“‘Michel, a que horas você sai?”. "Daqui a uma hora... A não ser que aconteça algum imprevisto". O colega na porta do escritório da polícia ferroviária, olha em volta: "Hoje está tranquilo. Ontem, em três, perseguimos um garoto nos trilhos por causa de um furto". "Eu soube". Enquanto fala, Michel olha para a Baía de Nápoles impressa nas bolas brancas alinhadas na prateleira da loja de souvenirs. O colega começou um longo discurso sobre a administração municipal que não funciona ... "Desculpe- me, posso pedir uma informação?". Michel, quase aliviado, se vira: "Pode falar". A moça dá alguns passos: "Sou de Turim. Ficarei em Nápoles alguns dias a trabalho e gostaria de visitar a cidade. Fui aconselhada a ir ao Centro Administrativo, mas não sei como chegar lá".
Os policiais se olham e sorriem. O Centro em questão, são algumas torres de escritórios, na periferia. Nada especial. "Senhorita, fizeram uma brincadeira com você”. Depois ele sai e Michel fica sozinho com a moça. "Esqueça o Centro Administrativo. Se você quiser, indico alguns lugares que deve absolutamente ver. Primeiro, a Catedral. Na capela de San Gennaro ainda está exposto o relicário com o sangue do santo. Perto dali fica a igreja de São Caetano com a cripta. Não deixe de ir à San Lorenzo. Depois, vá à rua San Gregorio Armeno, com as lojas de presépios. Uma beleza! Depois, falando por ordem de caminho: a igreja de San Domenico Maggiore e a Capela de San Severo com o Cristo Velado. E, em seguida, a praça de Jesus...".
"Espere um pouco", ela o interrompe. E com um sorriso nos lábios, diz: "Você é católico. Estou errada?". "Sou. Por quê? Você não é?". Ela não esperava essa pergunta. "Sim, eu também sou. Mas não é que eu pratique... muito". Michel diz, de repente: "Que pena! Está perdendo o melhor". A moça diz, intrigada: "Desculpe, mas não entendo". O policial continua: "Por volta do meio-dia, na metade do caminho que eu sugeri, pare em uma pizzaria com mesas ao ar livre. Sente-se, faça seu pedido. Enquanto espera, aprecie as cores, as vozes. Quando a pizza chegar, a de Nápoles é especial, sinta o perfume, o aroma... Então, se levante e vá embora sem provar nenhum pedaço. Pois então, isso é perder o melhor do cristianismo. Não vivê-lo é como deixar aquela pizza no prato". Por alguns segundos ficam em silêncio e se ouve apenas a voz no alto-falante da estação. Depois, a moça sorri e diz: "Muito obrigada. Adeus".
Três dias depois, Michel está preenchendo relatórios. Seu colega se aproxima: "Sabe quem passou aqui ontem? A moça de Turim. Estava procurando você. Na verdade, olha ela aí". A moça acaba de entrar. Aproxima-se da escrivaninha. "Atrapalho? Podemos tomar um café?". No bar, conta: "Em breve volto para Turim. Queria me despedir de você e dizer que... em suma, não consegui esquecer o exemplo da pizza. Fiz o itinerário que você me sugeriu. Entrei na Catedral e... rezei. Não fazia isso há dez anos. Visitei as outras igrejas e vi as vielas e as pessoas com novos olhos. Obrigada".
Desta vez é Michel que fica sem palavras. Não pode deixá-la ir embora assim. Fala sobre si, sobre seu encontro com o Movimento. "Essa é a experiência do cristianismo que eu vivo. Eu a proponho a você. No próximo sábado, em Milão, haverá um encontro com padre Carrón. Você pode acompanhá-lo por videoconferência de Turim. Este é o site onde você pode encontrar os detalhes. Se puder, vá. Gostaria de falar com você outra vez". Em um pedaço de papel, rabisca o seu endereço de e-mail, o site de CL e o número do seu celular. Não tem mais tempo. A moça corre para pegar o trem.
No dia 5 de outubro, Michel recebe este e-mail: "Assisti ao encontro com o Carrón. Senti-me tocada por Deus".
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