O presidente da Fraternidade de CL conta sobre seu maravilhamento por ver homens mudados pelo anúncio cristão, “companheiros” no drama da vida
Visitar um presídio é sempre uma experiência que deixa uma marca. É perceptível, fisicamente, a falta de liberdade. “É verdade”, diz padre Carrón dez dias após o encontro que ele teve, no início de novembro do ano passado, com os detentos da penitenciária Due Palazzi, em Pádua, na Itália. “Por isso fico ainda mais marcado pelo que eles me disseram”.
O que o impressionou?
A comoção ao ouvi-los contar o que significa para eles o encontro feito. Francisco, que agora foi solto, voltou para dizer aos outros que é um filho predileto. Ou Marino, que explicou que a única coisa que vale é como ele foi olhado. E às vezes nós ficamos paralisados nas coisas concretas da vida. Mudou a essência do anúncio cristão, como repete Papa Francisco. É a mesma coisa que eu vi recentemente nas mulheres doentes de Aids acompanhadas pela Rose, em Kampala (Uganda), que não tomavam os remédios. Não tinham vontade de viver. Estavam se descuidando. Para nós é inconcebível. Até que se perceberam olhadas pela Rose. Naquele momento descobriram o valor da vida delas e que, portanto, valia a pena cuidar-se tomando os remédios. Quando você se encontra diante de fatos como esses, a maneira de olhar para a vida se transforma. Revelam o que um homem espera verdadeiramente.
A única maneira de ter paz, até dentro do mal cometido.
Nesse sentido, cumprir a pena nunca é suficiente. Você não pode reconstruir o que foi destruído. É preciso, como dizia Dom Giussani, algo além disso que se fez presente como misericórdia. Somente isso pode dar paz, mesmo em um lugar como o presídio. Não é um esforço seu, mas um Outro que se dobra.
Você disse para eles: “Somos companheiros de caminho”.
O drama da vida é o mesmo. Nisto somos companheiros. Podemos testemunhar mutuamente que não somos reduzidos aos fatores antecedentes ou ao que fizemos no passado. Não somos escravos do nosso mal porque existe sempre a possibilidade da pergunta de Jesus: “Tu me amas?”. Não a repreensão pelo mal cometido. A luta é entre deixar entrar aquele olhar bom ou nos tornarmos nós mesmos a medida.
É o milagre da mudança.
Ali visível. Como dizia Giussani, que exista algo assim já é um milagre. Mas quantas vezes Nicola, o diretor da cooperativa, e outros amigos terão tido a tentação de deixar tudo pela dificuldade de recomeçar, pelo desânimo dos presos que dizem: “Eu não mudarei nunca”. E, pelo contrário, a misericórdia de Deus dita o caminho. Os milagres são as estacas que fazem com que você a veja. Por isso precisamos delas.
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