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Passos N.134, Fevereiro 2012

SALVADOR / PASSEIO

Educação à beleza

por Roberta Hatty

Um dia navegando pela Bahia de Todos os Santos. A chuva atípica no início foi uma provocação à liberdade de aderir ou não ao gesto. E o que aconteceu depois encheu a todos de maravilhamento e gratidão

Uma missa ao ar livre, na Ilha de Itaparica. Um minuto de silêncio olhando para o mar. Depois, padre Ignazio afirma: “O mesmo maravilhamento que vivemos olhando essa beleza é o olhar que Cristo tem sobre nós”. E com essa afirmação, as 83 pessoas presentes no passeio da comunidade de CL de Salvador, puderam entender melhor o sentido de um gesto como aquele. A proposta era um dia de convivência, no sábado 14 de janeiro, navegando em uma escuna pela Bahia de Todos os Santos – a maior do Brasil com 1.233 Km² e 56 ilhas, incluindo a segunda maior do mundo!
O passeio começou às 9h30 e durou até as 18h30. Saímos do terminal marítimo turístico em Salvador e depois de uma semana ensolarada, justo aquele sábado começou nublado e chuvoso, completamente fora das nossas expectativas. Por que enfrentar o alto mar com um tempo como aquele? Mas os amigos não paravam de chegar e no final enchemos a escuna. Eu dizia a mim mesma: “Realmente aqui a lógica não funciona, somos meio loucos”. Por que eu estava indo? O que me movia? A realidade estava diante de mim dançando como as ondas, me desafiando, e eu vi a companhia se movendo, todos juntos indo debaixo da chuva em direção ao barco.
Eu fui, eu segui, meu coração seguiu. Como falou Otoney em relação ao capítulo 10 de O senso religioso: “Mesmo quando meu cálculo falha, por que a razão se move? Por causa da Presença dEle aquilo tudo não me determina mais”. Depois do embarque começamos o gesto lendo o texto “A tentação do Natal” de Carrón, rezamos o Angelus e lá fomos nós.

ALÉM DAS EXPECTATIVAS. A pergunta que sempre me toma frente diante de um dia assim é: “Quem sou eu para estar diante de tamanha Beleza?” Passei o tempo com os amigos, mas a maior parte dele em estado de contemplação, de diálogo com este Mistério que me deixa profundamente rendida. Ali, naquele momento (sem deixar de existir), o sofrimento (e o enjôo, pois na volta o mar estava mais revolto...) é invadido por uma Beleza sem igual.
Passamos o dia na Ilha dos Frades, um lugar com água transparente e privilegiado pela sua geografia. Nadamos, brincamos, conversamos, comemos e terminamos o dia com a missa no ponto mais alto da ilha com uma vista belíssima da Bahia. Para Laura Batista, “A vista na hora da missa ficou mais bonita do que seria normalmente, porque me senti mais perto de Cristo”.
Na terça-feira seguinte ao passeio tivemos a nossa primeira escola de comunidade do ano, após o recesso das férias. Foi uma noite impressionante, pois o encontro foi cheio de testemunhos carregados desta Presença. André Carvalho fez sua colocação dizendo: “O que me impressionou, apesar da heterogeneidade das pessoas, é que o nosso grupo carregava um sinal visível de harmonia não visível nos outros grupos e o silêncio das crianças na hora da missa foi sinal da Presença de Cristo ali”.
É, mais uma vez constato (como nos diz Carrón) que a contemporaneidade de Cristo se faz indispensável para que tenhamos a atitude certa diante da realidade. Voltar para casa naquela manhã chuvosa seria um dia a mais na minha vida, mas ter decidido ficar me mostrou que, quando se trata de vida, nada está em cálculos ou lógicas. Minha inteligência e meus sentidos são desafiados e minha escolha, minha liberdade não pode ser reduzida ao que eu esperava que fosse acontecer e não aconteceu. O que encontrei foi muito maior!

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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