Não poderíamos tê-la imaginado, um ano atrás. Mas a sacudida provocada pelo gesto grande e profético de Bento XVI e que explodiu com o advento do papa Francisco está, de fato, mexendo com a Igreja e chegando ao coração de cada fiel. Desde que apareceu no balcão da basílica de São Pedro, o seu Pontificado tem sido uma sequência de gestos e palavras tão surpreendentes que despertam logo uma pergunta: o que o Papa está querendo nos indicar? O que pede que mudemos? Que tipo de conversão sugere ao nosso – ao meu – coração? A beleza desse tipo de pergunta é que não podemos empacotar uma resposta definitiva, uma vez por todas. E não só pela riqueza de conteúdos que o Pontífice oferece, mas justamente pela natureza da questão que coloca.
O Papa nos diz muitas coisas; é preciso atentar para todas as suas palavras. Mas em todas, sempre, ele insiste num ponto: aprofundar a relação pessoal com Cristo, a ligação com Ele e com a Sua companhia. “Convido cada cristão, em qualquer lugar e situação em que se encontre, a renovar, hoje mesmo, o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de deixar-se encontrar por Ele, de buscá-Lo todos os dias, sem descanso”, escreve na Evangelii Gaudium. “Não há motivo para alguém pensar que esse convite não é para si, porque ninguém está excluído da alegria trazida pelo Senhor”. É um chamado pessoal para uma vida, para uma relação viva. Tudo nasce daí, orienta-se a partir daí. E uma relação não se “define”: antes de tudo, vive-se.
Sem essa “personalização da fé”, como lembrava Julián Carrón num recente encontro com alguns responsáveis de CL, sem que a ligação com Cristo se torne experiência real e pessoal para cada um de nós, jamais poderemos verificar se, de fato, a fé “nos serve para viver”, se faz o homem e a sua consciência crescerem; consciência de si e da realidade. Numa palavra, se gera pessoas.
A pessoa parece nada, num mundo onde as praças fervem, como em Kiev ou em Caracas. Onde a guerra atiça fogos por todo lado, da Síria à África central. Ou onde a crise está desgastando, há tempo, o povo e as instituições. O que a fé apresenta a esse mundo? Que diferença introduz uma pessoa que vive do encontro com Jesus?
Nestas páginas, você encontra alguns indícios. É difícil não se surpreender com a história de crise e recuperação familiar que vai encontrar aqui, e que conta como pode ser um casamento, muito além de muitas teorias. Ou com o olhar que se introduz a certa altura em um dos protagonistas da luta (aliás vencida, pelo menor por hora) contra a eutanásia no Canadá, e que afasta a lógica do “muro contra muro”. Ou com os testemunhos que podem ser lidos nas cartas.
Pessoas. Parecem nada. Mas fazem história.
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© Fraternità di Comunione e Liberazione para os textos de Luigi Giussani e Julián Carrón