“I’m going on an adventure!” É assim que Bilbo, personagem de J.R.R.Tolkien, se expressa quando sai correndo ao encontro dos anões que tanto o fascinam – “Estou indo para uma aventura!”. Esse mesmo desejo de beleza, de aventura, de felicidade fez com que saíssemos de São Paulo rumo a São Pedro, em busca de algo que havíamos percebido quando participamos da Jornada Mundial da Juventude. Nós que, como Bilbo, nos sentíamos acomodados, durante essa aventura em São Pedro nos vimos fascinados e desejosos de “ultrapassar os antigos hábitos e comodidades da vida” (Stefano Nembrini, “Uma Coragem de Hobbit”, Passos fev/2013). Fomos “invadidos pela sensação de algo desconhecido e atraente ao mesmo tempo” (Idem).
De 7 a 10 de janeiro estivemos na Fazenda Monjolinho com um grande desejo no coração. Éramos poucos, um grupo de vinte pessoas entre estudantes colegiais e professores, mas queríamos viver a liberdade de decidir seguir algo que nos interessava nas férias; essa era nossa aventura.
A primeira provocação feita foi apostarmos na companhia que nos faz perceber Deus fisicamente presente no mundo e que gera uma atração, que é Cristo. Diante disso não pudemos ficar indiferentes. Em seguida ouvimos um trecho do livro “O Hobbit” que, ao descrever a atração de Bilbo diante dos anões – “Enquanto cantavam, o hobbit sentiu vibrar em si o amor pelas belas coisas feitas com as próprias mãos, com habilidade e magia, um amor terrível e ciumento (...) e desejou ir ver as grandes montanhas, ouvir os pinheiros e as cascatas, explorar as grutas e empunhar a espada ao invés da bengala de passeio” (O Hobbit – J.R.R.Tolkien) –, nos fez desejar ser como ele e apostar na beleza da companhia.
Essa aventura de liberdade, que nos levava a aderir ao que era pedido, nos fez caminhar, buscar cachoeiras, mergulhar na piscina, correr para ganhar um sabonete, estourar balões, assistir a filmes, molhar e sujar os pés, cantar em volta da fogueira, tocar trompete e bombardino, ler textos, decifrar charadas, compor gritos de guerra e fazer fantasias numa tentativa de sermos como Gandalf, Hadagast, Gollum e Thorim.
Toda essa aventura teve seu ápice na última noite durante as apresentações, quando pudemos ouvir alguns breves testemunhos de nossos amigos que relataram suas experiências e nos introduziram a canções e textos, à beleza. Por exemplo, o trecho que uma das colegiais, Isabel, nos apresentou, dizia: “Instabilidade. Palavra forte, dominante. Em um instante se sente cheio e no seguinte vazio. Em um instante se sente confiante e no seguinte não sabe nem seu próprio nome. (...) Não sabe o que te domina, não sabe o que te guia, não sabe o que te faz. Porém, sabe o que te machuca”. Depois, em volta da fogueira e cantando, ficava claro que essa dor que Isabel descreveu tem sua resposta nessa aventura que estamos decididos a viver em companhia.
Ao encerrarmos nossos dias Ronaldo, um dos educadores, nos fez a provocação de julgarmos se valeu a pena apostar nesses dias de férias e de observarmos o que carregamos conosco desde então. Como para Bilbo, nós também continuamos a descobrir que fomos “convocados à mais extraordinária das aventuras, a ponto de nos tornarmos protagonistas da história” (Uma Coragem de Hobbit).
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