UMA AMOROSA CORRESPONDÊNCIA
Caríssimo Julián, caríssimo amigo implacável, que bonito voltar para casa, para o trabalho, depois desses três dias de Exercícios. A evidência da sua amorosa Presença superou todos os meus limites e o “já sabido”. O coração acolheu Aquele que lhe dá paz e isso gerou vontade de viver, eliminou a ansiedade, a pressa e, portanto, o desejo de soluções mágicas. Pela primeira vez eu vi, através de você e de todos aqueles que me testemunharam a evidência da Sua Presença, Cristo apaixonado por mim. Quando eu o trair, Ele me acolherá como sempre fez nestes 52 anos. Também quero compartilhar com você essa maravilha de estar apaixonado por Cristo e felizmente correspondido.
Marco, Milão (Itália)
O CONTRAGOLPE DE UMA PRESENÇA VIVA
Caríssimo Julián, somente uma breve nota para lhe agradecer pelos Exercícios e falar sobre o contragolpe que experimentei. Em meio aos muitos pontos de trabalho que nos deu, a coisa que mais me tocou foi que, enquanto você expunha com veemência o percurso feito por Dom Giussani, que passou de um cristianismo de moralismo e devoção a um de presença carnal viva e contemporânea, ficou evidente que não poderia descrevê-lo assim se o percurso feito por ele não tivesse se tornado o seu. Vi diante de mim, mais uma vez, uma testemunha, um mestre que me repropõe o caminho que ele está fazendo, não um conjunto de regras para seguir. E não pude deixar de agradecer ao bom Deus com todo o coração por isso. Não sei o que esses Exercícios vão mudar na minha vida, mas uma coisa certamente já aumentou: a atração, o fascínio pela presença contemporânea de Cristo que chega a mim, hoje, através do carisma, do qual desejo e peço para ser cada vez mais filho.
Alberto , Monza (Itália)
SOBRE O QUÊ REALMENTE SE APOIA A MINHA VIDA?
Caros amigos, hoje, primeiro dia depois dos Exercícios, cheguei ao trabalho e meu chefe me deu uma notícia ruim: daqui a pouco preciso demitir duas pessoas. Trabalho para uma empresa multinacional, por isso esse fato não tem nada de excepcional, mas para mim, é a primeira vez que preciso demitir alguém. Devo dizer a verdade: foi um grande golpe. Olhava o rosto triste e preocupado do meu chefe e me perguntava: A realidade é realmente sempre positiva? Há algo que nos sustente em um momento como este? Qual é o apoio sólido e claro do qual falava padre Carrón? Colocando-me essas perguntas, de repente lembrei das palavras que ouvi durante a palestra: nossa força não está nas coisas que fazemos, mas no reconhecimento daquilo a que pertencemos. Eu sou o “Tu que me fazes”. Essa consciência despertou em mim o coração e me levou a buscar novas modalidades para ajudar as colegas que seriam demitidas. O clima de grande tensão transformou-se em um clima de criatividade e de busca de novas possibilidades. Meu chefe olhava espantado e não entendia.
Eva, Bratislava (Eslováquia)
AQUELA PLACA PENDURADA NO HALL
Caro padre Carrón, escrevo para contar que há dois anos minha vida mudou. Começo dizendo que, há 17 anos, já desde o tempo do CLU, deixei o Movimento por vários motivos. Entre as coisas que permaneceram vivas está a lembrança de um encontro com um homem que marcou a minha vida: Enzo Piccinini. Encontramo-nos poucas vezes, mas cada vez tinha um modo de me “desarmar”, conseguindo fazer com que eu me sentisse 100% homem. Depois, me afastei do Movimento, os anos foram passando e me casei. Hoje sou pai de duas lindas crianças. Um deles foi fazer exames de rotina e descobrimos um problema, uma hipoplasia renal. Naquele momento, aquele fato fez desmoronar a realidade que eu vivia, colocando-me em uma situação que eu não queria. Minha lembrança daquele momento é de uma vida que corria o risco de se tornar insustentável e sem sentido. Fomos a Pádua, três vezes em um ano, para consultar o “melhor” médico da atualidade. Na segunda vez, decidi viajar no dia anterior, e eu e minha família dormimos em uma casa da fundação Cilla (que oferece hospedagem a parentes de pessoas doentes). Naquele lugar pude deparar-me com outros problemas e compartilhar durante um jantar, não tanto palavras, mas olhares profundos que se interrogavam sobre o futuro e sobre o porquê de se encontrarem ali. Toda essa estranha “familiaridade” deu sabor e gosto mesmo àquele jantar improvisado com algumas coisas compradas no supermercado. No dia seguinte, no hall da casa, minha mulher viu uma placa onde estava escrito “Enzo Piccinini”, e me mostrou. Eu tinha-lhe falado muito sobre ele. A partir daquele momento, senti-me como que “abraçado” na circunstância em que estava vivendo, incômoda e aparentemente sem significado. Comecei, através dos “potentes meios informáticos” a procurar avidamente os meus velhos amigos do Movimento. Comecei a desejar para mim e para minha família um significado verdadeiro e autêntico para a vida que vivíamos. A alternativa a isso era a insustentabilidade do momento e a fuga de uma realidade incompreensível. O encontro com os velhos amigos aconteceu exatamente durante uma videoconferência com você e passou através de todo o meu limite, isto é, o de uma pessoa que não só não o via há muito tempo, mas que também não é muito simpática, não gosta de futebol, fala só de trabalho e, portanto, deixo você imaginar a sensação de mal estar que eu experimentava naquela noite. Porém, o momento foi verdadeiramente intenso por certos aspectos comoventes: olhares, palavras e abraços que me surpreenderam. E ninguém sabia porque eu estava ali, a minha história. Não é possível ficar indiferente a uma coisa assim. Hoje, o maior risco é de que aquele momento permaneça apenas uma bela lembrança e, ao contrário, para torná-lo vivo e fazer memória dele, a única coisa a fazer é “agarrar-se com unhas e dentes” a uma companhia que busca continuamente o significado autêntico da existência e que passa através da realidade, que não a banaliza, que a leva a sério como hipótese positiva para a própria vida. Agora, tenho bem claro que não podemos fugir sempre de uma realidade incômoda, é preciso olhá-la dentro e vivê-la como uma oportunidade positiva de mudança.
Mirco, Ancona (Itália)
UMA ABERTURA FASCINANTE
Se há algo que pode nos fascinar é encontrar, diante de todos os apelos cotidianos, circunstâncias que possam indicar uma contribuição de construção de uma presença cristã. Já faz um bom tempo, há dez anos e alguns meses, que eu, minha esposa Aparecida, meu sogro e os três filhos viemos para Fortaleza. Foi uma condição difícil deixar pais e mães, todos os parentes, numa “aventura” rumo a uma cidade desconhecida, descobrindo-se com o tempo a presença de uma cultura tão diferente. No entanto, vivemos uma certeza que nossa vinda para esta cidade, fora objeto mesmo da vontade de Deus, fruto de compartilhamento com amigos, como Ana Lydia e padre Vando. Diante de toda essa diversidade cultural passamos a encontrar pessoas, com desejos verdadeiros de busca de respostas, frente às provocações que a realidade venha a nos impor. Observamos que durante este período algo que sempre nos impressionou, foi identificar nos ambientes da cidade sinais da presença de Deus, como mensagens cristãs, imagens de santos em comércios, bancos, repartições públicas, etc. Porém ainda mais significativo é que passamos a conhecer algumas pessoas, capazes de favorecer iniciativas e encontros públicos de temática cristã. No final do ano passado tivemos o privilégio de encontrar Dom Petrini (atual Bispo de Camaçari, BA), na ocasião em que apresentara uma palestra sobre: “os valores da família contemporânea” na Assembléia Legislativa, a partir da iniciativa de um deputado. Foi uma ocasião de resgate de valores originários, e ainda diante de uma significativa plateia formada por representantes de outros movimentos da Igreja, por alunos de uma escola pública e demais interessados no tema. Aproveitamos a ocasião junto ao Deputado “Professor Teodoro” para falar-lhe de nossa intenção em convidá-lo para o lançamento do livro Na origem da pretensão cristã. Agora neste mês de março, por ocasião da organização para o lançamento do livro, estivemos em seu gabinete, na Assembleia Legislativa para tratar de detalhes. Foi um encontro importante e diga-se de passagem, cômico também. Sua esposa, que estivera presente na ocasião, achou que estávamos lá para falar a respeito do Movimento. Dizíamos que não era bem este o tema a ser tratado. Queríamos falar do livro, mas ela insistia em querer entender melhor este Movimento e quem foi Dom Giussani, seu fundador, e os possíveis motivos de sua escolha como beato já que havia sido apresentada sua causa de beatificação. Dessa maneira, sugeriram-nos de apresentarmos ainda no mês de março sua biografia, méritos e propostas. O local seria um Colégio católico. No dia da apresentação logo no início, uma religiosa observou muito bem: “Somos poucos, cerca de 15 pessoas, mas uma presença significativa, pois o desejo de bem que nos move não pode prevalecer sobre a quantidade”. Mas no decorrer do evento chegaram ainda outras pessoas... A palestra foi apresentada por Aparecida. Ela como professora universitária preparara os slides com muito rigor, preocupada em relatar a vida de Dom Giussani de uma maneira mais formal e não falar tanto de sua experiência no Movimento. Mas com o decorrer de suas colocações, esteve foi se revelando a sua experiência e o seu pertencer a esta história. A palestra teve inicio com detalhes da família de Dom Giussani, a educação dada por seus pais, sua paixão pela música, suas descobertas e maravilhamento presentes nas afirmações de Carrel, Leopardi entre tantos outros e de sua proposta para os jovens da época. Foi espantosa a reação das pessoas diante de tais relatos. Ficou evidente a descoberta de uma novidade; uma curiosidade pelo seu modo de viver e de seu olhar para a realidade. Foram feitos comentários e perguntas sobre seu carisma e se suas propostas eram apenas para os jovens ou também eram para os adultos, qual era a abrangência do Movimento em Fortaleza e em outros locais, as iniciativas beneficentes, tudo isso revelou um acontecimento novo no coração daquelas pessoas. Nestas observações alguém disse: “O que me impressiona também, como foi dito, foi reconhecer que o cristianismo não é uma religião, mas um Acontecimento”. Ao ouvir isto, tive a certeza da nossa presença ali, da circunstância que precisávamos abraçar, desta oportunidade em apresentar a vida de alguém que viveu tão intensamente o relacionamento com Cristo.
Mauro, Fortaleza (CE)
TESTEMUNHO DE HUMANIDADE NOVA
Queria simplesmente dizer que Passos é um milagre, instrumento privilegiado do relacionamento que Cristo estabelece comigo. Para mim, é muito fácil eu me reduzir às circunstâncias, às minhas capacidades (com as consequentes desilusões). Mas quando vocês me trazem testemunhos de pessoas como Tim Guénard (mas também de muitos outros), vejo mais uma vez qual é a verdadeira estatura da minha humanidade, que tipo de vida corresponde à amplitude do meu desejo. E sinto-me cheio de gratidão por Cristo, que colocou essa nova vida ao alcance das minhas mãos.
Sebastian, Rochester (USA)
O ENCONTRO PELA ARTE
Fomos atraídos: inicialmente por uma Beleza, em seguida pela aventura do recomeço. O Sarau Antropológico da Faculdade Santa Macelina, em São Paulo, é um acontecimento de livre adesão que aposta na liberdade humana. Trata-se de um momento, no qual alunos das graduações de Música, Moda e Artes Visuais compartilham experiências (pessoais e artísticas) a partir de um tema. É possível ainda explorar potencialidades diferentes daquelas que geralmente estamos acostumados a expor. Como exemplo, tivemos alunos de Moda que interpretaram, cantaram, pintaram e fotografaram, enquanto nossa amiga das Artes Visuais desenvolveu a parte gráfica dos convites e liderou a divulgação do evento. Nada foi imposto. A primeira iniciativa nasceu espontaneamente do desejo de ter um espaço onde pudéssemos mostrar a todos que fomos tocados pela realidade. Este encontro, com a realidade e com novos amigos, nos ajudou a enxergar coisas bonitas que se manifestaram por meio de desfiles, desenhos, pinturas, vídeos, fotografias, testemunhos, poemas e músicas. Nas duas edições do Sarau, realizadas em agosto de 2011 e março de 2012 respectivamente, o comportamento do público chamou nossa atenção. Em primeiro lugar porque o teatro ficou lotado; em segundo lugar, mas não menos extraordinário, porque as pessoas estavam realmente participativas, receptivas, comovidas. Quando eu estava indo embora, uma funcionária me parou e disse: “A gente precisa de momentos como este para recuperar a alegria de viver, esquecer um pouco dos problemas. Isto precisa acontecer mais vezes”. O fato é que algo nos atraiu. Plateia e artistas/alunos puderam reconhecer uma Presença por meio de um amigo que participou ou da arte em si. Logo, o nosso desejo de infinito se revela, é reforçado. Então críticas, sugestões, elogios e imprevistos são bem-vindos, simplesmente porque apostamos na nossa amizade. Por isso, depois do evento nos reunimos para nos ajudar a dar um juízo sobre o que foi vivido e fazer desse “momento incomum” uma experiência de Beleza, fé e liberdade.
Pâmela, São Paulo (SP)
A CRISE E O FUNDO COMUM
Caro Julián, nossa empresa está num momento de grande crise. Por isso, fui obrigado, com enorme pesar, a fazer demissões. Está sendo muito difícil para mim. Já não durmo há cerca de quatro meses por causa das dificuldades. Porém, os últimos três anos foram belíssimos e não lamento nada (muito foi construído com a mão do bom Deus), o seu juízo, a sua amizade e a de todos acompanharam-me de maneira decisiva. Exatamente por isso, fui constrangido, com grande pesar, a reduzir a minha cota do fundo comum, mas não eliminá-la, porque preciso, através dessa modalidade simples, me lembrar daquilo que é essencial e constrói realmente a minha vida. Decidimos, a minha mulher e eu, que a cota dela seria mantida, porque ela continua recebendo um salário (graças a Deus) e também queríamos agradecer por isso, visto que nunca, nada é óbvio.
Giuseppe
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón