadas em parques, claustros e igrejas: “O Pórtico da Glória. No fundo, durante a caminhada há Alguém que nos espera”; “Paixão pelo homem, São Turíbio de Mogrovejo”; “A serviço de Deus e do Rei. As reduções do Paraguai”; “A Capela Sistina e o mistério do corpo”; “Uma Terra para o homem”; “Arte contemporânea e fé”; “Cristãos perseguidos”. E “Sagrada Família. Moved by Beauty”, destinada a um colóquio privilegiado: o Parque do Retiro, coração do evento. Essa última mostra nasceu de um trabalho comum de alguns voluntários com os arquitetos e construtores da Sagrada Família. Um modo de levar Gaudí a Madri, dado que nem todos os peregrinos poderão visitar Barcelona. E, sobretudo, para narrar a comoção de quem visitou a última catedral da Europa, através de vários materiais multimídia. Foram pensadas inclusive oficinas, nas quais os peregrinos poderão participar fisicamente da construção da Sagrada Família: aplicando um pequeno ornamento no mosaico de uma torre, ou escrevendo uma intenção que será colocada sob o pavimento, na entrada da sacristia. E é notável a colaboração que nasceu com os organizadores. Como no caso da mostra sobre as reduções, realizada para o Meeting de Rímini de 2009: durante todo o ano, os voluntários de CL se encontraram para trabalhar nos painéis com os jesuítas de Madri, que se ofereceram para hospedá-los em seus claustros.
Para a quinta-feira 18 de agosto está programada uma vigília sobre o tema “A beleza é a grande necessidade do homem”, às 22h no Parque de Berlim. Um gesto público com imagens, vídeos e cantos do mundo todo, que partirá de uma reflexão do então cardeal Ratzinger para o Meeting de 2002. Para preparar a vigília, toda semana uma dezena de voluntários se encontra para resolver os vários problemas organizativos: da cenografia para enfeitar a locação à coleta das permissões para os grandes telões, e assim por diante.
E para acolher os que chegam, foi inclusive idealizado um Guia especial da cidade: Madri a fundo, a partir de uma proposta de Emilio Pérez, um sacerdote do Movimento que pacientemente coordenou o trabalho (gratuito) de dezenas de professores e estudiosos, até a assessoria de imprensa. Um projeto que, em 50 mil exemplares destinados às igrejas e a todos os pontos de venda oficiais da JMJ, pretende tornar conhecida a contribuição dos cristãos para a construção da capital espanhola. Com vários cursos para os voluntários-guias, em colaboração com a Faculdade de Teologia São Dámaso e o Museu da Catedral de Almudena.
Assim aguardamos a chegada de Bento XVI. Com centenas de momentos litúrgicos, de catequeses e de orações, todos destinados a favorecer o encontro pessoal com Cristo. Que é o que de melhor pode acontecer em nossa vida. Por isso, o Movimento na Espanha se propõe a participar da JMJ como gesto educativo. Será, para nós, uma oportunidade de experimentar pessoalmente a proposta de Julián Carrón: a conveniência humana da fé. Muitos já podem testemunhá-lo com a própria experiência na família, na escola ou na universidade. E, se nos colocamos à disposição para a preparação do evento e para acolher o Papa, é para continuar a fazer experiência dessa conveniência humana da fé.