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Passos N.143, Novembro 2012

DESTAQUE - Seguindo Pedro

"Com a própria vida" - Nancy

por Paola Bergamini

“A fé nos torna fecundos, porque amplia o coração na esperança e permite oferecer um testemunho capaz de gerar”. Assim escreve o Papa na Porta Fidei. Aqui, brevemente, o relato de uma vida plasmada pelo encontro com Cristo

HISTÓRIA ESTADOS UNIDOS
Nancy e aquela primeira missa


“Aonde você frequenta a missa?”. Durante uma pausa para o café, Nancy faz a pergunta para Guido. E ele: “Em São Carlos Borromeu”. “Quando?”. “Todos os dias”. “Posso ir junto?”. “Sim”. Ela é protestante, ele católico, Memor Domini, mas isso Nancy não sabe. Desde 2001, quando se transferiu de Chicago, trabalham lado a lado na Walt Disney, em Los Angeles. Nos últimos três anos se tornaram amigos, vão almoçar juntos, ajudam-se mutuamente, envolvendo também os outros colegas.

Para ela, Guido, italiano residente nos Estados Unidos desde 1993, é uma pessoa especial. Mas a partir daquela pergunta, tudo muda para Nancy. É o início de uma caminhada de fé. Ao chegar a Los Angeles, tinha começado a freqüentar várias igrejas protestantes. Ela mesma conta: “Não encontrava nenhuma que me correspondia. Eu fazia pergunta a todo mundo; Guido foi o último”. No dia seguinte, pela primeira vez, vai à missa católica. “Perguntei ao Guido o que eu podia fazer, e ele: Tudo, menos a Comunhão”. Alguma coisa a toca imediatamente: a Liturgia do dia tem uma ligação com o que acontecera no dia anterior. “Não era um problema de forma. Estamos dentro de uma história que chega até nós. Comecei a ir à missa todos os dias. O relacionamento entre mim e Jesus não era mais uma coisa intimista, tornava-se carne junto àquelas pessoas. Revestia toda a minha pessoa e a realidade. Havia um senso de completude que eu jamais havia sentido”.
Escreve Bento XVI na carta apostólica Porta Fidei: “O coração indica que o primeiro ato com o qual se chega à fé é dom de Deus e ação da graça que age e transforma a pessoa até o íntimo”.
Em janeiro de 2005, Guido lhe pede que reze por um amigo sacerdote que está doente, dom Luigi Giussani. “Eu não sabia quem era. Mas para ele era alguém importante. Quando esse sacerdote morreu, fui com Guido à missa. Eu me sentei ao seu lado, na primeira fila”. Fica conhecendo outros amigos. A caminhada continua: a caritativa, a Escola de comunidade. “Quanto mais eu caminhava, mais fazia a experiência de que algo envolvia toda a minha vida: um amor maior, maior até do que o da minha mãe. Tinha o sabor de eternidade”. Até chegar ao ponto de pedir para receber a Primeira Comunhão e a Crisma.
No mesmo ano Guido lhe faz uma proposta: pedir demissão do trabalho para dar vida a uma realidade sem fins lucrativos para deficientes e ex-combatentes das guerras no Afeganistão e no Iraque. Por quê? “Logo depois do tsunami de 2004 eu tinha dito a Guido que queria dar um sentido ao meu tempo. E ele simplesmente respondeu: Estamos juntos nesse anseio. Agora chegou a hora e a possibilidade de realizá-lo. A plenitude que eu vivia na minha fé era o ponto de partida”. Nasce em Los Angeles Habilitation House. Para os deficientes físicos ou psíquicos são oferecidos trabalhos de limpeza, e aos ex-combatentes a oportunidade de um trabalho administrativo. Tinham que aprender tudo: sobre o funcionamento do aspirador de pó a como tratar com os deficientes. Começamos a pedir, a todo mundo. Ao tratar com essas pessoas me dei conta de que não podia partir de um projeto meu, de um pensamento meu, mas ter a paciência de entender como entrar na vida delas. Para os deficientes o primeiro problema é o isolamento; para os ex-combatentes é a total desconfiança em relação a todos”. Qual é o caminho? “Ser transparente. Testemunhar aquilo pelo qual vivemos, trabalhamos e nos movimentamos. E todo dia perguntar: Você é feliz no que está fazendo?E por quê? A partir disso é que avaliamos o sucesso do trabalho. Nunca ninguém lhe havia colocado essas questões”.
Uma vez um ex-combatente lhe perguntou se havia estudado com Madre Teresa! “Mas essa é a minha vida, é a minha fé, que me faz experimentar que existe um olhar sobre a realidade que tira o fôlego e move o coração. E nos abrimos para tudo”.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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