Quem lê a revista há algum tempo, sabe. Com a aproximação da Páscoa a capa de Passos é dedicada ao que Comunhão e Libertação chama de “Cartaz”. Imagens e frases que o Movimento difunde em todos os lugares, para dizer a todos de maneira sintética e potente o que está em nosso coração nessa circunstância histórica, que significado tem para nós e para a proposta que temos, os momentos mais fortes do ano. Isso acontece desde 1982, trinta anos exatos. E todo ano há uma espera profunda, aguda, de conhecer rostos e palavras destinados a nos fazer companhia nos próximos dias, na cotidianidade do trabalho, nos relacionamentos com os colegas, dentro de casa.
Bem: este ano, a surpresa é dupla. Porque a frase que vocês viram na capa desta edição, já saiu em outra capa, exatamente em 1988. E marcou de tal modo a nossa história que Dom Giussani a quis como “Cartaz Permanente” de CL, porque exprime de algum modo a própria natureza do Movimento. Portanto, muitos de vocês já a leram. E a expressão “aquilo que temos de mais caro”, é tão incisiva e eficaz que foi usada, inclusive recentemente, em algumas passagens cruciais da nossa vida: encontros, palestras, documentos. Por que, então, repropô-la agora?
Eliminemos um equívoco possível: não se trata de uma recorrência. Este ano comemoramos os trinta anos de reconhecimento da Fraternidade de CL. E é um momento histórico, porque sete anos após a morte de Dom Giussani – como vocês lerão – foi pedida a abertura da causa de sua beatificação e canonização. Mas não se trata de reevocar nem celebrar nada. O ponto é que este cartaz descreve a atualidade, descreve a urgência de hoje.
A urgência é agora. Hoje, que as crises e dificuldades mostram ainda mais como é árduo e árido viver como homens “depois de Jesus, sem Jesus”, como escreveu Péguy. Hoje, que Bento XVI proclamou um “ano da fé” para pedir a seu povo para não partir das consequências éticas, sociais e civis, dando por óbvia a origem da própria fé: Cristo. Hoje, que a proposta educativa do Movimento – a Escola de Comunidade, que está retomando Na origem da pretensão cristã, um livro em que Dom Giussani vai ao coração do acontecimento de Cristo – está colocando todos, nós e nossos irmãos homens, diante da dramática pergunta de Dostoiévski, que saiu na capa do último número de Passos: um homem de hoje “pode realmente crer” na divindade de Jesus Cristo?
Nossa vida depende dessa resposta, não teórica, mas dramática. Porque, o que nos desafia não é uma fórmula abstrata, um discurso repetido, mas um fato. Algo que a Páscoa coloca diante de todos: a Sua ressurreição. Ou, a Sua presença aqui e agora.
Se repropomos o “Cartaz permanente” é porque é Cristo que permanece, “centro do cosmo e da história”, como dizia o Beato João Paulo II. Com a Ressurreição, conquistou a história de uma vez por todas, a fez Sua para sempre, mudou a concepção de tempo e espaço. No entanto, exatamente pela afeição que tem por nós, pela ternura que tem por cada instante de cada dia de cada um de nós, nos desafia agora. Permite à nossa liberdade poder reconhecê-Lo agora, em cada instante de cada dia. Permanece, para sempre. E também acontece, agora, para que Se torne nosso, para que possamos dizer-Lhe “caro”.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón