Vai para os conteúdos

Passos N.56, Novembro 2004

50 anos de CL / Encontros

A escola cotidiana da liberdade

por Roberto Formigoni

A primeira experiência política no Movimento Popular. Depois a eleição ao Parlamento Europeu. Hoje está no segundo mandato como governador da região Lombardia. “Toda vez quis entender se ‘a escolha’ era aquela”

Sem um juízo sobre a realidade e sobre si mesmo o homem é impotente, e se o juízo não é claro, o homem é confuso e inseguro. Sem a certeza de si e da realidade não se avança, ou move-se sem significado.
O encontro com o Movimento foi determinante para o juízo sobre mim mesmo e sobre a realidade, me guiou no contínuo aprofundar-se e articular-se desses juízos.

Um pedaço de estrada
Quando eu era um jovem universitário, em um certo momento mudei de faculdade, justamente em força daquele encontro e daquele juízo. Vale dizer: mudei a minha perspectiva de vida e de trabalho. Estava inscrito em Engenharia, por uma série de avaliações por si só válidas e razoáveis: o fascínio do pai engenheiro, o particularmente bom êxito nas matérias científicas, uma perspectiva de trabalho certo. Mas isso não implicava em mim um autêntico juízo (apesar disso me ter sido logo proposto, com as suas conseqüências até sobre a escolha da faculdade, por quem me guiava). Um juízo autêntico, isto é, aquele facho de luz potentíssimo do Movimento que vinha e, sobretudo teria vindo, sobre mim e sobre aquilo que eu podia ser. Assim, quando o encontro realmente vivido deixou claro, de maneira irresistível, quem eu era e como podia agir nessa realidade como me era dada, mudei de faculdade. E encontrei um pedaço da minha estrada.
A cada mudança da vida, em cada decisão importante a tomar, prestava atenção na necessidade de entender com profundidade como estavam as coisas. Não queria fazer “uma” escolha, queria “a” escolha. Não me interessava “aproveitar a ocasião”, queria entender as razões até o fim.
Sob este ponto de vista, tive a sorte de “encontrar” o Movimento muitas vezes na minha vida (porém sem nunca tê-lo abandonado). Foi a sorte do reacontecer do encontro.
Lembro-me perfeitamente do primeiro encontro, acontecido quando era um rapaz de 14 anos. Mas me recordo com tanta exatidão também do segundo, do terceiro, do quarto…: pontos de aprofundamento tão evidentes e emocionantes quanto o primeiro, dos quais saberia citar ainda hoje o dia e a hora. Em particular, algumas ocasiões de diálogo com padre Giussani foram novos encontros decisivos com uma realidade que agarrava e mudava a minha vida, às vezes também de maneira dura e dolorosa.

Vista do alto
Eu era como alguém que nunca subiu uma montanha e portanto sempre viu o mundo de baixo: num certo momento escala até três mil metros de altura e então vê tudo de um modo novo. Pouco depois, sobe em um avião e vê o mundo a dez mil metros de altura; e uma outra vez ainda tem a ocasião de viajar no espaço…
Os meus encontros com o Movimento têm sido assim: todas as vezes que acontecem, vejo a realidade e julgo a mim mesmo de um modo mais profundo e mais adequado.
E assim nos tornamos livres, porque o encontro com o Movimento gera liberdade e consciência, porque o encontro com o Movimento gera conhecimento.
Desse modo veio a minha vocação histórica. Da experiência do Movimento Popular, na metade dos anos 70, à primeira candidatura na política, para o Parlamento de Strasburgo (que representou junto o sim à política e à escolha da Europa), até a candidatura, em 1995 à governador da região Lombardia… Toda vez quis entender se aquele era “o” caminho, e toda vez um novo encontro com o Movimento foi o fator de clareza para mim mesmo e sobre a realidade, que me permitiu escolher com plena consciência e com total liberdade.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

Volta ao início da página