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Passos N.56, Novembro 2004

50 anos de CL / Testemunhos

Viver de um modo novo o trabalho e a família

por Francis Nkator

O encontro com o Movimento na Nigéria mudou radicalmente o seu modo de enfrentar a vida cotidiana. A escolha do trabalho, o uso do dinheiro… O extraordinário na normalidade

Encontrei o Movimento em 1991 e logo depois comecei a trabalhar com a Fundação Avsi. Terminei o ensino médio e fui trabalhar em um ambulatório da Avsi justamente porque tinha encontrado algumas pessoas do Movimento, que, a um certo momento, me perguntaram se eu estava interessado em trabalhar ali. Em 1993 comecei a viajar para a Itália, para o encontro de responsáveis de CL, em La Thuile, e o que me impressionou imediatamente foram os amigos dos meus amigos, em particular as jovens famílias. Uma fortíssima impressão, uma emoção muito grande porque este era um sonho que eu tinha, mas me parecia um desejo impossível na África.
Em 2000, era a quarta vez que ia à Itália, decidi me casar, mesmo sabendo que era uma loucura porque eu ainda era um estudante, um trabalhador estudante; além de tudo, estudava na universidade à distância e estava sem dinheiro. Mas no final, me casei… com a moça que eu amo. Todos à minha volta achavam que era uma loucura, sobretudo por motivos financeiros; no entanto conseguimos e tivemos um filho, que nasceu em 26 de agosto há dois anos, justamente quando eu estava em La Thuile.

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Isto também parecia uma loucura: estava a mil milhas de distância no momento em que nascia meu primogênito. Decidimos juntos que eu viajasse assim mesmo por duas razões: primeiro porque a nossa família nasceu por causa dessa experiência e, em segundo lugar porque essa mesma experiência não nos deixa mais sós. Se eliminarmos a experiência de CL da nossa família tudo desaba. Para falar-vos da minha família, devo falar-vos da minha experiência no Movimento.
Posso explicar melhor com alguns exemplos. Nós não somos ricos, somos uma família normal, porém somos muito felizes, porque seguindo as indicações que recebemos construímos uma casa onde existe a paz, para onde eu amo retornar. Na África a cultura é muito diferente: o homem é o chefe e decide tudo. No meu caso, tanto eu quanto minha mulher ensinamos na mesma escola, onde eu desenvolvo também um trabalho de administrador. Tudo o que recebemos é colocado em comum e isso não é um problema, eu divido tudo, e quando tem dinheiro, tem, quando não tem… Não tenho o problema de ter que controlar a situação ou ser o chefe. Vivendo assim sou feliz, justamente seguindo esta experiência. Nestes quatro anos temos vivido assim; nestes quatro anos fui à Itália deixando minha mulher e ela sempre me apoiou porque aquilo que constrói a nossa casa é exatamente esta experiência.
Quando comecei a trabalhar com a Avsi, pensava que fosse um trabalho temporário, que fosse apenas um passo para um futuro diferente. Depois de alguns anos fui para a universidade e vi a atenção, a preocupação com a qual, de um modo muito concreto, os amigos do Movimento me acompanhavam, ajudando-me concretamente. Eu desejava coisas grandes, queria até me tornar o Ministro das Finanças no nosso país, portanto não via um futuro no trabalho que fazia.
Até poucos anos, no meu país, trabalhar com uma organização não-governamental não era considerado muito importante como, por exemplo, trabalhar para companhias petrolíferas, porém no Movimento ouvi dizer que a realidade é para mim e para me realizar e não adianta fugir. Daquele momento em diante o meu trabalho mudou e aquilo que senti revolucionou o significado do meu trabalho na escola que havíamos construído com a ajuda da Avsi. Ali recebi responsabilidades maiores e o meu interesse e empenho mudaram. Hoje a escola é administrada, na prática, por mim, minha mulher, William e Thea.

O valor da companhia
A mudança no meu modo de trabalhar veio, sobretudo, no empenho e na disponibilidade. À parte o salário, acho o trabalho realmente interessante e fascinante, e me coloca, inclusive, diante de situações que são desafios para mim. Na raiz disto está a educação do Movimento: uma educação pela qual fazemos as coisas normais de modo extraordinário. Para concluir, pode parecer óbvio, mas tenho uma família feliz e amo o meu trabalho. Mas no fundo o que é importante não é nem a família feliz nem o belo trabalho, mas os amigos que me ajudam a viver estas coisas de um modo justo. Esta é a companhia que encontrei.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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