O testemunho que nasce do simples fato de ser você mesmo. Um missionário em Novosibirsk (Rússia), um estudante em Nova York (EUA) e uma jovem trabalhadora em Atyrau (Cazaquistão). Três histórias falam da liberdade que nasce da experiência de ser amados. E da novidade que leva ao mundo
SIBÉRIA - A FONTE DE ALFREDO
“Tinha ouvido falar, mas eu nunca tinha ido. Fica na região da minha segunda paróquia e eu decidi ir exatamente naquele sábado”. Padre Alfredo Fecondo, missionário da Fraternidade San Carlo, está na Sibéria desde 1994. No ano passado, o Bispo de Novosibirsk pediu-lhe para também cuidar dos católicos de Berdsk, uma cidade a cinquenta quilômetros de sua casa. Uma paróquia um pouco triste, porque a igreja sofreu não um, mas dois incêndios nos últimos anos. “O lugar se chama Lojòk”, explica padre Alfredo: “Ali foi um dos campos de concentração mais violentos da história soviética. Fica ao lado de uma pedreira de calcário, onde os prisioneiros eram forçados a trabalhar. Entre o frio e a poeira que entrava em seus pulmões, a expectativa de vida não superava seis meses. Ali também foram presos muitos padres e freiras. E no lugar onde eles foram fuzilados e enterrados brotou uma fonte milagrosa. As pessoas do lugar a chamam de ‘Fonte Santa’”.
Lojòk está às margens de um lago fechado em uma coroa de arbustos. Acima da fonte, ao longo dos anos, a Igreja Ortodoxa construiu um pequeno templo de telhado azul encimado por uma pequena cúpula dourada. Os peregrinos vêm rezar e, com garrafas e garrafões, pegam água. Um pouco mais para dentro, ainda existe a fábrica de tijolos onde trabalhavam os prisioneiros e em cujo forno, dizem os testemunhos, eram queimados também os cadáveres.
“Naquela manhã, eu precisava ir a Moscou para a Assembleia dos Responsáveis de CL, mas fiquei em Novosibirsk por causa de um problema no joelho. Então, um após o outro, os amigos mais queridos me telefonaram: Dom Pezzi, padre Pino, Jean-François, o próprio Carrón... Estava cheio de gratidão e, não sei bem por que, tive a ideia de ir para Lojòk, ao lugar em que jorra a fonte. Quando cheguei, fiquei em oração por alguns minutos”. A mente de padre Alfredo se enche de pensamentos. Pensa nos mártires mortos naquele lugar, nas vozes dos amigos, na própria vida, na vocação: “Explodiu uma pergunta cheia de comoção: ‘Senhor, por que és tão misericordioso para comigo?’. Fiquei realmente provocado. Estava diante da presença de padres e freiras desconhecidos que antes de mim, e como eu, tinham dado suas vidas a Cristo. No entanto, pensando no afeto dos meus amigos, em mim dominava a sensação de um abraço. Não sei dizer de forma diferente. E, de verdade, me perguntava: por que és tão cheio de misericórdia exatamente para comigo?”. Enquanto conta, padre Alfredo comove-se de novo, e acrescenta: “E, na verdade, tratava-se de outra fonte. Como aquela diante da qual, para mim, tudo começou... “.
A ferida de Jacó. Padre Alfredo pensa em um dia de 1990. Naquela época, ele ensinava religião no VIII Colégio Científico de Milão. Era setembro, entre o final das provas de recuperação e o início das aulas, e ele estava passando alguns dias na casa dos pais em Pollutri, Abruzzo. A cidade fica em uma colina entre dois vales ao longo do qual correm dois riachos. “Um deles, eu sempre me perguntava de onde viria. No começo, pensei que vinha de Majella, depois descobri que não podia ser assim. Decidi caminhar por sua margem: depois de quase três horas de caminhada cheguei a um ponto em que percebi que a sua nascente devia estar escondida atrás de um arbusto. Fiquei maravilhado, e disse: ‘Encontrei a fonte misteriosa. Vou passar toda a minha vida aqui como um eremita’. Sou um pouco filósofo e um pouco poeta e as coisas me vêm assim. Porém, depois, eu pensei: ‘Mas qual é a fonte verdadeira da minha vida?’. Então, me veio em mente Dom Giussani e a amizade com ele. Assim, de volta a Milão, fui encontrá-lo para falar com ele sobre aquela fonte e sobre a verdadeira fonte. Quando eu lhe disse que queria entrar para o seminário, ele respondeu: ‘Nunca imaginei que a misericórdia de Deus fosse tão grande’. Ali foi o começo da minha vocação e eu vejo que a imagem da fonte me segue no decorrer dos anos, até aqui na Sibéria”.
Em Lojòk confluem muitas histórias: de martírio, de amizade e a história que está dentro da história de padre Alfredo. Mas por que nos comovemos tanto diante da percepção da misericórdia que Deus tem para conosco? Por que não a merecemos? Por que é inesperada? “Sim, nós não merecemos... mas há muito mais. Isso nos leva às perguntas últimas. Responder apressadamente talvez diminuiria a pergunta. Eu só sei que a carrego em mim, como a ferida de Jacó”. Padre Alfredo se cala. Reflete por um momento e depois recomeça: “Dom Giussani gostava muito de uma frase de João Paulo II: ‘A misericórdia tem um nome na história: Jesus’. Este ‘nome’ ecoa em um rosto, em um telefonema, em uma intenção especial com a qual pronunciam seu nome. E lhe revela, de repente, a profundidade insondável e infinita do ser d’Ele e do seu ser”.
Passaram-se alguns meses desde aquele sábado à tarde, mas o contragolpe permanece. Tanto que à pergunta “Como vai?”, padre Alfredo responde falando da fonte milagrosa. Mas, na vida cotidiana, o que muda? “Outro dia fui à universidade, em Akademgorodok, onde leciono um curso de história italiana. Tenho uma classe de oito alunos, mas estavam presentes apenas três. Minha primeira reação foi: “O quê? Apenas três?”. Como todos, recaí na minha medida. Então, eu me recuperei e disse a mim mesmo: “É tão grande a misericórdia que experimento, que espero que eles também possam experimentá-la”. É uma tensão que introduz uma certa impaciência. Mas é uma impaciência que vive da espera. A experiência de ser amado me torna livre. Não é que você sofre menos: você gostaria que os alunos estivessem todos ali, porque você tem algo grande e belo para lhes comunicar... Porém, se não acontece, tudo bem: isso não me deixa menos pleno dessa misericórdia transformadora”. Na paróquia perto da universidade um pequeno grupo de jovens começou a ficar perto dele. Não são muitos. Mas ele os olha maravilhado em ver como cresce a amizade entre eles. “Normalmente, eles se apegam pessoalmente a mim, enquanto que entre eles, nada acontece. Nos últimos meses, porém, vejo algo diferente entre eles. Está nascendo uma pequena...”. Não usa a palavra “comunidade”. Talvez ela esteja em sua boca ou, talvez, não ouse usá-la. “Aqui, tudo é pequeno. Uma pequena semente que vai crescer se Deus quiser”. Crescerá. Como surgirão as paredes da nova igreja da paróquia de Berdsk , aquela que queimou duas vezes e que, agora, o Bispo quer que padre Alfredo reconstrua. Sobre isso já tem ideias claras: “Vou buscar os tijolos em Lojòk, perto da fonte milagrosa”.
ESTADOS UNIDOS - “É EXATAMENTE PARA MIM?”
Nenhum problema, nenhuma hostilidade flagrante. Ao contrário, o mundo ao seu redor lhe parece inofensivo e no topo: Nova York, Columbia University. Com alto nível acadêmico e bom projeto de tese, o professor italiano Giacomo Nicolini chegou de Bolonha em março, para escrever uma tese em Engenharia sobre a gestão das emergências depois do furacão Sandy. Começa imediatamente os estudos e à noite volta para a International House com outros setecentos estudantes de todas as partes do mundo: a mesa das refeições e o banheiro são compartilhados, e em seu quarto de três por dois fica confinado somente durante a noite. Mas, não há problema, porque fora dali tudo é uma oportunidade. Viaja a mil por hora. É assim - rapidamente - que penetra nele um juízo forte, de forma alguma inofensivo: você é o que você faz. E ele, quase sem perceber, começa a calcular. “Às vezes, percebia certos raciocínios que fazia com os amigos ou critérios que usava pensando nas escolhas que me esperavam: o trabalho, o casamento, onde morar... Aquele juízo era o modo como eu olhava para mim mesmo”.
Em abril, a tontura começou. As físicas. Perturbam-no, mas Giacomo segue em frente. Sua namorada chega da Itália para encontrá-lo e presenteia-o encomendando uma missa gospel. Na igreja, ele desmaia. “Depois, vários exames mostraram que eu tinha labirintite. Nada grave, graças a Deus. Mas fiquei preso na cama por um mês”. Derrubado. No quarto apertado, noite e dia, não consegue fazer nada. Não consegue nem segurar um copo. “Sou alguém que nunca fica parado. Além disso, estava do outro lado do oceano, e vim para cá com um objetivo preciso, uma grande oportunidade... Dizia a mim mesmo: por que agora, por que aqui? Tudo está contra mim”. Quanto mais pensa, mais se convence de que não há nem momento nem lugar pior para acontecer isso com ele. “A verdadeira dificuldade não era suportar o mal estar. Rangendo os dentes eu podia suportá-lo, e eu resisti. É que não reconhecia isso como um chamado, mas como algo que tinha que passar para depois retomar a vida. Comecei a pedir que o Senhor me convertesse”. Os amigos começam a rezar com ele.
“Agora que você está melhor, quanto mais você andar, melhor”. Na última consulta, o médico foi prático. Giacomo decide sair para uma caminhada, sozinho. A namorada que cuidou dele durante três semanas, voltou para casa. “Era o primeiro dia em que estava só eu”. No pequeno parque em frente ao dormitório, anda devagar, um pouco vacilante, e olha em volta. De repente, “realmente de repente”, o véu cai: “Estou andando!”. Um instante. E toda a luta desaparece. “Experimentei outra vez que há Alguém que me ama. Eu suportava, enquanto Deus queria me dar a vida, fazer-me reconhecer que tudo me é dado. Fiquei comovido: mas a deu exatamente para mim? Essa labirintite, essa prova, mesmo tão pequena, Ele a pensou para mim? Chorei de alegria” . Giacomo a chama de um “dom conquistado”: “Porque a luta foi um pedido constante. Havia dentro uma fidelidade. Uma fidelidade ao Movimento permitindo-me ser acompanhado, mesmo à distância, pelos Exercícios da Fraternidade”.
A caminhada e Bart. Ecoam em seu coração as palavras de Carrón ao telefone: “Não importa a circunstância em que você se encontra, tudo é enfrentável. O importante é estar na postura certa”. E, ainda: “Por isso, precisamos da Igreja, de Cristo, não porque nos cura, mas porque nos recoloca na postura certa”.
Desde aquela caminhada, nada mudou na Universidade de Columbia. Mas ele já não estava mais separado de si mesmo. “O juízo era novo: sem reconhecer a presença de Jesus, eu não sei olhar para mim”. E ele aprendeu outra coisa: “Só sabendo olhar para mim, sei olhar para os outros. Mais: nasce em mim o desejo de olhá-los”. Quando chegou, ele tinha essa abertura. “Porém, depois, eu fiquei na moradia estudantil, ali onde fui colocado, e não saía mais. Comecei, então, a me sentar à mesa para jantar, a me envolver com quem estava lá, conversar, perguntar. Isso não teria sido possível sem me dar conta deste bem que transbordava em mim. Assim, aconteceram muitos encontros”.
O mais marcante foi com o Bart. Doutorando em Direito, da Universidade de Loviano, na Bélgica. Uma noite, num desses muitos jantares, sentaram-se à mesma mesa. Um a um, os outros saem, e ficam só os dois. “Uma humanidade belíssima, aquele rapaz. Cresceu uma conversa animada, leal, e o assunto era desde as coisas mais banais até as perguntas últimas”. Levantam-se e Bart o convida para tomar um copo de vinho. E continuam conversando durante horas, tudo em Inglês, gaguejando com entusiasmo. “Foi tão bonito que eu lhe trouxe O senso religioso”. Bart devora o livro em três dias, depois reaparece com ele na mão, todo marcado: “A coisa que mais me impressiona é a razoabilidade. Precisamos nos encontrar para tomar uma cerveja”. Encontram-se e ele bombardeia Giacomo com perguntas. “Ele me disse: Quero continuar lendo, porque é muito bonito”. Giacomo lhe dá o segundo livro e convida: “Venha aos nossos encontros, existe um lugar que vive dessas coisas”.
No avião. Bart começa a ir à Escola de Comunidade. Ouvindo falar sobre a experiência dos discípulos, falou: “No encontro com vocês, eu estou vivendo a mesma coisa”. Foram dois meses, depois voltou para a Bélgica. Giacomo, que voltou para a Itália, o convidou para o Meeting de Rímini e ele imediatamente disse sim: “Chegou como uma criança, com dois olhos arregalados. Ele queria ver tudo, e eu correndo atrás dele”. Uma amizade que o supera e ele não pode esquecer de onde veio. “Eu sou extrovertido, mas a abertura que eu experimentei não tem a ver com a personalidade. Não me comporto de uma certa maneira porque ‘sou assim’. Somente porque eu vivo toda a minha necessidade, sou eu mesmo até o fundo. Isso me faz portador de uma novidade”. Descobre-a refletida no rosto de Bart.
Um pouco antes, Giacomo tinha procurado para ele a comunidade de CL na Bélgica e deixou com um certo Mauro os contatos do amigo, para que eles se conhecessem. Mas o contato nunca aconteceu. No entanto, durante a viagem de avião da Bélgica para a Itália, Bart percebe que o homem que estava sentado ao seu lado está lendo O senso religioso.
“Você é de CL? “.
“E você é Bart?”.
CAZAQUISTÃO - A FLOR DO CÁSPIO
“Não é uma questão de palavras ou pensamentos. Eu existo. Basta”. Ela existe. E basta para que germine uma semente de vida, mesmo onde não se espera. Atyrau, no Cazaquistão, é uma cidade de 170 mil habitantes à beira do mar Cáspio. É uma área de petróleo e gás, com mesquitas elegantes mas pouco frequentadas, porque aqui o Islã abraça 7 entre 10 habitantes, mas não é tão decisivo na vida cotidiana. Mesmo a fé ortodoxa contava pouco na casa de Julia Mashina, que hoje tem 35 anos e trabalha em uma empresa petrolífera. Tinha acabado de começar a estudar Letras em Karaganda quando encontrou dois padres italianos, padre Edo Canetta e padre Adelio Dell'Oro. “Era 1996. O comunismo tinha entrado em colapso recentemente, mas entre nós ninguém ou quase ninguém praticava a religião. Apenas algum Pai Nosso e a festa da Páscoa, nada mais. Na prática, me sentia ateia. Não pertencia a nada”.
Aqueles dois, no entanto, pertenciam a alguma coisa. “Ficava impressionada com a forma como eles estavam conosco. Eram diferentes de todos os outros, cheios de vida. Ainda o são, mesmo tendo mais de sessenta anos”. Julia se junta àquele pequeno grupo diferente de católicos. Começa a ir à igreja. Recebe a Comunhão. Vive uma amizade “que é algo estável, algo que sempre está lá, como uma família”. A mesma que procura em Astana, para onde se muda depois de alguns anos, e em São Petersburgo, quando vai para a Rússia, para trabalhar como intérprete “e ali também consegui encontrar esses amigos que me lembravam sempre que a vida não é só o trabalho, que sou feita para algo mais”. Algo grande que passa por pequenos gestos: os encontros, as festas, a Escola de Comunidade, “a caritativa, que era limpar os salões onde nos encontrávamos... Nada de importante. Mas era uma presença”. Por quê? “Estar com eles era como estar na igreja durante a missa: era Deus presente para mim”.
A virada veio em fevereiro de 2006. Novo emprego, em Atyrau. Os amigos, de repente, estão a dois mil quilômetros. Ela está sozinha, em uma cidade que “ainda é pós-soviética, cinza, suja, e só agora está mudando. Nos primeiros meses, logo que cheguei, fiquei envolvida com o trabalho, com os novos colegas. Pensei que seria o suficiente. Na verdade, vivia como se fosse o suficiente”. Ela também parou de ir à igreja. “Eu não tinha necessidade. Não parecia, pelo menos”. “Como se”, “parecia”... O indício de que algo não andava bem, por dentro. “A vida, assim, não estava bem. Faltava alguma coisa. Não sei como explicar... a espinha dorsal. O centro onde chega e de onde parte tudo”. Uma falta feita de noites vazias, saídas com colegas que deixam a boca amarga, de relacionamentos “que realmente não me ajudavam. As pessoas se tornam céticas rapidamente. Em certas noites falávamos de tudo, sem limite: sexo, aventuras. Eu ria, mas pensava comigo: não me importo com isso. O que me interessa?”.
Loteria . Pouco a pouco, Julia voltou a procurar os outros amigos, aqueles de Karaganda (“voltava para casa a cada três meses e ia visitá-los”). Voltou a frequentar a missa (“havia um coro criado por uma professora de italiano”). Até que conheceu Nastya, uma amiga que começou a trabalhar com ela. “Ela é ortodoxa, não é de CL, mas sabia quem somos e o que é a Escola de Comunidade”. Para Julia, foi uma oportunidade para fazer o gesto mais simples: propôs a ela fazerem Escola de Comunidade. “Percebi que tudo estava ligado: igreja e Movimento. Lia o livro de Escola de Comunidade quase todos os dias e também pedia a Deus uma companhia. A amizade com Nastya foi como um ponto de luz”. Em que sentido? “Foi o primeiro passo para sair da tristeza”.
O segundo, chega com Nicola, um amigo que veio da Itália para Atyrau. “Padre Adelio havia lhe dado o meu número”. A Escola se expandiu para três. “Depois, convidamos meninas do coro. Algumas vieram”. Outros a conheceram organizando cursos de italiano “porque, aqui, muitos querem estudá-lo”; a ideia foi de Nicola (que depois de um tempo precisou voltar para a Itália), mas permitiu que Julia conhecesse garotas como Muldir, que estuda recursos hídricos, ou Anara, que estuda química. “Ambas muçulmanas, ambas fidelíssimas à Escola de Comunidade”. Por quê? “Anara uma vez me disse que na igreja cristã encontrou um Deus que participa da nossa vida, que nos faz conhecer pessoas e situações feitas especificamente para nós”. E os colegas, ao redor? “Olham para mim de outra maneira. Há um respeito, grande. Menos conversas inúteis”.
Façam as contas, e percebam que nas margens do Mar Cáspio floresceu uma presença. Minúscula, mas existe. Feita de cinco pessoas que se reúnem todas as semanas (“até no verão, porque estamos atrasados com o texto: Anara e Muldir não conseguem lê-lo em casa, por isso temos que fazer isso juntos...”) e, há alguns meses, aconteceu uma surpresa: o bispo chega. Exatamente padre Adelio Dell'Oro, enviado pelo Papa ao mesmo país onde tinha estado em missão antes. “Quando me disseram, parecia que eu tinha ganho na loteria. Pensei: agora tudo vai mudar. Vai ficar mais fácil, mais profundo. Mais, em suma”. E ficou? “Sim. Porque me sinto mais amada”. Mas, e você? Nestes anos, você mudou? “Quando eu digo ‘Cristo’ agora é algo mais concreto. Vejo isso pelo modo como comecei a apreciar também os maus momentos”. Como? “Grito mais. Não digo ‘salva-me dessas dores’, mas agradeço por tê-las recebido, pois assim eu me lembro mais Dele".
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