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EDITORIAL

Brotos

Que novidade a fé traz ao mundo, a este mundo de hoje? Podemos considerar a resposta como óbvia, costumeira: ela fornece outros valores, diferentes opções de vida, uma concepção de homem radicalmente distinta de outras, até mesmo alternativa, com respeito a tantas ideias que vemos prosperar ao nosso redor. São coisas verdadeiras, claramente, no entanto precisam se tornar carne para que não permaneçam como simples fórmulas. Então acontecem coisas que são tudo, menos óbvias. Por exemplo, que o líder de uma nação onde impera uma laicidade absoluta, o presidente francês Emmanuel Macron, reconheça em um discurso oficial que a sociedade precisa dos cristãos porque estes trazem “uma contribuição de um outro nível para o entendimento do nosso tempo” e lhes pede que continuem a trazer ao país “três dons: a sua sabedoria, o seu compromisso, a sua liberdade”. E também há outros casos, grandiosos ou mais simples. Alguns foram recolhidos no livrinho dos Exercícios da Fraternidade de CL, que também publicamos neste mês e está sendo presenteado aos assinantes da Revista. São casos de pessoas não crentes que se deixam tocar pelo encontro com certos cristãos, até o ponto de reconhecerem a utilidade da presença deles para todos. E pedir aos cristãos que sejam até o fundo eles mesmos, porque o mundo precisa deles.

Precisamos estar conscientes disso para poder oferecer uma contribuição efetiva. Ao cristianismo não é pedido “um reforço espiritual” de valores e de resistência ética enquanto toda a estrutura cultural e social se desmorona, mas sim fatos que demonstrem que outro mundo concreto é possível. Lugares onde já brota algo novo, testemunhas que com a própria vida sinalizam uma perspectiva diferente para todos, e permitem que se abra a razão e se alargue o respiro. Neste sentido, a maior ajuda que podemos dar ao mundo é viver a nossa fé e nos alegrar por uma contínua conversão. “Se não fizermos, em primeira pessoa, experiência de Cristo como resposta à espera infinita do nosso coração, não poderemos comunicá-Lo aos outros como um bem para eles”, observa Julián Carrón nos Exercícios (que têm um título sintomático: “Eis que faço uma coisa nova: não a percebeis?”).
O destaque deste número da Passos é dedicado a isto, assim como o resto da revista, desde as cartas até os Percursos, onde vocês encontram o discurso histórico do cardeal Jean-Louis Tauran em Riad, Arábia Saudita: exemplo perfeito de um diálogo que parece impossível se reduzido a esquemas, mas se torna real quando acontece entre pessoas. Sinal de que algo renasce, também ali.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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