“EU, SEM SABER, ESPERAVA POR VOCÊS”
Sou estudante do primeiro ano de Física. No final de setembro, graças à minha irmã, participei das aulas de matemática organizadas pelo CLU, sem conhecer ninguém do Movimento e desconfiando totalmente de qualquer um que fizesse parte dele. Desconfiança baseada em preconceitos e que durou muito pouco, pois encontrei pessoas que mudaram a minha vida. Bastante titubeante no início, não queria saber de me aproximar da experiência que esses jovens me propunham, mas nem por isso eles me viraram as costas, pelo contrário, me mostraram uma afeição que não me parecia “humana”. De fato, dou-me conta de que esse afeto é sinal de algo maior que o próprio homem. Com o passar das semanas, a presença dessas pessoas na minha vida estava me tornando melhor, estava fazendo com que eu me colocasse perguntas verdadeiras, perguntas que giram o tempo todo na minha cabeça, às quais não dou respostas banais, por dois motivos. O primeiro, é que são perguntas muito profundas para eu responder com a superficialidade com que banalizava tudo. O segundo motivo, é que não tenho as respostas e quando sinto que estou perto de um esclarecimento outras mil perguntas nascem. Quando um universitário me falou sobre padre Carrón e padre Giussani pela primeira vez, disse que para ele era surpreendente como o que eles falam descreve tão bem a sua vida. Não acreditava nele. Então, comecei a entender. Depois de sete anos sem ir à missa – não acreditava mais em nada – de repente, senti necessidade de rezar, e numa terça-feira de novembro fui à missa, e aconteceu um fato incrível. As Sagradas Escrituras falavam de mim, falavam para mim. E daquele dia em diante, na Escola de Comunidade, lendo o livro, escutando as experiências dos meus companheiros, esse “milagre” continuou a se repetir. Perguntei a mim mesma: será que tudo isso não é a prova de que realmente existe algo maior? Eu, sem saber, esperava por vocês, e agora que os encontrei a minha espera não acabou, pelo contrário, adquiriu um significado ainda mais profundo que me fez recomeçar, com um novo empenho e com a convicção de que desta vez não estou sozinha.
Margherita, Bolonha
UM PEQUENO TALENTO
Acabei de voltar para casa depois de passar férias de estudo com os universitários da turma de Medicina de Milão. Já no colégio, como sei tocar violão, colocava esse pequeno talento a serviço da comunidade. Eram minhas primeiras férias com o CLU, e quando me passaram o violão, estava um pouco temeroso: tinha medo de errar. Depois dos dois primeiros cantos sentindo-me assim, comecei a olhar para os mais velhos do grupo de cantos. Fiquei impressionado com o modo de cantar de uma menina, que se identificava com a letra de um dos cantos, Negra Sombra, de um modo que quando eu olhava para ela via irradiar uma Beleza maior que ela, maior do que qualquer coisa que eu pudesse esperar naquele momento. A partir daí, mudei minha maneira de tocar. Com uma tranquilidade enorme, um maravilhamento único. O canto tornou-se uma oração. Depois disso, sempre que vou tocar, ofereço meu trabalho, rezando: “Senhor, que eu toque não para a minha glória, mas para a Tua, para que através de quem canta e de mim, que toco, Tu te possas impor”.
Davide, Carate Brianza (MB)
“COM LICENÇA, VOCÊ PODE REZAR POR MIM?”
Há alguns dias, tinha acabado de almoçar em um restaurante aonde normalmente vou com meu grupo de Fraternidade. Quando estava para sair, a garçonete se aproximou e me disse: “Posso falar com você?”. Eu estava com pressa, mas percebi nela uma urgência maior do que o meu tempo, e eu a escutei sem a interromper. Ela me disse: “Tenho muitos problemas, e dei-me conta de que só Deus pode me ajudar. Nunca participei de um retiro espiritual e neste final de semana irei pela primeira vez. Como você me parece muito religiosa, queria perguntar se você pode rezar por mim nestes dias e se pode me explicar como é um retiro”. Suas palavras me pegaram de surpresa. Sem dúvida, Cristo me coloca em circunstâncias diante das quais não sei o que dizer. Diante de uma pessoa que só conhecia de vista, minha única resposta foi: “Deixe-se surpreender por tudo aquilo que viver. Peça, sobretudo, a sua conversão e faça todas as perguntas que tiver. Só assim você vai encontrar as respostas, se não imediatamente, pelo menos no futuro. E, com certeza, pode contar com minhas orações”. Pelo resto do dia continuei pensando nela, e na sexta-feira levei-lhe uma carta na qual agradecia por ter me escolhido para pedir orações.
Irma, Coatzacoalcos (México)
UMA AVENTURA RUMO À JMJ
Compartilho com vocês alguns fatos pelos quais Cristo está me educando e eu estou cada dia mais contente por existir e poder gozar da amizade d´Ele, nessa caminhada rumo a Jornada Mundial da Juventude. Há algumas semanas comecei a entregar uma “cartinha” de adoção aos peregrinos. Entreguei pessoalmente num domingo, na segunda, enviei via e-mail, e já na terça-feira recebi de uma amiga uma adoção total para ajudar uma pessoa. Isso me deixou comovida. Primeiro, porque foi um sinal de como Cristo deseja que os jovens estejam com o Papa e, segundo, porque essa pessoa não doou o que estava sobrando, mas tudo o que podia. Com a vida corrida pelo trabalho na escola, estudando e fazendo trabalhos de um curso, o único movimento pela JMJ tem sido convidar as pessoas e pedir ajuda no final das missas na Capela que frequento. Cada dia tem sido uma surpresa, e Cristo me educa com simples e profundos gestos e fatos. Um dia uma senhora muito simples me doou R$ 10,00 e disse “minha filha, é tudo que posso doar para te ajudar, mas todos os meses até lá vou fazer um sacrifício para continuar doando ao menos esse valor e te entrego aqui na Capela, pode ser?” Respondi que sim, e na hora disse a mim mesma: “E eu, que sacrifício vou fazer a cada mês?” Não por moralismo, mas por desejar ter o mesmo coração daquela senhora. Num outro dia uma mulher também simples, parou diante de mim, e falou: “Não sou daqui, gostaria de ajudar, mas só tenho R$ 10,00. Você aceita esse pouco?” Aceitei comovida e desconcertada, pois era como se eu estivesse diante da viúva do Evangelho que doou tudo o que tinha. Outra mulher quis levar os envelopes para pedir a outras pessoas para ajudar esses jovens. Mesmo que ela não se consiga nada, o que importa para Cristo é este coração comovido e disponível para se mover. É Ele que faz tudo, a nós cabe apenas essa disposição em segui-Lo naquilo que Ele nos pede através da Igreja. Amigos, Cristo tem reacendido meu coração, minha esperança e certeza n’Ele. Agora carrego na memória e no coração a simplicidade dessas pobres e ricas mulheres. Desejo muito e estou pedindo a Cristo que me faça ter um coração assim, capaz de doar tudo, ainda que esse tudo seja aparentemente nada. Com isso também tenho pedido a Cristo que nos ajude a participarmos dessa aventura da JMJ doando tudo para Ele, para que possamos saborear mais a doçura da Sua amizade.
Núbia, Salvador (BA)
IMPREVISTOS NO CARNAVAL
Fazer a experiência de encontrar novas pessoas e estar perto daquelas que já conhecemos, é sempre muito renovador. Este ano, nosso encontro de carnaval reuniu mais de sessenta pessoas (a maioria jovens) e ficamos muito surpresos com essa quantidade porque a maioria decidiu fazer a inscrição poucos dias antes do encontro. O que parecia tranquilo no início foi ficando preocupante, pois não esperávamos tantas inscrições. Ainda assim, o desejo do encontro foi aumentando. A expectativa dos jovens nos impulsionava. Tudo foi um tremendo desafio: a reorganização de última hora em razão da quantidade de inscrições (o que antecipou a ida da Cláudia para organizar o local), a partida, a chegada ao Ariri. Logo de cara uma surpresa: não tinha luz. Passamos o resto do dia e a noite sem energia. Ao “acordarmos”, também já estávamos sem água nas torneiras, pois a caixa d'água havia esvaziado. Era como se tudo estivesse conspirando contra nós, mas olhando atentamente percebemos que tudo aquilo era um tremendo desafio ao nosso desejo de estar ali, à nossa liberdade de ficar ali. Enfim, mesmo com todos esses atropelos, tudo correu com muita compreensão e ajuda de todos, pois tínhamos que encher baldes de água no rio e levar para a casa, mas o que, de fato, chamava a atenção e ficou marcado, era a alegria no rosto daquelas pessoas. Experimentar tudo aquilo as fez, de certa forma, se sentir livres: a obediência aos avisos, aos horários, os momentos de leitura, a oração e os momentos de brincadeiras no rio, na chuva e até mesmo na lama, tudo isso nos fez sentir abraçados por Cristo que se manifesta mesmo nas circunstâncias mais imprevisíveis.
Edna Cristina, Macapá (AP)
QUESTIONAMENTOS E PROVOCAÇÕES
Depois de alguns questionamentos de alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual em que trabalho e da disponibilidade do diretor José Nildo, com o apoio e a participação efetiva do padre Carlos Henrique, começamos no último dia 8 de novembro a Escola de Comunidade com um grupo de colegiais. Esses questionamentos me provocaram, como professora, e fiz a proposta dos encontros que, imediatamente, foi aceita por eles, revelando e confirmando que todos temos sede do Infinito e o desejo de felicidade, isto é, o desejo de Deus. Durante os encontros que já fizemos, esses alunos mostraram o interesse de ficar com Aquele que é a consistência de nossas vidas. Alguns desses alunos dizem não ter religião e perguntam: “É legal ser católico?” Estando todos disponíveis e de coração aberto para irem, com liberdade, ao encontro de um Outro, vamos dar continuidade ao percurso desse caminho, sendo companhia para eles e fazendo deles nossas companhias.
Schirley, Teresópolis (RJ)
Credits /
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón