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Passos N.148, Maio 2013

RUBRICAS

A História

O BRUNCH DE DOMINGO

Dizem que no Tommy Molina’s se come o melhor brunch da cidade. As paredes brancas do local são cobertas com um labirinto de grafites deixados pelos clientes. No menu, Eggs Benedicts, Pancakes, Potato Scrambles...
É um domingo de novembro e Armando pediu a Jagar, seu colega curdo iraquiano, para acompanhá-lo no café da manhã. Ele é mexicano. É um cirurgião que veio aos Estados Unidos para fazer especialização. Os exames estão próximos. E o pensamento de voltar para seu país lhe dá um certo conforto. Jagar é a única pessoa com quem conseguiu fazer amizade. O resto, são horas na sala de cirurgia, stress, desilusões e discussões.

UMA GARÇONETE SE APROXIMA DA MESA. Armando levanta os olhos do menu. Olha o crachá em sua camisa. Está escrito “Emily”. “Rapazes, o que vocês desejam?”. Ela anota o pedido e sai. Mas quando volta para servi-los, pergunta o que eles fazem na vida. “E você, o que faz, Emily? Você trabalha aqui todos os dias?”. “Não, só nos finais de semana. Dou aula de religião em uma escola católica de ensino fundamental”. “E como é dar aulas para as crianças?”.
Emily conta, entre uma vinda e outra à mesa para servi-los. Os ovos fritos estão esfriando, mas Armando não se importa. Está impressionado com a paz que transparece nas palavras dela. Com a gentileza não formal. Com algo que ele percebe, que é possível vislumbrar. Sobretudo pelo fato de ele nunca ter se sentido tão em paz nos últimos meses. Os dois voltam para o brunch no domingo seguinte e no outro também. Voltam para encontrar Emily. Perguntam sobre ela: “Moro com algumas amigas, fazemos parte de um movimento, Comunhão e Libertação”.
Algumas noites depois, Armando conhece esse estranho grupo de amigos. Vê neles a mesma paz que percebeu na garçonete do Tommy Molina’s. É o início de uma amizade. Quando o convidam para a reunião, Armando arruma um horário em sua agenda e vai. Torna-se um compromisso fixo. Ali, pode falar sobre si, sobre as dificuldades do hospital, sobre o desejo de voltar a abraçar a família que já não vê há um ano e meio.

A OCASIÃO DE VOLTAR PARA CASA chegou exatamente nesses dias. O exame do curso de especialização foi marcado para quarta-feira da Semana Santa. Quando soube, Armando não pensou duas vezes: compraria as passagens e iria embora na quinta-feira. Finalmente vai rever seus pais. Só que na semana anterior à viagem, na Escola de Comunidade, foi dado um aviso: haveria uma Via Sacra.
Bastou apenas um instante. O tempo de dar-se conta, e fazer alguns telefonemas. Armando adiou a viagem. Os amigos olharam para ele, surpresos: “Você não estava com vontade de rever seus parentes?”. “Sim, mas nestes meses vocês se tornaram minha família”.

 
 

Credits / © Sociedade Litterae Communionis Av. Nª Sra de Copacabana 420, Sbl 208, Copacabana, Rio de Janeiro - RJ
© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón

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