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Passos N.134, Fevereiro 2012

DESTAQUE - O TRABALHO

Um choque de vida, sem salário...

Depois de dois anos desempregado, Sandro trabalha gratuitamente: “pensava que estava fazendo pelos outros. mas era por mim”

“Trabalhar grátis?! O que é isso! Estou fora, não faz sentido”. Foi a primeira reação de Sandro. Que agora trabalha de graça! “No início, eu disse sim porque se tratava do Banco Alimentar; então eu disse: tá bom, tem um objetivo legal, eu vou fazer isso pelos outros. Depois, as coisas não foram bem assim...”
Há dois anos que não trabalhava. Depois de quatro anos em uma grande empresa, de onde saiu por causa de um problema na coluna que o impedia de carregar peso. Daí, dois anos em casa. “O esquecimento. No início, você fica assistindo a TV, coloca na cabeça que está de férias. Depois vem um peso que nos esmaga. Eu não fazia nada, só via passar um dia após o outro. Eu olhava o tempo passar”. Domingo era o pior dia. “Eu me atormentava quando ele chegava. E o domingo também passava”. Mais uma segunda-feira. Ficar na cama esperando a jornada terminar. Ele não tinha força para se lançar na busca de um emprego, carregando um diploma de contador e meio curso de Economia. Se limitava a perguntar, aqui e ali, se alguém sabia onde poderia conseguir colocação... Foi a irmã que o despertou. Apresentando-lhe alguns amigos e a proposta de trabalhar. Sem salário, porém. Quatro horas por dia separando o alimento que chegava dos supermercados: macarrão com macarrão, bebida com bebida.
“Um choque de vida”. Para ele, o trabalho é isso. “Eu me sinto gente”. De manhã está feliz, porque vai fazer parte de alguma coisa, sua e se cansa junto com outros. “O trabalho, em si, nos reanima completamente”. E por isso arruma força para buscar um emprego remunerado, porque “só de graça não se vive”.
Ele pensava que fazia isso pelos outros, “no entanto, eu faço por mim mesmo”. Sorri: “É o desígnio de Deus”. Por quê? “Às vezes me parece que uma mão me guiou, para me fazer viver melhor. Era essa a estrada que eu precisava percorrer”.

(por Alessandra Stoppa)

 
 

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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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