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EDITORIAL

O poder que não desaparece nunca

Uma presença imediata. Desde o primeiro instante naquela gruta de Belém, onde quem se aproximou viu algo tão efêmero que parecia nada: uma criança recém-nascida. Um sopro, aos olhos do mundo. Mas cheio daquele anúncio total e estranho, pois era diferente de tudo o que se havia visto no mundo: “Hoje nasceu para vocês um Salvador...”. Foi assim que o cristianismo entrou no mundo: uma presença. À primeira vista efêmera, indefesa, mas plena de uma diversidade – de uma promessa de plenitude – tão radical a ponto de mudar a história, para sempre.
Desde então existe uma pergunta que investe a vida daqueles que são tomados por Cristo: o que significa ser presentes, incidir na história? Não é acessória: coincide com a natureza da experiência cristã de fé. Muito mais do que tantas outras perguntas que dizem respeito à questões morais, à política, às obras, ao “fazer”. Se o cristianismo entra no mundo assim, significa algo sobre o modo com o qual permane e age, ou não? E então, o que significa dizer “presença”?

Pensemos aos cristãos no Oriente Médio, a poucos quilômetros daquela gruta, que estão nas mesmas condições daquela criança: indefesos e impotentes, aos olhos do mundo. O famoso “vaso de barro” entre vasos de ferro, pronto a ser quebrado e arrastado pelas bombas que "os outros" trocam entre si. No entanto, a presença contém tudo. Percebemos uma serenidade que nos surpreende. Existe uma diversidade no modo de viver que marca a nós e aos habitantes locais. Em uma palavra, há um testemunho. É o sinal de che na vida deles – na vida do homem – entrou um Outro. E este Outro permite viver sob as bombas, e sustentar o impacto da vida diante das dificuldades, e ser protagonistas, também sem apoiar-se sobre o “fazer” e sobre o “organizar”. Permite estar de um modo novo nas aulas e nos milhares de fluxos da vida quotidiana.

Uma presença, não um “fazer” . Um testemunho, não uma busca pelo poder. Isto é o cristianismo. Desde sempre. Bento XVI, que acaba de escrever um livro muito bonito justamente sobre a infância de Jesus, sobre os anos nos quais o Mistério moveu no mundo seus primeiros passos como uma criança, nas homilias que compõem este Ano da Fé também tocou neste tema. Não falava do início, mas do fim, ou quase: das últimas horas da presença terrena de Cristo, pouco antes da Cruz. “Diante de um homem indefeso, frágil, humilhado como se apresenta Jesus, um homem de poder como Pilatos fica surpreendido”, diz o Papa: “Surpreendido, porque ouve falar de um reino”. De um rei, de um outro poder. E começam as perguntas, as mesmas de sempre diante dos cristãos: mas é possível que exista um poder maior sobre a vida? Um poder “absoluto, que nunca será destruído”? Nós conhecemos a resposta, escutamos muitas vezes: “É como dizes: Eu sou rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade”. Testemunho. Ouvimos sobre isso, mas é urgente que se torne nosso. Feliz Natal.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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